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#149 | Booktok
#150 | O que vocĂȘ aprende quando continua
Tempo de leitura: 7 minutos
Eu sei, nĂłs somos suspeitos pra falar. Mas depois de um inĂcio de ano bem agitado no universo das newsletters, as novidades das Ășltimas semanas sĂł evidenciam o quanto, durante todo 2021, esse formato foi comentado, explorado e consolidado.
Em fevereiro a gente se perguntou, na edição #115, âSerĂĄ 2021 o nosso ano?â.
10 meses e 35 ediçÔes depois, hoje eu escrevo para dizer que: sim. 2021 é o ano da newsletter.
Vamos aos fatos.
Em janeiro a Forbes anunciou a sua própria plataforma de newsletters. Em fevereiro, o Twitter integrou newsletters aos tweets através da compra da plataforma Revue. Também em fevereiro o Hubspot comprou a newsletter The Hustle. Logo depois, o então-Facebook-agora-Meta anunciou o que em junho seria a Bulletin - sua própria plataforma de newsletters.
Corta para o fim do ano:
O apresentador Tiago Leifert anunciou o seu aguardado movimento apĂłs a saĂda polĂȘmica da Globo (e do BBB): uma newsletter.
A cantora Dua Lipa lançou a Service95, uma newsletter para compartilhar a sua curadoria de experiĂȘncias, marcas, lugares e pessoas. E para desafiar a crença de que âa geração Z nĂŁo lĂȘ e-mailâ.
Seguindo os passos e a estratégia da Morning Brew, a newsletter The News estå perto da marca de 1 milhão de assinantes.
Nesse meio tempo, diversas outras conversas apontaram para a newsletter como uma plataforma de criação de conteĂșdo e construção de comunidade nĂŁo sĂł possĂvel, mas extremamente atrativa.
Se a grande palavra de 2021 nas redes sociais foi âalgoritmoâ (como vencĂȘ-lo, se ele Ă© a força dominante das nossas vidas, se ele sĂł gosta de quem faz dancinha), adivinha aonde vocĂȘ consegue chegar atĂ© a sua audiĂȘncia sem nenhuma influĂȘncia desse tipo?
Na caixa de entrada.
Falou-se muito tambĂ©m sobre o valor da atenção. Sobre como temos cada vez mais opçÔes, e como criadores tĂȘm dedicado muito esforço e tempo para produzir algo que muitas vezes recebe 5 segundos de atenção da sua audiĂȘncia.
Enquanto isso, quem escolhe quando vai abrir um e-mail Ă© quem recebe, criando seus prĂłprios rituais em torno daquele conteĂșdo.
Outro grande momento de 2021 foi quando o Instagram passou horas fora do ar, e nĂłs passamos dias ouvindo especialistas recomendarem que marcas e criadores fossem donos da sua audiĂȘncia, sem depender de âespaços alugadosâ na internet.
Em uma newsletter, a ferramenta de disparo Ă© apenas o intermediĂĄrio. A sua audiĂȘncia Ă© sua, e vai com vocĂȘ para onde for. AlĂ©m disso, todos que se inscrevem sĂŁo expostos ao seu conteĂșdo, nĂŁo Ă© a plataforma que decide.
E muitos criadores de conteĂșdo compartilharam tambĂ©m o seu cansaço. Cada hora criar de um jeito, rezar para os Stories serem entregues, dançar ou nĂŁo dançarâŠ
A newsletter, com a sua frequĂȘncia fixa e menor exposição, oferece paz nĂŁo sĂł para quem escreve, mas tambĂ©m cria uma relação de confiança com quem lĂȘ, que sabe exatamente o que esperar e quando.
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O escritor George Saunders anunciou recentemente uma newsletter, e se referiu ao Substack como âuma rede social com consciĂȘncia, porque aqui as coisas sĂŁo auto-selecionadasâ. Ele escolhe quando tem algo a dizer, e entĂŁo divulga suas ideias para uma comunidade que escolheu estar ali para receber.
ConsciĂȘncia Ă© o que faz desse ambiente mais intencional e profundo, ao mesmo tempo em que mais tranquilo e leve do que as outras redes sociais.
Um lugar onde nĂŁo hĂĄ Zuckerbergs ou Dorseys mudando o conteĂșdo que chega atĂ© vocĂȘ com o apertar de um botĂŁo. Ou algoritmos escolhendo o que vocĂȘ vai ver e quando. Quem controla Ă© vocĂȘ.
Ă por essas e outras que, quanto mais barulhenta e cansativa fica a internet, mais popular a newsletter se torna.
E esse ano, marcas e criadores voltaram sua atenção à caixa de entrada das pessoas de forma definitiva.
Resta torcer para que saibam como utilizĂĄ-la.
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Em fevereiro eu fiz essa previsĂŁo aqui. Acho que sĂł errei porque teve muita coisa que virou âmetaversoâ e âinfluenciador virtualâ.
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Se vocĂȘ gostou do conteĂșdo, compartilhe para que mais pessoas leiam e conheçam a Bits to Brands:
Momento de Inspiração
EstĂĄ aberta a temporada dos comerciais de Natal. Esse de O BoticĂĄrio, com referĂȘncias ao Pequeno PrĂncipe, abordou os efeitos da pandemia de uma forma sensĂvel e comprometida. AlĂ©m da mensagem de esperança no fim do ano, ele divulga a iniciativa da marca de entender melhor o olfato, depois de tantas pessoas terem esse sentido comprometido como efeito da COVID-19.
Caixa de perguntas
Deixe aqui neste link sua pergunta sobre construção de marca, uma tendĂȘncia recente, sobre newsletter ou estratĂ©gia de conteĂșdo, que toda semana uma delas serĂĄ respondida :)
O que acontecerĂĄ com nossos perfis de rede social apĂłs a morte?
Eu acho a intersecção entre o luto e as plataformas digitais igualmente perturbadora e fascinante.
NĂŁo tenho uma resposta para essa pergunta. Mas algumas coisas que tem me feito refletir nos Ășltimos tempos:
HĂĄ seis meses eu perdi um amigo muito querido. Sou lembrada da sua ausĂȘncia em diversos momentos, mas o mais frequente: o seu nome ainda estĂĄ salvo nos meus contatos do Nubank, e eu nĂŁo sei como apagar. EntĂŁo sempre que preciso fazer um Pix ou uma transferĂȘncia, Ă© um dos primeiros que eu vejo.
Uma das coisas mais surreais em relação Ă passagem da cantora MarĂlia Mendonça foi poder ver os Stories e Reels que ela tinha feito pouco antes de embarcar, mesmo depois da notĂcia do acidente. Eram seus Ășltimos sinais de vida, aguardando as 24h para expirar.
Essa matĂ©ria do FantĂĄstico sobre o viĂșvo que programou um chatbot para interagir como se fosse a esposa que tinha perdido recentemente. Ă o papel da tecnologia em prolongar a sensação de presença, mesmo que ela seja artificial. E sinal de um futuro em que essas ilusĂ”es podem se tornar cada vez mais comuns, e transformar profundamente a nossa relação com a perda, com as nossas memĂłrias e com a vida.
Das minhas abas para as suas
Por falar na newsletter do Tiago Leifert
Ele, que Ă© um conhecido hater do Twitter, escreveu uma crĂtica de edição inteira sobre a plataforma depois da renĂșncia do CEO Jack Dorsey. Enviesado, sem dĂșvidas, mas com bons argumentos e uma reflexĂŁo importante sobre o que o Twitter tem se tornado.
Block, de Blockchain
Jack, por sua vez, deixou o Twitter mas segue CEO de uma nova startup, recĂ©m-renomeada Block. Ele estĂĄ seguindo a cartilha de Mark Zuckerberg, que quer ganhar um pouco de brand equity cada vez que alguĂ©m fala em âmetaversoâ e por isso batizou sua empresa de Meta. "Blockâ vem de Blockchain e tambĂ©m significa âblocoâ, o que a empresa incorporou de forma bem esquisita ao seu universo visual:
O verdadeiro metaverso
âUm metaverso prĂłspero jĂĄ existe. Ele funciona muito bem, com milhĂ”es de pessoas imersas por muitas horas todos os dias. Neste metaverso, as pessoas construĂram incontĂĄveis mundos customizados, alĂ©m de diversos negĂłcios e carreiras lucrativos. Mas esse lugar nĂŁo se parece em nada com aquele que Zuckerberg apresentou. Ă o Minecraft.â
E pra quem ainda nĂŁo estĂĄ entendendo nada
O FantĂĄstico fez uma matĂ©ria bem completa sobre o metaverso - explicando o conceito que a Meta (antigo Facebook) estĂĄ querendo vender de forma bastante didĂĄtica. Destaque para a anĂĄlise crĂtica do especialista Silvio Meira.
A farofa da fofoca
NĂŁo se falou em outra coisa nas redes sociais essa semana. VocĂȘ nĂŁo precisa ser um seguidor ou fĂŁ da Gkay para que esse nome pareça familiar, e com ele pedaços de informação como âViih Tube pegando geralâ ou âPequena Lo causando de motinhoâ. Recomendo a anĂĄlise do especialista em branding (e amigo) Galileu Nogueira, sobre o impacto do evento na construção da marca pessoal da influenciadora:
O que as pesquisas dizem sobre 2021
A Semrush publicou um relatĂłrio cheio de insights revelados pelo que as pessoas mais pesquisaram durante o ano. Um dos meus favoritos Ă© um retrato interessante da âguerra do streamingâ: apesar da competição estar cada vez mais acirrada, a Netflix foi muito mais procurada que seus concorrentes. Recomendo todos os grĂĄficos e dados dessa anĂĄlise.
Final notes
âBia, essa newsletter agora chega Ă s sextas-feiras?â
Eu ainda quero que o nosso dia seja quinta-feira. Eu gosto das quintas. Quinta Ă© um Ăłtimo dia na minha caixa de entrada - tem Tira do Papel, James Clear, The Bizness, Thingtesting, entre outras newsletters Ăłtimas.
Mas o fim do ano me atropelou, e a frequĂȘncia ideal se perdeu nas Ășltimas semanas. Prometo revisitar minha rotina e planejamento, e começar ano que vem com um dia fixo. A gente combina. :)
AtĂ© semana que vem (quinta, se tudo der certo!), para a Ășltima Bits do ano.
- Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botĂŁo âresponderâ, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
đ©đ»âđ» curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteĂșdo e escritora de e-mails.
đ se vocĂȘ estĂĄ em busca da prĂłxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicaçÔes de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.
đ© essa Ă© uma newsletter semanal sobre tendĂȘncias de tecnologia e comportamento para marcas. se vocĂȘ aproveitou essa edição e ainda nĂŁo assina, receba por e-mail:
ConteĂșdo incrĂvel. Cheguei aqui atravĂ©s de um podcast que a Beatriz participou. Fiquei muito empolgado em voltar a escrever na minha newsletter. :)