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#141 | Além do algoritmo
#142 | Zuck (e você) no metaverso
Tempo de leitura: 6 minutos
Depois de meses muito intensos de trabalho e Bits, eu me vi extremamente acelerada. Aí vieram as férias e o objetivo principal era deixar o tempo passar devagar.
Mas havia um obstáculo claro: os ladrões de tempo que vivem nos nossos bolsos e mesas (quando não estão nas nossas mãos).
Tudo que eu não precisava para as minhas férias era ver meia hora passar em três minutos, no scroll infinito de tweets, Stories e posts. Pela primeira vez na vida, decidi desconectar das redes sociais.
Foram sete dias sem Instagram, Twitter ou LinkedIn - um pequeno passo para a internet, mas um grande salto para esta profissional em doom scrolling - a arte de passar horas no celular sem saber nem por quê. O suficiente para identificar uma série de gatilhos e compartilhar as reflexões a seguir.
As coisas acontecem, esteja você acompanhando ou não
Eu adoro o Twitter, e sempre disse para mim mesma que estava lá porque gosto de me manter informada e acompanhar as coisas acontecendo.
Mas levei dois dias pra perceber que duas newsletters diárias eram o suficiente, e que passei muito bem, obrigada, só com os highlights das notícias - ao invés de uma infinidade de comentários e memes, e de remoer o assunto por horas a fio.
Da mesma forma, eu tive uma novidade muito legal para compartilhar e cogitei parar o detox ali mesmo, mas esse exercício me fez perceber que aquilo seguiria um fato três dias depois. O imediatismo de acompanhar na hora ou postar assim que acontece só existe na nossa cabeça.
Postar versus scrollar
No quesito “força do hábito”, eu estava esperando que o maior gatilho fossem os momentos de tédio, que me levariam ao celular como instinto. Mas o que mais pegou foi justamente o oposto: os momentos mais interessantes, que me faziam querer compartilhar.
É louco como a gente quer que as pessoas (muitas vezes estranhos) vejam, saibam, interajam, comentem.. Como quem busca a validação de que algo é realmente bonito, ou engraçado, ou inusitado.
Sem poder postar, precisei encontrar essa validação no momento e em mim mesma. Mesmo assim, registrei e editei muitas fotos pensando em como elas ficariam na timeline depois…
A presença e a ausência
Presença sua, ausência dos outros. Durante muitos momentos eu me percebia como a única pessoa do recinto que não estava olhando para o celular.
Dos contextos banais, como esperando no portão do aeroporto, aos cenários mais paradisíacos, é incrível reparar em como a gente passa a maior parte do tempo vivendo a vida dos outros através da tela.
Isso não é um exemplo de superioridade - eu ainda sou essa pessoa na maior parte da minha vida, e sim uma observação a partir da necessidade de olhar mais em volta. E ter visto todo mundo com a cara no celular.
E agora?
Sete dias depois, voltei. Das férias, e para as timelines. Não tenho a expectativa de conseguir me isolar completamente das redes sociais - eu ainda trabalho com isso, além de me informar, me entreter e interagir.
Mas esse experimento ajudou a identificar onde estavam os meus excessos, e perceber que é possível (e até agradável!) passar um tempo longe.
Por isso, pretendo deixar um dia fixo toda semana para ficar sem acesso à redes sociais (em um ano, serão 52 dias!) e usei as ferramentas do iOS para bloqueá-las a partir das 23h todos os dias.
Vivi na prática o que tenho lido há algum tempo: a ideia de um “detox digital” está muito mais para uma dieta do que para um corte definitivo. Como tudo na vida: menos radicalismo e mais equilíbrio, na busca por mais saúde e uma rotina melhor.
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Para mais dicas:
A edição #32 da Bits to Brands, com dicas de como otimizar seu tempo e conteúdo nas redes sociais - estamos nessa busca desde 2019!
Esse artigo do Nir Eyal, que traz boas dicas de como repensar a tela inicial do seu celular, apesar de eu ter minhas ressalvas com o autor
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Momento de Inspiração
Sally Rooney, autora dos romances Pessoas Normais e Conversas Entre Amigos, acaba de lançar seu novo livro. Exatamente como quem lança um novo hit: com mídia kit para influenciadores (alô #booktok!), estratégia de relações públicas e até uma pop-up store em Londres.
Quando foi que livros se tornaram marcas? É a pergunta que esse artigo tentou responder, a partir de tanta divulgação. Porque, recentemente, mais importante do que ler é mostrar que leu. O livro, sua autora ou a sua temática, assim como uma marca favorita, passa a ser extensão e reflexo de quem você é (ou quem quer ser).
Mas quando livros seguem a lógica de produtos, a gente fica sem saber se as pessoas estão comentando por que é bom, ou se parece bom porque tem tanta gente comentando. Na dúvida, o marketing surte efeito: comecei a ler ontem. 🤷♀️
Uma caixa de perguntas especial
Vou te pedir, como sempre, para deixar uma pergunta. Mas não para mim.
Daqui a alguns dias, a gente tem um papo marcado com o precursor das redes sociais, o grande nome da era pré-Facebook que só quem viveu sabe, o criador das comunidades e dessa maravilhosa feature aqui:
Vou entrevistar o criador do Orkut, ele mesmo, Orkut Büyükkökten, com exclusividade para uma edição especial da Bits to Brands.
(pausa para o momento histórico nessa newsletter)
Vamos falar sobre Tendências para as Redes Sociais em 2022, e investigar temas como o fenômeno TikTok, o futuro do Facebook, conteúdo além do algoritmo e o futuro do “detox digital”.
Esse momento é nosso: se você tiver alguma sugestão de pergunta para fazer ao Orkut, me escreva no beatriz@bitstobrands.com até as 18h de HOJE (quinta-feira), para que eu finalize o roteiro com a sua contribuição.
E aguarde as próximas edições. :)
Das minhas abas para as suas
Bati um papo com as Donas da P* Toda, sobre a necessidade de performar nossa versão mais profissional em todas as redes sociais, o tempo todo. Falamos também de algoritmo e de criação de conteúdo. Tá bem legal :)
Astro, a Alexa sobre rodas. Que parece saído de um filme da Pixar, mas é o lançamento da Amazon mesmo. Recomendo que você assista o comercial dele [no link] para entender, e depois me conta o que achou lá no Twitter:
Ressaca do wellness. Quem aguenta adicionar mais um passo na rotina de skincare? Esse post questiona uma possível estafa geral depois de termos transformado rituais de autocuidado em gatilhos de consumo. Tem tudo a ver com o estudo que fizemos por aqui sobre A Economia da Ansiedade.
The Facebook Files. Eu fico uma semana offline e a casa caiu para o Facebook - de novo. O Casey Newton comparou os recentes escândalos com a Cambridge Analytica, mostrando onde eles se assemelham mas, principalmente, onde diferem. Destaco esse trecho:
A principal questão que as reportagens recentes pergunta é a mesma da Cambridge Analytica: o que essa rede social está fazendo com a gente? […] Parece evidente que ninguém na empresa, ou no mundo, sabe exatamente a resposta. Assim, a reputação da marca mais uma vez está em queda livre.
Final notes
Essa edição em forma de relato, mais pessoal que de costume, está assim porque acredito que um “detox digital” é algo muito individual. Não existe uma fórmula que funcione para todo mundo, o que existe é a gente experimentar diferentes técnicas em diferentes momentos da rotina, se perceber e incorporar o que funciona melhor para nós.
Tá todo mundo precisando desconectar um pouco. Só não vai ser do mesmo jeito :)
Não esquece de deixar a sua pergunta pro Orkut, tá? Estarei esperando. E nunca achei que fosse escrever essa frase.
- Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botão “responder”, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
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