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tempo de leitura: 6 minutos
para entender
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A nossa relação com o trabalho vem numa onda de mudança irreversível desde 2020.
Primeiro, a pandemia escancarou uma série de oportunidades e inúmeros defeitos na forma com que executamos as funções do dia a dia. Dá pra ser mais fácil, dá pra fazer de casa, precisa ter menos microgerenciamento, qual o papel do cafezinho, como equilibrar a vida em casa e a vida no trabalho quando essas acontecem no mesmo ambiente?
Depois, houve a chegada de uma nova geração no nosso dia a dia de “jobs” e “calls”. Hoje, nossos colegas mais novos nasceram em 2004 ou após. Você provavelmente tem alguma tarefa que depende de alguém que não viu o penta.
Da mesma forma, esse alguém tem o seu desenvolvimento profissional nas mãos de um gestor que talvez não entenda a sua forma de enxergar o mundo e lidar com a internet.
O que não é necessariamente um estereótipo: a gente lembra do som da notificação do MSN, mas eles cresceram com o Google na mão e qualquer interesse ou hobby à disposição infinitamente.
A gente tinha que esperar uma semana inteira pra saber o que acontecia com a Marisa em The OC. Eles podem se interessar por cinema coreano e assistir o dia todo sem parar e sem repetir um filme.
É diferente. E isso se reflete no jeito de pensar, agir, ver o mundo e, claro, trabalhar.
Nos últimos anos, também, a palavra “layoff” virou parte do nosso vocabulário. Junto com ela, um desencantamento generalizado.
A gente passou boa parte da vida ouvindo que precisava ir além das expectativas, que o reconhecimento vem quando fazemos o nosso melhor e que precisamos ter “senso de dono”.
Então, ao mínimo sinal de instabilidade, vivemos dezenas (ou centenas) de demissões de uma só vez, sem justificativa clara, e percebemos que existe, sim, um dono.
O encontro dos layoffs, do desencantamento, das descobertas a partir da pandemia e de uma nova geração no mercado de trabalho expandiu o nosso glossário.
Lazy girl job. Quiet quitting. Burnout. 4-day work week. Home office. Fora as hashtags que acompanham vídeos das pessoas filmando suas demissões e expondo as empresas nas redes sociais.
Alguma coisa mudou.
Dez anos atrás, vivemos a era do “move fast and break things”1. O empreendedor startupeiro era o referencial de sucesso, trabalhar muitas horas era o comum para quem queria “se tornar alguém” e, claro, esse “alguém” era representado pelo seu trabalho.
Agora, isso começa a ser confrontado por novas perspectivas.
Quando dar o seu máximo não te impede de sofrer uma demissão em massa, quando trabalhar de casa te mostrou que é possível estar mais próximo da sua família sem afetar a produtividade, e quando há tantos hobbies a explorar - o que é sucesso pra você?
O que é sucesso para nós?
Porque um novo imaginário coletivo da pessoa bem sucedida (essa que sai do trabalho às 18h e vai viver, ou que não coleciona burnouts antes mesmo dos 30 anos de idade), afeta a sociedade, e afeta as marcas.
As pessoas passam a valorizar (e até exigir) culturas corporativas capazes de acomodar a sua individualidade, e uma gestão que ofereça segurança e estabilidade. E aí o “employer branding” não é mais sobre tobogã no escritório e armário cheio de lanches.
O que é sucesso pra você?
Lógico que uma vida na beira da praia, sem qualquer tipo de preocupação financeira, estaria no topo da lista.
Mas na perspectiva realista de que emprego, carreira e relações de trabalho continuarão fazendo parte da nossa rotina e identidade, nos resta ao menos questionar.
Ou sermos questionados. Pela atitude de um colega Gen Z, pela ansiedade de separação do seu pet, por uma nova trend por semana no TikTok mostrando que talvez nem tudo seja sobre trabalho.
Quando a gente se permite “move slow” e “look at things”, como essa trajetória se parece?
O que é sucesso pra você?
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Para saber mais:
_ O fim da lealdade ao trabalho, Business Insider [link]
_ Por que os jovens não querem chegar à liderança, Forbes [link]
_ A trend de filmar sua própria demissão, G1 [link]
_ A "grande traição” e os sonhos de trabalhar em uma big tech, FastCompany [link]
para inspirar
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Imagina ser o time que passou semanas pensando em todos os trocadilhos possíveis para explicar o investimento de BIS no estádio do Morumbi? O sucesso dessa campanha nas redes sociais mostra que a gente gosta de marcas (e pessoas) que não se levam a sério.
E já que a tendência é naming rights, aguardo contato da Mondeléz para pintar tudo de azul e virar a BIS to Brands. Que tal, su-BIS-cribers? :)
para fazer parte da conversa
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A imaginação ainda mais próxima da realidade
“Dois Golden Retrievers gravando um podcast no topo de uma montanha”, uma pessoa pediu. Minutos depois, recebeu a imagem, só que agora em vídeo, diretamente de Sam Altman, CEO da OpenAI. Depois do ChatGPT e do DALL-E, ele agora quer permitir que as pessoas criem cenas em vídeo a partir de prompts, com o Sora.
O produto ainda não está disponível para uso, mas já tem sido demonstrado pela empresa. E a indústria do cinema vai se juntar a diversas outras na complicada discussão sobre ética e direitos autorais.
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HBO Max agora é Max
A mudança já anunciada agora é oficial. Mais um rebranding para dividir opiniões. Por um lado, faz total sentido o movimento estratégico de preservar a marca HBO e sua associação com qualidade, e criar uma marca que possa carregar entretenimento para toda a família. Por outro, no competitivo cenário do streaming, o reconhecimento e diferencial que essa marca carrega podem fazer falta.
O que está por trás deste movimento e o que vem por aí [link]
para ler com calma
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O que é um clássico? [link]
Em uma série de conteúdos especiais, o Spotify está listando os grandes clássicos de cada gênero. Mas o que define um clássico, em plena era do streaming? A primeira lista é sobre hip hop e R&B.
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O oposto de “binge watching” [link]
Parece que existe um nome para o que eu tenho feito com Ted Lasso, e o que muita gente faz para evitar consumir uma série toda de uma vez. O “stinge watching” é para quem quer que a experiência dure mais e seja vivida sem pressa, com todas as suas nuances.
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Todo mundo quer nomear a próxima trend [link]
No TikTok, compartilhar suas experiências não é mais suficiente. As pessoas agora querem nomeá-las. Das coisas mais específicas às mais universais, tudo precisa ter um nome bom o suficiente para virar assunto. “Sephora tweens”, “girl dinner”, “loud budgeting”… São gênios do naming criando hashtags, e enchendo o mundo de novos termos muitas vezes desnecessários.
para quem a gente é fora do trabalho :)
👩🏻💻
Na época do Valentine's Day, o New York Times compartilhou 100 depoimentos diferentes sobre como as pessoas demonstram e sentem amor no dia a dia.
Leia ao som da música de abertura de Simplesmente Amor, para a vibe ideal de “love, actually, is all around us”, quando estiver precisando de um quentinho.
para mais conteúdo
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para dar um tchau
👋🏼
Essa semana eu fui à formatura do meu irmão mais novo, tive uma conversa bonita com a minha melhor amiga sobre “não estar procurando um próximo passo”, e vi a minha marca ganhar forma física, no mesmo dia em que 33 pessoas saíram felizes de uma sala depois de seis horas falando sobre branding.
Eu também ouvi essa pergunta numa entrevista feita por um amigo querido: “o que é sucesso pra ti?”
E tem questionamentos que a gente sente que merecem ser divididos.
É bom estar de volta à sua caixa de entrada :)
- Bia
"Move fast and break things" é uma frase que ficou conhecida como lema do Facebook no início dos anos 2010. Significa “ande rápido e quebre as coisas”.
sempre termino com uma lista grandona de conteúdo mega interessante pra ler, obrigada! <3
Sempre uma ótima experiência!