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Tempo de leitura: 6 minutos
Enquanto a gente estava sendo feliz no RD Summit, a internet estava virando de cabeça pra baixo. Elon Musk assumiu o Twitter, enquanto Zuckerberg assumiu a derrota, Casimiro assumiu a Copa do Mundo e o TikTok - bom, há tempos já assumiu a liderança na criação de conteúdo.
Mas quem assume o controle nesse novo momento da internet?
Um textão que conecta vários pontos, ajuda a entender o que tem acontecido, e daqueles que eu estava com saudades de escrever. Espero que gostem! :)
- Beatriz
(para falar comigo ou anunciar na Bits, responda esse e-mail ou escreva para beatriz@bitstobrands.com)
Dia após dia parece que nada muda, mas de repente você olha para trás e está tudo diferente.
Vale para a vida, e vale para a internet.
De 2019 para cá, a gente presenciou aos poucos a explosão do TikTok, a desaceleração da Meta, os movimentos estratégicos da Apple, a falta de estratégia do Twitter, a popularização das “lives”, a proliferação das comunidades e a mudança no mercado de influência.
Até que, no espaço de alguns dias, fomos surpreendidos pelas consequências e desdobramentos de tudo isso. Praticamente ao mesmo tempo. Quase como se “de repente”.
Essa edição começou como um comentário sobre o novo CEO do Twitter, mas logo isso se tornou apenas parte de uma história maior.
O Twitter está sob nova direção, sim. Mas se a gente olhar bem - talvez toda a internet esteja mudando de direção. Aos poucos, até que de uma só vez.
O primeiro sinal é a Copa do Casimiro. Um ícone que foi exaltado (e explicado) por essa newsletter em janeiro, na edição #153, quando já questionávamos a proporção que ele ganharia:
“Ame-o ou ache sem graça mas em 2022 será impossível ignorá-lo. Seja durante o BBB, seja durante a Copa do Mundo, seja num dia qualquer reagindo à mãe da Nina cortar frutas em formato de coração.”
Corta para novembro, e “Cazé” não se associou à uma grande emissora ou streaming para se fazer presente no maior evento do futebol. Ele virou a emissora. Numa parceria inédita com a Fifa, e num novo momento para a internet, em que um grande influenciador não cresce aqui para “ir” para outro lugar.
Ele cresce aqui e os grandes eventos vêm até ele, junto com as maiores marcas do Brasil, porque é onde as pessoas querem estar.
Enquanto a gente não entende o que é “blockchain”, o futuro da informação descentralizada já está acontecendo e é reconhecível por todo mundo na frase “tá falando da elite”.
O segundo sinal dos “novos tempos” é o começo do fim da hegemonia da Meta. Entre ações derretendo, uma demissão em massa, o metaverso que teima em não deslanchar (falamos um pouco disso na edição #155) e a ofensiva das políticas de privacidade da Apple, fica difícil nomear um culpado.
Mas o fato é que o comportamento das pessoas mudou, a estratégia das marcas mudou e o destino dos investimentos em mídia está mudando. E nenhuma dessas grandes mudanças aponta para o metaverso.
Elas apontam para o TikTok.
O que nos traz ao terceiro sinal.
Em seu último artigo, Scott Galloway explica e ilustra em gráficos a ameaça que o TikTok tem representado para o “status quo” da mídia online e, claro, para a liderança confortável de Google e Facebook.
“No último quarter, o TikTok foi o aplicativo mais baixado na App Store. A receita global de anúncios do TikTok vai triplicar esse ano - chegando a 12 bilhões de dólares, o que supera a receita de Twitter e Snap juntos. A ByteDance foi avaliada recentemente em 300 bilhões de dólares. O que é quase equivalente à Meta, Snap e Twitter juntos.”
O TikTok representa, também, uma nova lógica de criação e consumo de conteúdo que aos poucos tem afetado todas as outras plataformas: a predominância do “conteúdo sugerido”, determinado por algoritmos com base em engajamento, sobre o conteúdo de quem você segue.
Na “tiktok-zação” da internet, é normal acompanhar, compartilhar e reconhecer pessoas completamente aleatórias, a partir de trends e formatos que engajam.
Tem celebridades com centenas de milhões de seguidores que fazem menos parte da sua rotina do que os vídeos de Top 5 de Juvi.
Cada vez mais, ser alguém na internet não é mais sobre ter pessoas seguindo, e sim curtindo e compartilhando o conteúdo.
Por último e não menos importante, o acontecimento que nos trouxe à edição de hoje.
Um sinal em forma de chacoalhão em uma das maiores redes sociais do mundo, que começou com um bilionário carregando uma pia para dentro do escritório e ninguém sabe onde vai parar.
Desde que Elon Musk assumiu como CEO do Twitter, está tudo fora do lugar.
Tipo a relação com os colaboradores, depois de uma demissão em massa (por e-mail). E a relação com anunciantes, depois de muitas marcas abandonarem o Twitter em meio à incerteza.
Sem esquecer da relação com os usuários, em meio a notícias de que nunca usou-se tanto o Twitter, mas ninguém sabe exatamente como vai continuar interagindo ali com diversas novidades aparecendo todos os dias.
Entre elas, o Twitter Blue, a assinatura que vai render um “selinho azul” de verificado para todo mundo que pagar - e tem rendido novos memes todos os dias.
A grande notícia dos últimos dias é que o Twitter está sob nova direção - como não poderia deixar de ser. Um dos homens mais ricos e controversos do mundo no controle de uma das maiores plataformas do mundo.
Mas, se a gente parar para olhar, não é só isso.
Entre o takeover do Twitter, a forte baixa e o layoff da Meta, a “Tiktok-zação” definitiva do conteúdo e dos anúncios e a inédita e sensacional “Copa do Casimiro”, tudo praticamente em uma semana, as coisas estão muito diferentes de dois anos atrás.
Talvez as redes sociais como estávamos acostumados estejam numa mudança importante de controle.
O que determina engajamento e sucesso.
Quem está no controle do conteúdo.
O que significa influência.
Para onde está indo o dinheiro dos anunciantes.
Tudo isso, sob nova direção.
⭐ Momento de Inspiração
Mais uma marca de luxo chega ao mundo dos jogos. Dessa vez foi a estampa xadrez icônica da Burberry que ganhou um espaço no Minecraft, conectado às lojas e com peças virtuais disponíveis no mundo real - ou vice-versa? Detalhes do case aqui.
Troca de abas
“Não existe estratégia de marca sem uma previsão”. “Marcas que preveem o futuro são aquelas que constroem o futuro”. E eu poderia citar esse artigo inteiro. Daqueles que todo estrategista deveria ler.
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A história de um viciado em apostas. Só em 2020, foram mais de 12 bilhões de reais movimentados pela indústria de apostas no Brasil. A rápida proliferação e a normalização desses sites abre margem para todo tipo de efeito colateral. O mais perigoso é o impacto do vício na vida das pessoas.
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O próximo passo das marcas é a curadoria. Em tempos de “fadiga de decisão” e tanta velocidade de mudanças, talvez o melhor que uma marca tem a fazer é oferecer uma coisa (ao invés de centenas de coisas), que era exatamente o que estávamos buscando.
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A incrível capacidade do TikTok de “desenterrar” e viralizar músicas, ilustrada:
💌 newsletter club
Eu gosto muito de newsletters que fogem do convencional. Que usam a caixa de entrada como espaço para compartilhar coisas diversas, que permitem que você receba conteúdo sobre o que gosta por gostar, e não por profissão.
No último RD Summit, descobri essa newsletter sobre música. Tem review de álbuns, curadoria de lançamentos e até uma playlist toda semana. Teve uma edição recente sobre Midnights, da Taylor Swift, e me disseram que tem inspiração na Bits. Só vejo razões para recomendar :)
👩🏻💻 Dica da Bia
Atlas of the Heart
A dica para o fim de semana é a série da Brené Brown, baseada no seu último livro, que chegou ao HBO Max recentemente.
Sob o título “Atlas do Coração”, ela mapeia as principais emoções que habitam nosso dia a dia, ilustra, define e debate cada uma delas com uma pequena audiência.
Sou suspeita pois tudo que essa mulher faz me interessa e me transforma de alguma forma. Vale assistir! :)
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
📚 se você está em busca da próxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicações de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.
Beatriz, sua linda 🥺💙 fiquei muito feliz por você ter indicado SOMZIN nesta edição da Bits! Você sempre foi uma inspiração desde que a primeira ideia de lançar uma newsletter surgiu. Obrigado por isso 💙✨