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Tempo de leitura: 7 minutos
Você já deve ter visto alguém questionar “quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez”. Numa tentativa de te impulsionar para algo novo, de valorizar o diferente, de estimular começos.
O que é ótimo! Todo mundo que a gente admira hoje começou em algum momento (provavelmente muito antes do que imaginamos). Mas, numa internet em que tanta gente prega o começar e o “move fast and break things”, é cada vez mais importante a gente celebrar o seguir.
Quando foi a última vez que você fez algo duas vezes?
Dez vezes?
Cem vezes?
Cento e cinquenta vezes?
A principal diferença entre o começar e o continuar, é que no começar mora a coragem e no continuar moram as lições.
A única garantia que existe ao fazermos algo repetidas vezes é o aprendizado - o resto é promessa de guru de marketing.
A boa notícia é que é no aprendizado que mora a evolução. É evoluindo que a gente ensina, inspira e troca verdadeiramente. E é desse processo que vem o valor, muitas vezes até financeiro, dos espaços que a gente cria na internet.
Ao completar 150 edições da Bits to Brands, tenho muito orgulho, infinita gratidão e alguns aprendizados. Compartilho aqui as dez principais, na esperança de que possam fazer diferença para quem está na busca diária de seguir em frente.
1. O jeito certo é o seu jeito.
Quando você começa um projeto, não faltam opiniões. A pressão por fazer mais, melhor e diferente do que você tem feito vem de todos os lados.
Mas o seu projeto é mais sobre como você prefere se comunicar e interagir, do que qualquer tendência. Tem espaço pra texto, tem espaço pra vídeo, tem espaço na internet pra todo mundo. Quanto mais genuíno e original for o conteúdo, maior a chance dele se destacar.
2. Compartilhe sem medo.
A Bits sempre foi sobre intersecções - marca, tecnologia, comportamento, entretenimento, sociedade.. Esse espaço foi criado pra provar que tudo isso tem tudo a ver.
Isso nos levou a atrair gente de todo tipo. E uma das consequências foi um certo receio por trás de cada tema escolhido, de desinteressar parte da audiência. A cada semana, é preciso deixá-lo de lado e confiar também em instinto ao montar as edições.
3. Tem muito mais gente legal do que chata na internet.
Ao expor suas ideias na internet, ninguém está imune a críticas, haters, "exposed parties" e afins. Fadas sensatas que nunca erram só existem nos memes, porque no mundo real as pessoas não têm medo de apontar defeitos.
Mas algo que eu descobri é que tem gente legal disposta a trocar de verdade. Dá medo, sim, ser você na internet. Mas a cada um que se aproxima pra somar, ele diminui um pouco.
4. A jornada >>>>>>>>>>>>> o destino final.
Metas são muito importantes. Mas a motivação de verdade mora nas pequenas coisas.
Grandes marcos, números e visiblidade valem muito, mas para manter um projeto no longo prazo, com consistência, é preciso encontrar contentamento no dia a dia, no processo.
Cada comentário de "o seu conteúdo me ajuda muito" ou "li este livro porque você indicou e adorei" precisa ter tanto valor quanto a validação de uma plateia de milhares de pessoas.
5. A atenção das pessoas é um presente.
Quando o assunto é conteúdo, o custo de oportunidade fica cada vez mais alto. Sempre vai existir muito mais conteúdo que a gente gostaria de consumir, do que tempo e dedicação suficiente para assistir, ler, ouvir e acompanhar tudo.
Quem está aqui, lendo essas palavras agora, poderia estar fazendo diversas outras coisas. Com isso, vem a imensa responsabilidade de fazer com que você termine sentindo que entende um pouco melhor o mundo, do que entendia quando abriu este e-mail.
6. O seu “6” é mais importante que o “7” dos outros.
6 em 7 é sobre faturar seis dígitos de receita em sete dias. Mas manter um projeto no longo prazo precisa ser sobre resultados e processos sustentáveis, e não sobre correr no mesmo ritmo que os outros.
É preciso encontrar as métricas que vão te fazer feliz e dar significado ao seu trabalho, por mais que elas demandem mais tempo ou mais paciência. O clássico materno “você não é todo mundo” ganha todo um novo significado quando você quer construir uma comunidade e viver do seu conteúdo.
7. Os pratinhos derrubados são parte do processo.
É impossível ser constante e consistente o tempo inteiro. Quanto mais cedo você aceitar isso, mais preparado vai estar para a jornada de manter uma criação viva, seja ela qual for.
Porque nem sempre a gente tem a energia, ou a inspiração, ou o descanso, ou as condições que precisa para oferecer o nosso melhor para os outros. E tá tudo bem.
Os momentos de pausa são parte essencial da continuidade, e não uma interrupção dela.
[ Quer um segredo? A Bits completa 150 edições hoje, mas desde a primeira edição se passaram 180 semanas. Foram 30 as semanas em que eu estava doente, ou de férias, ou cansada, ou precisando de um tempo. E estamos aqui até hoje. :) ]
8. Cada número é alguém.
Eu tenho certeza que você já olhou para a quantidade de seguidores ou assinantes que tem e achou que era pouco. Sejam eles cem, mil ou até dez mil pessoas - sempre poderia ser maior.
Quando foi que a gente deixou centenas de pessoas ser equivalente a pouca audiência?
Poucas coisas me ajudaram a dar significado para a atenção que eu recebo do que falar para uma sala com quase 3 mil pessoas. Não é NADA trivial. Assim como ter a atenção de um grupo de dez, ou cem pessoas. Um projeto é construído a cada troca, a cada um. Nunca deixe que isso se torne apenas sobre números.
9. Crie aquilo que você gostaria que existisse.
Sabe a aula que você gostaria de assistir? Crie. Sabe o texto que você gostaria de ler? Escreva. Sabe o e-mail que você gostaria de receber? Envie.
Porque do contrário, você vai estar caindo na ilusão de que quem cria as coisas e quem consome as coisas são pessoas diferentes e adivinha só? Quem consome também cria. E quem cria também é consumidor.
Entender isso nos torna mais orgulhosos das nossas criações, e mais empáticos com quem vai vivenciar aquilo. Num ciclo sem fim que torna a internet um lugar mais legal pra todo mundo.
10. Pare para celebrar.
Um espaço na internet para chamar de seu é um imenso privilégio. A oportunidade de compartilhar ideias, de ter um impacto na vida de outra pessoa, de fazer diferença nos projetos ou na carreira de alguém, é das coisas mais especiais do mundo.
Não deixe que se torne “mais um dia de trabalho”. Não perca tempo fingindo costume. A gente nunca sabe quanto tempo um projeto vai durar, um formato vai durar, uma fase da vida vai durar.
É essencial que a gente celebre enquanto há tempo.
Essa é a minha celebração.
Hoje eu celebro a Bits to Brands, e celebro o seguir em frente, com todos os desafios, mas também todas as conquistas, e tudo que só o “continuar” tem a ensinar.
Obrigada por, hoje e a cada semana, fazer parte disso.
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Momento de Inspiração
O Quintoandar está perguntando Onde está Wally e, ao melhor estilo anos 90, convidando as pessoas a encontrá-lo. Uma ação simples e criativa, mas que revela bastante sobre o atual posicionamento da marca e a sua busca por não ser mais uma startup, e sim um serviço definitivamente mainstream.
Caixa de perguntas
Deixe aqui neste link sua pergunta sobre construção de marca, uma tendência recente, sobre newsletter ou estratégia de conteúdo, que toda semana uma delas será respondida :)
Hoje não tem pergunta para respeitar o tamanho do e-mail, mas aproveita e deixa na caixinha o que você quer saber sobre ter uma newsletter e essa jornada de 150 edições :)
Das minhas abas para as suas
Adele.
Impossível não falar dela. Meu Spotify e redes sociais estão completamente monotemáticos desde o lançamento do 30, e não só pela música. Adele fez dois statements importantes nos últimos dias: o primeiro foi afirmar que fará música para a sua geração, e não para o TikTok:
O segundo foi pedir para o Spotify que não colocasse seu álbum parar tocar no modo aleatório automaticamente. E é só ouvir para entender a necessidade disso. O 30 é uma montanha-russa emocional muito bem pensada, e ela acertou em colocar holofote na parte artística (muito mais que a algorítmica) dessa construção.
Starbucks-Go
Lembram da Amazon Go, aquelas lojas sem caixa da Amazon, em que você só entra, pega os produtos e sai? Recentemente, a Starbucks abriu uma loja com essa tecnologia, a primeira de três em Nova York. Você pede a bebida com antecedência pelo app e só passa pra retirar, podendo pegar outros produtos dentro da loja. Será que, 5 anos depois, finalmente vem aí a popularização dessa tecnologia?
Um avatar da Sabrina Sato e as pessoas virtuais
Poucas vezes a Bits foi tão feliz em prever uma tendência quanto no início de 2020, quando te convidamos a ficar de olho na proliferação de pessoas virtuais - que engajam, vendem e se relacionam tanto quanto as reais. De lá pra cá, a Lu do Magalu fez e aconteceu e só essa semana a Havaianas apresentou a iana e a Sabrina Sato apresentou a Satiko.
Execuções diferentes da mesma estratégia. Para te ajudar a navegar essa tendência:
O report de tendências da Bits to Brands, de fevereiro de 2020.
A edição #105 da newsletter, de outubro de 2020.
Essa thread no Twitter, cheia de atualizações sobre o assunto.
Saudades, Orkut!
O Bruno fez uma thread no Twitter sobre as comunidades que existiriam hoje, se a gente ainda morasse virtualmente no Orkut. Eu queria poder criar uma para as pessoas que já assistiram todas as 18 temporadas de Grey's Anatomy mais de uma vez (a gente precisa se ajudar), e para quem fofocava por depoimento. Depois de entrevistá-lo, descobri que o próprio Orkut ia ter que entrar.
Final notes
Espero, de verdade, que os aprendizados dessa jornada de 150 semanas tenham sido úteis por aí. Especialmente neste um momento que tem se falado tanto de newsletters e tanta gente está pensando em criar a sua.
Inclusive, chegando ao fim deste ano, me sinto pronta para afirmar que 2021 foi o ano da newsletter. Ou, no mínimo, foi O ano para a Bits to Brands. Obrigada por fazer parte disso :)
- Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botão “responder”, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
📚 se você está em busca da próxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicações de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.
📩 essa é uma newsletter semanal sobre tendências de tecnologia e comportamento para marcas. se você aproveitou essa edição e ainda não assina, receba por e-mail:
Olá, Bia! Estou começando/experimentando essa jornada de Newsletter. Foi muito inspirador seu texto. Autêntico e muito parecido com minhas motivações atuais. Não se trata de números, mas de ajudar uma pessoa a cada dia (H.O.P.E - help one person everyday). Obrigado e parabéns pelo trabalho!
Oi, Bia. Adoro a Bits to Brands, mas não tinha lido esse post ainda. Vim parar aqui (nesse post) por acaso, encontrei o link em um comentário do LinkedIn kkkk. Amei o texto! Principalmente porque estou (re)começando minha newsletter agora, um misto de empolgação com nervosismo hehe. Mas acho que a empolgação fala (bem) mais alto. Então ler esse post hoje, três anos depois de sua publicação, me deixou super inspirada e motivada. Muito obrigada!