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Bits to Brands #195 | 💡 O novo "ao vivo"

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Bits to Brands #195 | 💡 O novo "ao vivo"

Viver momentos incríveis através da tela do celular é vivê-los de fato?

Beatriz Guarezi
Feb 9
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Bits to Brands #195 | 💡 O novo "ao vivo"

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#193 | Falar (nem sempre) é fácil
#194 | A expectativa, a realidade e as marcas
Tempo de leitura: 5 minutos
A newsletter de hoje estava quase pronta. O tema era outro. Mas o registro do recorde do LeBron James foi arrebatador por aqui. Que reflexo dos nossos tempos. Bem explicado, também, por um artigo que li recentemente sobre a “cultura dos shows”. E agora conectados.
Uma boa reflexão sobre internet, tecnologia, cultura e comportamento, pra quem gosta. Aproveite com um café :)
- Beatriz
(para falar comigo ou anunciar na Bits, responda esse e-mail ou escreva para beatriz@bitstobrands.com)

Uma das minhas Bits favoritas até hoje questionava o efeito do Instagram sobre as viagens - edição 73, em janeiro de 2020.

Viajar não pelo destino, mas pelas fotos. Não pelo desejo de explorar, mas para ir onde todo mundo está indo:

“A gente chega nos lugares esperando vê-los como em um post de Instagram, e não vivenciá-los como eles são de fato. Aliás, a gente chega nos mesmos lugares, porque viajar tem se tornado menos sobre nossos desejos e personalidades, e mais sobre mostrar que estamos ali.”

Três anos depois, voltamos a refletir sobre o impacto da internet em experiências no mundo real.

Dessa vez, em outro formato, outras plataformas e outro tipo de momento. Ilustrados magistralmente pela imagem abaixo:

Uma foto do momento em que LeBron James se tornou o maior pontuador de todos os tempos da NBA. Todos os presentes, ao fundo, seguram seus celulares, exceto por um senhor na primeira fila - Phil Knight, cofundador e ex-CEO da Nike.

E explicados por um artigo do Mashable chamado “você não está ficando velho, os shows estão estranhos”, do qual destaca-se o trecho:

“A troca de likes por vídeos ‘exclusivos’ é indicativo da evolução da cultura dos shows como um todo - uma em que a experiência individual e o conteúdo é maior do que qualquer outra coisa. O ambiente digital deixa pouco espaço para surpresas, mas incentiva que as pessoas vivam momentos únicos” .

Substitua “shows” por “experiências ao vivo”, olhe novamente para a foto do LeBron James e temos os ingredientes do novo “ao vivo”.

Um que existe sob a premissa de viver momentos especiais, potencialmente históricos, mas que na prática os vive através de telas.

Em que registrar é parte essencial de vivenciar. Ou até maior.

Se o que revolucionou as viagens foram as fotos, os filtros e o “instagramável”, os novos hábitos nos eventos ao vivo foram acelerados pelos vídeos e as plataformas feitas para editar, compartilhar e recompensar esse formato com likes e interações.

Mas não só. Instagram e TikTok têm sua parcela de culpa, mas foi a Apple quem colocou uma câmera profissional no bolso das pessoas. E é natural querer registrar momentos especiais.

Isso, somado ao aumento da conectividade, faz com que uma plateia inteira esteja mais preocupada em criar conteúdo do que compartilhar um momento.

“Ao invés de se concentrar nas sensações de estar em um evento e processá-las depois, as pessoas estão preocupadas em registrar sua experiência, revivê-la nas telas dos seus celulares e aí espalhar pelo Twitter e pelo TikTok. (…)

Ao invés de fazer sua própria reflexão, elas deixam que a seção de comentários determine o quão icônico foi o momento que acabaram de viver - através da tela do seu celular.” - Mashable

Nesse contexto, a presença torna-se tão atrativa quanto cada vez mais relativa.

Atrativa porque, entre o FOMO e a nostalgia, não falta motivação para centenas de milhares de pessoas lotarem estádios. Seja qual for o artista, estilo musical ou geração.

A gente não se contenta em ver somente através das telas ou registros alheios. É preciso fazer parte e fazer parecido.

Mas a presença é também relativa pois, em um estádio lotado, quantos de fato estavam lá por inteiro?

E o quanto o celular, como atual extensão do nosso corpo e de todas as nossas experiências, é parte indissociável de estar em qualquer lugar e viver qualquer coisa?

Talvez o problema seja o excesso.

Porque apesar da tecnologia ser um caminho sem volta, a experiência ao vivo permanece essencialmente humana.

Plateia ou torcida são conceitos que explicam um grupo de pessoas vivenciando algo em comum.

Fazer parte disso é sobre estar na presença daquele atleta ou daquele artista, ao invés de acessá-lo por uma tela.

É ver de longe, talvez só por um telão e olhe lá, mas ter na presença compartilhada alegria suficiente para enfrentar todas as filas - da compra do ingresso à compra da cerveja.

Presença que é compartilhada com um ídolo, mas também compartilhada com outras milhares de pessoas que vivenciam, juntas, a expectativa e o êxtase.

O sentir de diferentes formas, embalados pelo mesmo ritmo.

O cantar em voz alta junto com um completo desconhecido.

O choque e a comemoração de um momento muito esperado.

A energia que é única, insubstituível e necessariamente humana.

O novo “ao vivo”, porém, é feito de registros cada vez mais parecidos e artificiais.

Um comportamento que movimenta os fandoms, as bilheterias e as “For You Page”, mas será que não atrapalha a experiência real?

Se todo mundo quer filmar os aplausos, quantos sobram com as mãos livres para aplaudir de fato?

LeBron James breaks NBA record: Image goes viral showing fans on their  phones

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⭐ Momento de Inspiração

A última campanha da Disney Brasil, Vozes da Diversidade, conta história de pessoas que encontraram identificação, conforto e empoderamento em personagens da Disney. A Manu, por exemplo, gosta mais de usar seus óculos depois de conhecer a Mirabel. 🥲🥲🥲🥲🥲🥲


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Troca de abas

O museu do celular. Mencionado na última edição, mas faltou o link. Agora está aqui, para se deixar levar pela nostalgia. Eu tive um igualzinho a esse e me achava muito Gossip Girl:

cellphonemuseum
A post shared by Cellphone Museum (@cellphonemuseum)

Influência ao contrário. Depois de anos indicando o que comprar, a nova moda no TikTok é indicar o que não comprar. O nome disso é "des-influência”.

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A nova infância. Uma em que 44% das crianças até 12 anos já tem seu próprio celular, e passam quase 4 horas por dia conectadas. Essa é a chamada Geração Alpha.

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Escreva como um humano. Em tempos de robôs escritores, essa dicas são simples e cada vez mais valiosas.

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A internet às vezes sabe ser um lugar muito legal. Como nessa thread aqui:

Twitter avatar for @joaotweep
João Pinheiro @joaotweep
Querem uma história sobre coincidências da vida?🧵Pois bem, mês passado estive a trabalho em São Francisco, EUA, e na última noite, eu e meus colegas, decidimos ALEATORIAMENTE ir num restaurante próximo ao hotel - em tese só passaríamos na frente pra ver se rolava mesmo…
7:52 PM ∙ Feb 3, 2023
48,455Likes3,951Retweets

The Last of Us e a guerra do streaming. Bela análise sobre estratégia de mercado, a vitória da Sony e o novo papel dos games no entretenimento. “Achar histórias mundialmente conhecidas e que possam render extensões e novos produtos é cada vez mais difícil. Mas a indústria de games está cheia delas.”

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De volta às origens. A Burberry passou por um novo rebranding, abandonando o visual minimalista que tantas marcas de luxo adotaram e voltando a uma estética mais rebuscada e clássica. Será que a moda pega?


💌 newsletter club

Uma festa do pijama por e-mail toda semana. Tento achar uma forma mais “séria” de descrever essa newsletter sempre que a recomendo, mas nem deveria. Porque em meio a tanto conteúdo “profissional”, essa news é um respiro no meio da semana.

A Girls Night In toda sexta-feira traz uma boa conversa e ótimos links. Assine aqui.


👩🏻‍💻 Dica da Bia

Criatividade humana

É impossível entrar no LinkedIn sem sair de lá achando que as máquinas vão nos substituir, ficção científica-style.

Estamos todos igualmente apavorados e encantados com o ChatGPT, e as análises sobre o seu potencial impacto são inúmeras. Mas algumas talvez exageradas?

Ontem li a seguinte frase na linha do tempo: “você pode pedir ideias para a IA”.

Mas ué. Porque pedir para a IA escrever um rascunho, organizar um pensamento, responder uma pergunta… Tudo bem. Agora ideias não são uma capacidade de conectar diferentes pontos a partir da sua própria experiência - essencialmente humana?

Aí lembrei desse TED. Que é um ótimo ingrediente para essa discussão, e uma boa maneira de passar 9 minutos.


obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)

👩🏻‍💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo, escritora de e-mails e TEDx Speaker.

📚 se você está em busca da próxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicações de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.

📩 essa é uma newsletter semanal sobre tendências de tecnologia e comportamento para marcas. se você aproveitou essa edição e ainda não assina, receba por e-mail:

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5 Comments
Erica Ferreira
Writes Branding About It
Feb 9

Essa news foi simplesmente uma imersão necessária sobre como estamos vivendo e sobre como queremos viver daqui pra frente. E o vídeo do TED foi o arremate perfeito de emoção e reflexão. :)

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Éllen Cristina do Nascimento
Feb 11

Que newsletter incrível! Realmente fiquei encantada com cada palavra que escreveu. O mais incrível foi ler algo que estava na minha cabeça a tanto tempo mas não conseguia expressar. Você é genial, tão talentosa. Parabéns!

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