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#208 | Consistência de marca
#209 | O mundo é da Barbie
Tempo de leitura: 6 minutos
Eu já tinha um tema pra edição de hoje (ele é bem legal e vai ficar guardado). Mas aí a Volkswagen trouxe à tona um assunto que está há tempos esperando pra aparecer por aqui… A news já estava quase pronta, e aí a Meta abriu as portas do Threads, seu concorrente do Twitter. O mundo claramente não está nem aí para o meu planejamento de conteúdo. Nos resta falar sobre isso.
- Beatriz
(para falar comigo, anunciar na Bits ou contratar uma palestra, responda esse e-mail ou escreva para beatriz@bitstobrands.com)
Você pode dar play aqui e ouvir esta edição, ou seguir adiante e ler o texto. Sempre quis testar essa feature, e achei que o desabafo de hoje merecia entonação. :)
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A ppk da Claudia pode ou não pode, o submarino foi de arrasta pra baixo, as DMs do Neymar foram espalhadas por aí, a semana de moda rolando em Paris, a fila infinita de Swifties, a contagem regressiva pro filme da Barbie, a repetição do termo “inelegível”, Elon Musk e Mark Zuckerberg marcando de trocar socos, a imagem da Elis Regina pra cantar com a filha e vender carro, porém o nazismo e a ditadura militar e a publicidade (sempre ela), a nova temporada de Casamento às Cegas, a última atualização do ChatGPT, a menina das palavras difíceis agora é apresentadora, as meninas da Seleção Brasileira já chegaram na Austrália, uma nova rede social que é tipo o Twitter, com energia de Clubhouse e os seus contatos do Instagram e já custa R$ 29,99 o curso pra aprender a multiplicar seus resultados por lá…
Para.
Respira.
Calma.
Concentra.
Larga o celular um pouco.
Nas últimas semanas, parece que alguém apertou o botão “avançar” na internet. As pautas surgem, dominam as redes sociais e vão embora em questão de 24 horas (ou menos!).
Esta newsletter estava quase pronta e ia se chamar “A vida, a morte e a tecnologia”, porque o assunto da semana era a campanha da Volkswagen com a Maria Rita e a polêmica aparição de Elis Regina powered by inteligência artificial.
Seria um bom incentivo para continuar uma conversa importante, sobre as diferentes formas com que a tecnologia vem prolongando a presença de pessoas que já se foram, e o que isso significa para quem fica.
É papel da Bits conectar pautas “quentes” com questões atemporais, para gerar inspiração e reflexão. E, conforme prometido na edição #200:
Na consistência cotidiana que rege as nossas vidas e no infinito de novidades na internet a todo segundo, a gente se encontra exatamente entre o que muda e o que permanece.
Mas, nos últimos tempos, tudo muda de um dia pro outro.
Segunda-feira só se falava em Elis, Belchior e Kombi, e quinta-feira a nova rede social, Threads, chegou atropelando todas as pautas e declarando irrelevante e “fora do timing” qualquer conteúdo que não estivesse ligado a ela.
Se a sua análise sobre a campanha da Volkswagen precisou de três dias para ser desenvolvida - esquece. A internet já está em outra.
Ou pensa, elabora, escreve e posta em 24h, ou embarca no próximo trem. Quem aguenta?
Nesse contexto, como diferenciar uma tendência de um viral, uma pauta relevante de uma série de análises caça-like, uma questão real de um surto coletivo virtual?
Como criar conteúdo, construir marca, bater metas de vendas, gerar leads, se conectar com as pessoas?
Como dar conta de uma newsletter semanal com tantas pautas por semana?
Como dar conta, ponto?
Entre qual hype é mais hype, ou menos hype, ou mais compartilhável, ou mais relevante, hoje eu escolho nenhum.
Por hoje, eu me apego ao que diferencia este espaço de todos os outros na internet: aqui não precisa ter pressa. Aqui eu escrevo e você recebe, seja qual for o tema ou o título. (Podem avisar para o Musk e o Zuckerberg que a caixa de entrada segue insuperável.)
Se no mundo não existisse algoritmo, alcance, engajamento, sobre o que você escreveria? O que você gostaria de ler?
Eu, nesta semana, gostaria de alguém pra me lembrar que há campanhas que passamos o dia inteiro discutindo sob todos os pontos de vista possíveis, mas que no mundo real são só um vídeo que fez uma filha chorar lembrando da sua mãe.
Que tem muito conteúdo criado exclusivamente pra surfar uma determinada onda e reforçar uma suposta superioridade intelectual disfarçado de “análise”.
Que, aliás, nem tudo precisa ser analisado, porque às vezes ninguém fora da nossa bolha está falando sobre aquilo. E que se for realmente pra falar sobre, a gente pode falar hoje, ou amanhã, ou semana que vem.
Que uma nova rede social é sempre um grande primeiro dia de aula, mas é preciso muito mais do que 24h pra entender o que tem pra fazer ali além de dizer “o que tem pra fazer aqui?”.
Que talvez “quem chega primeiro bebe água limpa” seja uma filosofia válida para a sobreviência na selva, mas que na internet a correria pra chegar primeiro pode não passar de horas perdidas e papo de vendedor (Clubhouse, é você?).
Hoje eu só queria lembrar que há de haver tempo para tudo. Ou, pelo menos, tempo para o que importa.
E que, muitas vezes, o que importa está longe das telas, das redes sociais, das análises, dos likes, dos infoprodutos.
O que importa dura mais do que 24h.
⭐ Momento de Inspiração
Os fãs da cantora Ludmilla bateram recorde de doação de sangue no Rio de Janeiro, já que uma doação dá direito a um ingresso para o Numanice. A gente fala tanto sobre influência consciente, comunidade e o poder dos fandoms, mas é importante observar como isso acontece no mundo real.
Troca de abas
A tal “Threads”. A melhor maneira de entender a nova rede social da Meta que está tirando o sono de Elon Musk é passando um tempo por lá. À primeira vista vai parecer o Twitter, mas sem a liberdade de ser anônimo ou de falar com estranhos. A vibe, por enquanto, lembra mais os primeiros dias de Clubhouse. Tire suas próprias conclusões. (Eu estou por lá no user @ beatrizguarezi)
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“A marca das cores”. Em uma ação que resgata as suas raízes italianas, a Fiat se comprometeu a não produzir mais carros cinza. Este post no LinkedIn analisa os principais pontos dessa decisão de marca.
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O novo relatório do YouTube, Culture & Trends, fala sobre cultura pop, creators, fandoms, inteligência artificial e outros trending topics do momento. Com dados.
O Nubank relançou o clássico Jogo da Vida, em parceria com a Estrela. Ele é composto de situações financeiras cotidianas, e também de produtos do Nubank. Fico pensando o que está escrito nas cartinhas de revés… Dá pra comprar aqui pelo site.
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Esse vídeo de um show do Tiago Iorc é uma representação perfeita do novo ao vivo, assim como a tirinha do New Yorker:
Vai ser impossível você ouvir essa conversa sem concordar em algum momento. Tem muita coisa que a gente não aguenta mais no mundo corporativo - do jeito que esperam que a gente se vista, a todo um vocabulário que só faz sentido na sala de reunião. Eu e as Donas da P* Toda falamos sobre isso num episódio do podcast:
💌 newsletter club
Gosto de curadorias bem direcionadas e projetos de conteúdo que exploram intersecções. Esse existe no encontro de marcas e games - um cada vez mais relevante. Conheça a Game of Brands:
👩🏻💻 Dica da Bia
Para um tempo longe da internet,
Recomendo a nova série da Apple TV+, Platonic.
Com Seth Rogen e Rose Byrne, é uma comédia romântica sobre uma grande amizade. Ou uma grande amizade romantizada. Sem deixar de ser engraçada (por vezes até caricata) e inteligente.
A review da Slate resume perfeitamente:
”A série entende que, tanto na arte quanto na vida, uma das maiores alegrias que o mundo pode oferecer é passar tempo com alguém que te entende de verdade, dividindo a batata frita, as piadas internas e as histórias da sua vida - frequentemente chata, e ocasionalmente mágica”.
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo, escritora de e-mails e TEDx Speaker.
📚 se você está em busca da próxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicações de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.
Não sou uma leitora presente nos comentários, mas apareci pois essa, sem dúvidas, já virou uma das minhas edições favoritas da Bits. É difícil ver alguém no mercado, especialmente em marketing, ser tão honesto sobre o cansaço que essas 395 mil pautas por dia proporcionam. “Eu, nesta semana, gostaria de alguém pra me lembrar que há campanhas que passamos o dia inteiro discutindo sob todos os pontos de vista possíveis, mas que no mundo real são só um vídeo que fez uma filha chorar lembrando da sua mãe.” É isso, sabe. Pegar a lupa e analisar e criticar cada coisinha, cada detalhezinho do “hot topic” das últimas 24h parece ter virado obrigação, quando na vida real aquilo pode ser algo tão simples. Também tenho me sentido assim nos últimos meses.
Obrigada por isso ❤️
obrigada pelo respiro no meio dessa semana caoticaaaaa! a sensação de não dar conta de tudo esta se tornando uma grande chatice! ufa! por mais momentos assim!