Bits to Brands #223 | Ser fã
Uma das forças que move a cultura e a economia é, no fim do dia, um sentimento.
nas edições anteriores
ESPECIAL | A nova Bits
#222 | As marcas e o tempo
tempo de leitura: 5 minutos
para entender
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Os shows da Taylor Swift. A volta do RBD. A partida do Matthew Perry. O especial da Angélica. Um Pikachu de diamante. A sua retrospectiva do Spotify.
Diferentes formatos, gerações, mercados, movimentando milhares de pessoas e muitos milhões. Seja em venda direta (de ingressos ou de produtos), seja em engajamento nas redes sociais (que também anda custando caro).
O que todos têm em comum: fãs.
“Fandom” enquanto força econômica não é um conceito novo. Não é preciso apresentar o dinheiro movimentado por turnês e produtos, porque os trending topics e as timelines contam a história.
Também não é necessário reafirmar a importância disso para uma marca. Há mais de dez anos a gente criava conteúdo sobre branding e ilustrava com os fãs de Harley Davidson rodando juntos a Route 66.
Lógico que o tempo passa, o contexto muda. E isso só aumentou a relevância dos fandoms.
“Esses mega-fandoms em volta de personalidades como Taylor Swift, ou ‘monopólios de atenção’, estão substituindo as redes sociais que envelhecem. Ao invés de ter uma ‘casa digital’ eu uma ou outra plataforma, usuários mais jovens de internet moram nos seus fandoms e, através deles, conectam pedaços fragmentados da internet” - Ryan Broderick
O “ser fã” transcende algoritmos, plataformas, gerações, distância geográfica, idiomas, o tempo, muitas vezes até o bom senso. E, assim, movimenta a cultura e a economia.
Ou seja: uma das grandes forças que rege o nosso comportamento e consumo é um sentimento. Que alimenta e é alimentado pelas redes sociais que frequentamos, traduzido em cifras e pesquisas de mercado, mas que é totalmente irracional.
Ser fã é um “sentir” real por algo totalmente fictício ou alguém praticamente desconhecido.
Sentir que nos representa, conecta com outras pessoas, que nos resgata e nos transforma. Que marca uma época das nossas vidas e se torna parte de quem a gente é.
Que cresce com a gente, mudando conforme a fase, e permanecendo com a nossa essência.
O fã de RBD, lá atrás, talvez não tivesse dinheiro para o ingresso ou permissão para viajar. Hoje em dia, ele vive isso com toda a liberdade.
O fã de Friends discutia seus episódios favoritos em comunidades do Orkut. Hoje em dia, ele tira fotos do streaming na sua SmartTV para postar nos Stories.
E isso não precisa fazer sentido para mais ningúem. Porque ser fã das coisas que a gente é fã é sobre os outros, mas no fim é sobre a gente.
É sobre estádios lotados e trends no TikTok com milhões de views, mas também sobre saber exatamente a quem recorrer depois de um dia difícil.
Aquele livro. Aquele filme. Aquela música.
Ser fã é isso.
Ao mesmo tempo em que não faz nenhum sentido para quem olha de fora, só precisa fazer sentido para quem está dentro.
E de dentro pra fora, de uns para os outros, seja qual for o formato ou rede social, o “ser fã” vai se tornando compartilhado, coletivo e imenso.
Uma força que move cada um rumo ao conforto que busca ou senso de identidade que encontrou.
E que move a cultura, a economia e as marcas.
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Outras edições que complementam bem o assunto:
para inspirar
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O filme de Natal da Apple deste ano é fofo sem ser romântico, e “quentinho” ao mesmo tempo em que é desconfortável. Sem spoilers sobre a narrativa porque ela vale muito ser acompanhada, enquanto as imagens variam entre animação e live action e, claro, tudo feito com um iPhone.
para fazer parte da conversa
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O nosso ritual de marca favorito
Chegou o anúncio oficial de que o ano está acabando, a desculpa que você precisava pra “deixar pro ano que vem”, a temporada de assinar e-mails com “bom fim de ano!”, o Papai Noel da Coca-Cola da geração Z… A retrospectiva do Spotify.
Com uma única ação, a marca consegue compartilhar um momento aguardado com seus usuários, viralizar nas redes sociais e mostrar que sabe tudo sobre a gente de um jeito tão legal que a gente nem se importa com a nossa privacidade.
Uma reflexão sobre o uso dos nossos dados pelo Spotify e outras plataformas [link]
A campanha de mídia OOH que acompanha a retrospectiva [link]
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As marcas mais valiosas do mundo em 2023
A Interbrand divulgou seu ranking Best Global Brands, versão 2023. As cinco marcas no topo são marcas de tecnologia, sem mudança em relação ao ano passado. As cinco seguintes são montadoras, a Coca-Cola e a Nike.
Há 11 anos a Apple mantém a liderança do ranking e, em um ano em que o crescimento geral foi menor que o anterior, o Airbnb foi a marca que mais cresceu em valor.
O ranking completo, com as 100 marcas mais valiosas em 2023 [link]
A avaliação do CEO da Interbrand no Brasil [link]
para ler com calma
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O que perdemos quando só se fala em IA? [link]
“Vivemos uma realidade tão complexa de humanização das máquinas e mecanização das pessoas, com conflitos e tensões tão profundos, uma crise climática urgente, polarização política e a saúde mental emergindo como questão inadiável – mas a gente só quer falar de IA”. - Fast Company Brasil
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Na era do ChatGPT, 'autêntico' é a palavra do ano eleita por dicionário americano [link]
"Vimos em 2023 uma espécie de crise de autenticidade”, disse Peter Sokolowski, um dos representantes da pesquisa, ao divulgar o vocábulo vencedor. “O que percebemos é que, quando questionamos a autenticidade, a valorizamos ainda mais.” - G1
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Nostalgia não é o suficiente [link]
“‘A Gen Z é obecada com nostalgia’. A Gen Z é obcecada com várias outras coisas também e, por mais que eles queiram coisas dos anos 90, eles não necessariamente respondem ao mesmo tipo de comunicação” - Sociology of Business
para quem a gente é fora do trabalho :)
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O perfil 72kilos, no Instagram, traz reflexões ilustradas sobre a vida e pílulas de motivação sensíveis e fora do óbvio. Sempre emocionam de alguma forma, e ainda ajudam a praticar o espanhol. Recomendo.
para mais conteúdo
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Chegou a hora de inaugurar nossa sala de aula. Espaços virtuais e presenciais para quem busca atualização em branding e estratégia - com experiência prática, conexão com as tendências e respeito ao seu tempo.
Para abrir as portas oficialmente, no próximo dia 11/12 (segunda-feira), vamos ter uma Masterclass sobre rebranding.
Uma aula para entender o que é, ver os exemplos mais comentados (bons e ruins), decifrar os por quês e tirar lições para as nossas marcas. E, claro, contar todo o processo do rebranding da Bits.
A aula é gratuita, mas as vagas são limitadas. Inscreva-se já, e coloque na agenda. :)
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para dar um tchau
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É muito especial falar sobre ser fã, porque essa é uma das coisas que eu mais “sou” na vida. Ser intensamente fã das coisas que eu sou fã me fez descobrir talentos, conhecer pessoas, viajar para novos lugares e viver diversas experiências memoráveis.
Hoje, me ajuda profissionalmente, e espero que ajude por aí também. Nos vemos na aula do dia 11? :)
- Bia
Que delícia essa newsletter! Ser fã é uma das coisas que mais me definem como pessoa e sinto que ultimamente cresce uma pressão para justificarmos o pq gostamos das coisas, quando na verdade não tem explicação, é um sentimento que envolve muito. Amei sua análise, como sempre!