nas edições anteriores
#234 | SXSW em uma palavra
#235 | Viés geracional
tempo de leitura: 6 minutos
para entender
💡
Nos últimos meses, diversos eventos de inovação pautaram as timelines e movimentaram os aeroportos - no Brasil e no exterior.
Em meio à estandes, encontros, trocas de QR Code (o novo cartão de visitas) e brindes de todo tipo, milhares de pessoas circulam para lá e para cá em busca de conhecimento.
Qual a próxima “grande coisa”? O que eu deveria saber para fazer melhor o meu trabalho? Como eu posso voltar mais capaz e inteligente?
E por falar em inteligência…
Pobre da palavra que, dessas sílabas todas, limita-se cada vez mais a um “i”. Que todo mundo coloca ao lado de um “a” e eis o título da sessão. O tema do momento, o futuro que já está presente, a garantia de uma sala cheia.
Será?
_
Será que a gente se sente mais inteligente depois de sair de (mais) uma sessão com “IA” no nome? Será que é ali que mora a inteligência que buscamos?
Tem gente que acha que sim, e a sua timeline do LinkedIn é prova disso.
Mas, pelos mesmos corredores, tem gente que acredita que inteligência mesmo é a natural, a artesanal, a humana.
Inteligência é aquela que mora no instinto, na natureza, na ancestralidade, nos sistemas que funcionam desde muito antes de nós e seguirão para além de todas as tecnologias.
Há também quem acredite na inteligência humana como soberana - mas a de certos humanos. Os visionários, empreendedores, aqueles que estão guiando o caminho para o futuro.
Enquanto tem gente que acredita que inteligência mesmo é o básico bem feito. Nada de grandioso, ou mirabolante, ou novo.
A sua definição de “inteligência” talvez dependa da sua área de formação, da sua filosofia de vida, da sua devoção por um ou outro bilionário, ou do seu nível de adoção de IAs no dia a dia.
Há quem viva no mundo mágico das tarefas e criações automatizadas, e quem se apegue ao jeito familiar de fazer as coisas.
Ambos andam pelos corredores dos eventos, lotando cada qual um tipo de sala, desdenhando levemente do outro.
“Olha lá eles falando de IA, ninguém aguenta mais”.
“Olha lá eles em pleno 2024, escrevendo cada palavra de um texto tal qual os astecas”.
_
Enquanto dentro dos pavilhões não há consenso, fora deles o mundo não pára de acontecer.
A OpenAI, depois de texto e imagens, agora cria vídeos. Mas vai precisar criar bem mais do que isso, agora que a Meta entrou de vez na briga, com assistentes dentro do Instagram e do Whatsapp.
As lojas “sem pessoas” da Amazon não funcionariam sem (adivinha só!) pessoas. Não se sabe se o TikTok seguirá funcionando nos EUA, e já tivemos mais certeza sobre o X no Brasil
No mundo das marcas, segue a onda dos rebrandings. Marcas que a gente já tinha se acostumado viram algo bem diferente - e outras voltam para aquilo que estávamos acostumados.
É preciso entender IA para navegar, sim. Mas essa inteligência está longe de ser tudo.
_
Por um lado, a disseminação da inteligência artificial é inevitável e extremamente poderosa.
Ela potencializa habilidades, economiza tempo, torna realidade aquilo que poderia existir apenas na imaginação.
Por outro, a IA chegou atravessando pautas que precisam de muito mais do que a capacidade de escrever bons prompts.
Os reais desafios, do presente e do futuro, vão exigir muita inteligência humana, natural, emocional.
A busca, talvez, não seja por consenso. Seja por complemento.
O significado de inteligência, segundo o dicionário, é também (vejam só):
compreensão recíproca.
para inspirar
✨
Dentre as diversas campanhas criativas, relevantes e ótimas de timing das últimas semanas, destacamos a campanha global de Dove sobre Inteligência Artificial. A sua “Real Beleza”, segundo a marca, será livre de criações ou distorções artificiais. Enquanto isso, ela ensina o que é beleza de verdade. Criação brasileira, com destaque para trilha sonora.
para fazer parte da conversa
💬
IA direto no zap - e nos óculos
Você vai poder perguntar sobre o que está vendo através dos óculos Ray-Ban. Vai poder pesquisar dentro da timeline do Instagram. Vai poder criar imagens direto em uma conversa de Whatsapp. Com os últimos anúncios da sua evolução em IA, a Meta mostra que não só tem a tecnologia, mas tem a capacidade única de colocá-la no dia a dia das pessoas.
A sua avó talvez não saiba o que é ChatGPT, mas logo vai estar conversando com uma IA no chat do Facebook.
_
A volta dos que não foram
Há três anos, Pontofrio virou “Ponto” em uma tentativa de se tornar mais moderna e jovem. Essa semana, eles voltam atrás porque a conexão emocional do público permaneceu com o nome original. Na época, comentamos aqui:
“A impressão é de que essa mudança é parte de um movimento maior: de marcas tradicionais tentarem se aproximar da geração Z.
Só que sem demonstrar também autenticidade, histórico e até uma cultura organizacional que legitime esse posicionamento, ele fica baseado em publis com TikTokers e sacadas publicitárias.”
Talvez a realidade (organizacional e de público) tenha prevalecido, e ser totalmente ~descolada não é para toda marca. E tudo bem.
para ler com calma
📄
O vocabulário da demissão [link]
Fim de ciclo, novos desafios, futuras oportunidades, voos mais altos… O LinkedIn tem popularizado diversos termos para se referir à boa, velha, e por vezes extremamente traumática, demissão. Que se esconde por trás de narrativas e de uma imagem a ser construída.
“É como uma jornada do herói. Quando se conta uma história [no LinkedIn], é na tentativa de mostrar como você contribuiu para a empresa onde trabalha ou trabalhou e o quanto é um bom profissional.”
_
“Quantos anos vocês acham que eu tenho?” [link]
Perguntam adolescentes no TikTok - para então se frustrar com a resposta. Uma trend recente por lá é questionar a própria idade, numa grande confusão entre ter uma idade e aparentá-la. O artigo é todo interessante, mas uma frase em particular alugou um triplex por aqui:
“Existe uma tensão ou confusão natural quando marcos sociais e culturais da vida adulta são adiados, mas o corpo segue envelhecendo de forma consistente no decorrer do tempo.”
_
GenGen - a Geração Generativa [link]
Millennials cresceram já com internet, Gen Z cresceram já com redes sociais, e agora os Alpha crescerão em um mundo com IA generativa acessível e fácil. O que isso significa para as marcas?
para quem a gente é fora do trabalho :)
👩🏻💻
Aqui a gente não perde a oportunidade de trocar dicas de livro. Mas talvez a grande recomendação dessa semana seja puramente: ler.
Na legenda deste post, uma ode à leitura como relaxamento, como desprendimento, quase como resistência.
Um misto de cansaço de internet com o saudosismo de uma infância com livros na mão. Achei, na casa da minha mãe, minha primeira cópia de O Menino Maluquinho. Sei recitar as últimas frases até hoje.
Poucas coisas têm o poder de nos marcar assim.
Nos comentários do post, você encontra uma série de dicas de livros deixadas pela nossa comunidade.
Aproveite :)
para mais conteúdo
📚
Tem um episódio comigo, sobre a história da Bits, no podcast Newsletter Economy. Nele, vários creators de newsletters ajudaram a decifrar todos os aspectos do formato. Só não sei se todos fizeram praticamente uma sessão de terapia.
_
Siga a Bits no Instagram [link]
Confira uma seleção de livros na nossa biblioteca [link]
Conheça a nossa sala de aula [link]
Contrate uma palestra ou workshop para o seu evento ou equipe [link]
Assine essa newsletter, caso não tenha recebido por e-mail :)
para dar um tchau
👋🏼
Oi. Voltamos. :)
Recebi algumas mensagens de “a Bits não está chegando”, achando que podia ser um erro da sua caixa de entrada. Que especial ver que nosso momento semanal de atualização e inspiração faz falta por aí. Podem ter certeza que ele faz muita falta por aqui também!
A ausência foi devido à maratona de eventos e palestras das últimas semanas. Do compartilhar em outros formatos ao absorver um tanto de informação, quis voltar para a news quando tivesse mais clareza. Mesmo que em forma de dúvida.
No Instagram, o conteúdo não parou. Acompanhe por lá também. Semana que vem estamos de volta aqui.
- Bia
Olá Bia! Ouvi um podcast em que você fala de um curso para criação de newsletter, mas não o encontro no seu site... Pode dar-me mais informação? Obrigada!
Muito bom a Bits chegar novamente. Estava com saudades.