Bits to Brands #218 | Uma marca que dura
Como a LEGO transcende o tempo, o barulho e os estereótipos
Previously on..
#216 | Lives WTF, digo, NPC
#217 | A normalização do absurdo
Tempo de leitura: 6 minutos
09/11. Depois de quase seis meses de planejamento, este é o dia em que todo mundo vai conhecer a nova marca e a nova fase da Bits to Brands. Daqui até lá, temos cinco newsletters e uma sessão especial em cada uma para contar sobre este processo.
Também em 09/11, vou estrear uma nova palestra no palco do RD Summit. Se ano passado falamos da relação das marcas com o amor, este ano vamos falar da relação das marcas com o tempo. A edição de hoje traz um primeiro spoiler e um belíssimo exemplo.
Alguém segura a minha ansiedade !!!
- Beatriz
(para falar comigo, anunciar na Bits ou contratar uma palestra, responda esse e-mail ou escreva para beatriz@bitstobrands.com)
O ano é 2023, e as pautas não duram mais do que uma semana. Pode ver: não tem ninguém mais falando de “live NPC” na sua timeline.
As novidades não duram mais do que 24h. Ou você ainda usa o Threads?
E a nossa atenção se espalha por aí segundos de cada vez. Talvez não mais do que dois ou três.
Num mundo em que as coisas duram cada vez menos, como construir uma marca por 91 anos?
Como permanecer relevante através das décadas, não só pela sua história mas pela habilidade de se fazer lembrar em meio à economia da atenção?
Essa é a pergunta que eu tenho me feito desde o início do ano, e que vai ser respondida depois de muito estudo - em forma de palestra, de aula e, claro, de newsletters.
Começamos hoje, com a LEGO. Uma marca que representa o universo do criar e brincar, e se moderniza para fazer parte da infância de diferentes gerações.
E não só da infância.
Adultos montam LEGO. Um hábito que foi ressignificado, e ganhou um novo papel nas suas vidas.
Não é a nostalgia pela nostalgia, é o momento de concentração e relaxamento. É o conforto do som das pecinhas encaixando, e das páginas do manual virando como faziam antigamente.
É o quanto a marca se torna parte da sua identidade, o que torna os seus produtos parte da decoração.
Todos esses sentimentos e comportamentos foram entendidos e abraçados na última campanha:
A ideia de “LEGO para relaxar” vem acompanhada de uma playlist no Spotify com som ambiente, e uma parceria brilhante com a LoFi Girl.
E a ideia de “LEGO para decorar” vem com uma linha que passa por flores, cultura pop, arquitetura e datas comemorativas.
O que nos mostra que durar décadas é sobre saber se atualizar, sim. Mas não necessariamente no mesmo universo.
Para evoluir com as pessoas, às vezes é preciso quebrar estereótipos.
Uma marca para crianças que se torna uma marca para os adultos que elas se tornaram.
Que se encaixa perfeitamente em diversas tendências de comportamento, sem precisar correr atrás de todo assunto que aparece (e desaparece) nas redes sociais.
E, assim, transcende o tempo e o barulho. Como toda marca precisa aprender a fazer.
Para os adultos desta newsletter, uma curadoria de itens da LEGO para montar e decorar a casa:
Um buquê de flores [link]; um jardim de suculentas [link]; um quadro de Van Gogh [link]; o patrono de Harry Potter [link]; os apartamentos de Friends [link] e muito mais disponível na Amazon [link].
⭐ Momento de Inspiração
Parte da campanha da LEGO foi uma parceria com a Lofi Girl, canal do Youtube conhecido de todo mundo que já precisou manter o foco no trabalho. A identidade visual adaptada para a marca ficou linda, e a playlist é ótima. Uma referência de branded content.
Troca de abas
E a IA? Há algumas semanas, um artigo da VOX questionava se “acabou o boom da IA” [link]. Eis que surge o ChatGPT 4, que agora consegue ouvir, falar e reconhecer imagens. Essa thread reuniu alguns testes que as pessoas já estão fazendo [link]. Destaco este da sinalização de trânsito:
Ainda sobre IA, foi a vez de Mark Zuckerberg
apresentar as novidades da Metaatualizar o meme do hype da IA [link]. Mas ele ainda não desapegou do metaverso. Foram apresentadas novas versões do Meta Quest 3 e dos óculos Ray-Ban Meta. [link]Na parte de Inteligência Artificial, chamou atenção uma das aplicações que a Meta pretende trazer para as suas plataformas: IAs que vão falar com você sobre assuntos diversos, mas na forma de celebridades. É tipo trocar DMs sobre esportes com o Tom Brady ou sobre memes com o Mr. Beast. O vídeo fica entre o inovador e o cringe… [link]
.
450 mil dólares. É o valor de um anúncio na The Sphere, a nova arena de entretenimento inaugurada em Las Vegas com um show do U2, que viralizou em todas as redes sociais.
Interessante observar que o retorno estimado é 4.7 milhões de impressões - “300 mil ao vivo, e 4.4 milhões nas redes sociais”. Quase um FOOH. [link]
.
O ano é 2023. E no dia 3 de outubro, dia mundial de Meninas Malvadas, você poderia celebrar assistindo ao filme de três formas: via streaming, via TV aberta (na Sessão da Tarde) ou via TikTok. A Paramount liberou o filme completo, em 22 pedaços, para ser assistido ali durante 24h.
A tendência de consumir conteúdo longo, um TikTok de cada vez, é real e já está mexendo com a indústria do entretenimento. [link]
“Essa tendência diz mais sobre a habilidade do TikTok de manter as pessoas engajadas e a criatividade dos usuários quando o assunto é encontrar novas formas de viralizar, do que sobre o tempo de atenção dos jovens”. Será? [link]
.
A internet e suas novas linguagens do amor:
✨ a nova Bits
Capítulo 1, o fim do projeto paralelo
Durante os cinco anos desde que a Bits to Brands foi criada, eu passei por três empregos diferentes. Fui estrategista em uma das maiores consultorias de branding do Brasil, fui gerente de marca em uma foodtech de crescimento acelerado e fui parte do ecossistema da marca mais valiosa da América Latina.
Tudo isso fazendo curadoria e escrevendo newsletters, depois criando e apresentando palestras, tratando com anunciantes, participando de podcasts e eventos e trocando com muita gente.
A pergunta “como você dá conta de tudo?” me acompanhou por todo esse tempo, da indagação curiosa à preocupação genuína. Teve momentos mais fáceis do que outros, mas eu sempre segui colocando toda a minha energia em todos esses lugares.
Até que tomar uma decisão foi inevitável.
A ascensão da minha carreira e a ascensão do meu projeto me trouxeram até o momento em que precisava ser um ou outro, pelo seu sucesso e pelo meu bem-estar.
Eu, que sempre trabalhei com o que gosto, sempre tive prazer em criar estratégias e colocar marcas no mundo, que fazia questão de dar conta, vi no “não dá mais” uma sentença.
Até perceber que ele era libertação.
Era a chance de pegar tudo que eu aprendi nos últimos anos e seguir materializando - os meus próprios projetos e produtos.
Era a oportunidade de dedicar todo o meu tempo e energia a fortalecer a comunidade mais legal que eu já pertenci - essa aqui, que eu criei.
E era o início de uma nova fase na minha vida e na minha carreira como estrategista.
Depois de criar marcas de fora pra dentro, de dentro pra fora, de diversos segmentos e tamanhos, chegava a hora de me dedicar à minha própria marca.
(1/5)
👩🏻💻 Dica da Bia
Um papo sobre newsletter
e carreira, e projetos paralelos, e consistência, e criação de conteúdo…
Um dos mais legais que já participei, com algumas reflexões logo após decidir tornar a Bits to Brands o meu trabalho full-time.
No podcast Deep Growth, da GLA. Assista no YouTube ou ouça no Spotify:
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo, escritora de e-mails e TEDx Speaker.
📚 se você está em busca da próxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicações de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.
Um dos movimentos recentes mais interessantes da LEGO foi esse mash-up com cultura pop. Além de render produtos físicos bacanas, saíram jogos muito divertidos, além de todas as animações temáticas da Disney, Marvel, DC, Star Wars... Todas com aquela pegada “desenho pra criança, mas com piada pra adulto”. Vi esses dias um de Princesas com minha filha. Foi o primeiro contato dela com Lego, sem mexer nas pecinhas, haha. Obrigado por mais um texto, Bia!
Eu ainda lembro da minha surpresa ao "descobrir" que a Bits era um projeto paralelo e não seu trabalho full-time haha