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#139 | Músicas para marcas
#140 | Dez perguntas para tecnologia
Tempo de leitura: 6 minutos
É impossível escapar da influência de algoritmos em 2021 se você vive uma vida minimamente conectada.
O que você ouve no Spotify? Algoritmo. O motorista que vem te buscar via aplicativo? Algoritmo. As sugestões do que comprar no e-commerce? Algoritmo. As publicações dos seus amigos, seja qual for a rede social? Algoritmo.
As notícias que você consome (e consequentemente seu olhar sobre o mundo)? Infelizmente, algoritmo.
A influência dessa lógica de interagir e consumir é evidente nas mais diversas áreas da vida.
Faça o teste: digite “influência algoritmo” no Google e depois complemente com a palavra que preferir: música, jornalismo, entretenimento, consumo… O resultado são centenas de estudos e artigos abordando cada um desses temas e como eles foram transformados recentemente.
E é claro que o conteúdo não ficaria de fora.
Especialmente quando o Instagram é o principal canal do mercado da influência e dos infoprodutos. Na edição #108, falamos sobre como:
O lugar de postar fotos e interagir está virando lugar de vender. Vender produtos e também vender a si mesmo, trabalhando bem a sua marca pessoal para se mostrar especialista, consultor, produtor de conteúdo, guru (ou todas as anteriores) em algo.
Agora pense na sensação de vender em um espaço cujas regras mudam o tempo todo. O seu produto pode ser bonito, adequado e perfeito para sua audiência - mesmo assim ele vai ficar enterrado lá no fundo da prateleira, invisível. “Por que?”, você pergunta. E ninguém tem a resposta.
O resultado é, por um lado, criadores ansiosos e exaustos - muito bem representados pelo desabafo da Nataly Neri na sua timeline: “Sei que estão cansados de ver criador reclamando de algoritmo, mas é mais que isso. É sobre estar perdendo o gosto de fazer o que eu amo fazer há 6 anos porque a plataforma mudou radicalmente em poucos meses.”
E por outro lado, uma corrida dos “gurus” para vender fórmulas que te ajudam a “fazer o algoritmo trabalhar para você”. Como se fosse algo minimamente controlável. E como se fosse justo fazer com que uma rede social inteira fique baseada em Stories com enquetes ou em conteúdo “raso e superficial”.
Muita calma nessa hora.
Por mais que muitos sejam adeptos da filosofia do “se não pode vencê-lo, junte-se a ele” e tentem guiar as pessoas pelo caminho do algoritmo, buscando se adaptar a cada mudança e fazer o máximo de cada formato (o que é legítimo), há perspectivas diferentes. E é nelas que eu quero focar aqui.
Porque a criação de conteúdo, a autoexpressão e a nossa vida na internet não precisa se basear no Instagram, ou pelo menos não na busca incansável por satisfazer uma “entidade” cujo interesse principal não é a qualidade do conteúdo, e sim a venda de anúncios.
É possível buscar possibilidades que vão além da lógica do algoritmo.
Seja criando uma frequência fixa e um compromisso com a sua audiência,
como o criador Victor Oliveira faz brilhantemente com os seus “quadros” nos Stories e a rotina de posts que os acompanham. (Não há entrega ou bug na plataforma que me faça perder um NESF, que já virou rotina às quartas-feiras)
Seja investindo na qualidade do conteúdo,
como o Matheus Ilt faz com as suas reformas e DIY de decoração - e sem precisar fazer Stories quando acorda, vai dormir ou sai pra passear. Ele só posta quando tem o que mostrar, e todo mundo pára pra ver mesmo assim.
Seja explorando uma lógica multiplataforma,
como o Tira do Papel vêm fazendo, ao criar conteúdo em formatos com a vida útil muito mais longa (vídeos no Youtube, podcasts e até um livro!), e usar o Instagram como canal para disseminá-los.
Seja com uma estratégia de vendas que roda independente de um feed cheio,
como a da Branding Lab, que através de um portfólio de produtos bem pensado e uma estratégia que inclui Telegram, e-mail marketing e tráfego pago, vende postando no Instagram ou não.
Seja encontrando plataformas que permitem que você crie como preferir,
como a nossa Bits to Brands, que há 3 anos é espaço de troca, interação, comunidade e recentemente até de vendas!, e sempre foi sobre escrita. Estar na caixa de entrada foi uma escolha deliberada, e foi a melhor possível para o que eu gosto e tenho condições de criar.
Não é sobre viver alheio à influência dos algoritmos.
Porque, como falamos no início, isso é praticamente impossível. Mas entre conviver com a tecnologia e deixar-se aprisionar (ou até adoecer) por ela, há muitas possibilidades no meio do caminho.
O primeiro passo é largar essa lógica que prende a gente em caixinhas, como se só tivesse um jeito certo de criar - aquele que o algoritmo do Instagram mais gosta.
Quem tem que gostar do seu conteúdo é você e a sua audiência. Seja onde ela estiver, seja como você se sentir mais livre para entregar valor.
Para isso, é preciso (e possível) olhar além.
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A gente ganha quando percebe que o algoritmo não está torcendo por nós, e provavelmente está trabalhando contra nós. A melhor abordagem é cultivar permissão e conexão direta com a nossa audiência, e então agir como curadores de ideias.
- Seth Godin
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Se você gostou do conteúdo, compartilhe para que mais pessoas leiam e conheçam a Bits to Brands:
Momento de Inspiração
Pelo sim ou pelo não, eu prefiro permanecer cética quando o assunto são tecnologias deep fake. Mas essa ação é indiscutivelmente legal. Para o lançamento do seu próximo filme, a Warner criou um site em que você pode subir uma foto e se inserir no trailer, junto com o Hugh Jackman. Esse tipo de ação abre inúmeras possibilidades para fãs interagirem com seus conteúdos favoritos.
Caixa de Perguntas
Na semana passada, pedi para vocês depositarem perguntas na caixinha para saber se essa seção seguia relevante. Recebi muitos “sim”. Obrigada! :)
Já que o texto de hoje ficou mais longo que o normal, voltaremos com respostas na próxima edição. Até lá, pergunte qualquer coisa aqui.
Das minhas abas para as suas
Mais um ano, mais um evento da RD. É com muito orgulho que eu compartilho com vocês que estarei com a RD em 2021 novamente. A saudade do Summit presencial é grande, mas o RD Hostel esse ano vai ser gratuito e pretende reunir mais de 100 mil pessoas. Pra falar pra tanta gente ao mesmo tempo, só no palco do Rock in Rio! Vou falar sobre Love Brands em meio a um time de peso, e convido você a se inscrever praquela troca boa de sempre aqui.
Doom scrolling. Que é a expressão criada para representar o “scrollar” por infinitos conteúdos sem realmente prestar atenção. Do Seth Godin, muito pertinente para os dias que temos vivido no Brasil: “Estar informado é uma virtude. Nos ajuda a tomar decisões melhores e nos encoraja a agir. Ficar preso em um scrollar sem fim de mídia não é a mesma coisa que estar informado”.
Esmola digital. Se você frequenta o Twitter, já deve ter reparado que em todo tweet que viraliza começam a aparecer códigos Pix e pedidos de ajuda. O Núcleo fez uma reportagem com dados e histórias, que são certamente uma das tendências mais tristes que já passaram por aqui.
Tipo Black Mirror. O Financial Times produziu esse vídeo para escancarar questões de privacidade, especialmente conforme a pandemia nos fez mais digitais. O roteiro é brilhante, e o tempo passa muito rápido conforme você acompanha a busca por respostas.
Netflix sendo Netflix. Sincerona no Twitter como poucas marcas conseguem:
Final notes
Eu afirmo que existe uma internet que não depende do algoritmo do Instagram porque vivo nela há mais de três anos. E aqui o ritmo é mais lento, mas para quem gosta do que faz e quer construir algo sólido e conexões reais, tem muitas possibilidades. A internet é enorme e tem espaço pra todo mundo. O que não vale é a gente se diminuir. :)
Espero que as minhas inspirações te inspirem, e se você tiver outras para dividir, me responde esse e-mail que eu vou adorar saber de mais pessoas e projetos que prosperam além do algoritmo.
-Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botão “responder”, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
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