nas edições anteriores
#242 | Correndo atrás
#243 | Marcas em Parintins
tempo de leitura: 6 minutos
para entender
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Você se considera uma pessoa cronicamente online?
Nos últimos tempos, essas duas palavras se tornaram adjetivo, característica e até meme. No limite do humor autodepreciativo do qual a internet é feita.
Segundo uma consulta rápida ao ChatGPT, o estado que elas buscam definir é um “onde a presença digital é constante e pode impactar significativamente o estilo de vida e o bem-estar da pessoa envolvida.”
Mas não só.
Ser cronicamente online tem se tornado parte da identidade das pessoas. Um aspecto da sua personalidade que influencia como elas interagem com o mundo e com as outras.
O tempo que você passa “arrastando para cima” determina as suas referências, gestos e vocabulário. Até chegar ao ponto em que apenas outros cronicamente online te entendem.
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Quando o assunto é passar muito tempo na internet, todo mundo se identifica de alguma forma.
Mas, por mais tempo que você passe online, necessariamente vai chegar o momento em que parece que as pessoas falam outro idioma ou moram em outro planeta.
Momentos, aliás, que acontecem com cada vez mais frequência.
Esses dias mesmo, me deparei com a seguinte manchete na Vogue:
Para entender qualquer coisa nessa frase a partir de “Jennifer Lawrence”, você precisa ter contexto da última polêmica geracional: millennials usam meias mais curtas, enquanto a geração Z usa meias de cano alto.
Até chegar na Vogue, foram certamente milhares de posts, vídeos, análises, comparativos, “get ready with me” etc. Alguns deles já tinham chegado até mim. Então, por mais nonsense que a manchete pareça, aqui ela fez perfeito sentido.
Eis que, nas mesmas 24h, o Duolingo aparentemente quebrou a internet. Ele se vestiu de gnomo (?) para entrar em um supermercado (?), e um vídeo de dez segundos teve mais de dez milhões de views.
E eu não entendi absolutamente nada. É como se a timeline inteira estivesse compartilhando uma grande piada interna, da qual só eu estava de fora.
A moral dessa história:
Não importa o quão cronicamente online você se considere, sempre haverá alguém mais cronicamente online do que você.
Uma pessoa, ou uma marca.
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“Para alguém que não está ‘cronicamente online’, algumas imagens ou palavras desconexas podem desencadear um lampejo de reconhecimento - um membro da família real, um personagem de desenho animado - mas a relação entre elas é impossível de desvendar. Adicione a linguagem absurda da cultura online e os algoritmos impenetráveis que decidem o que vemos em nossos feeds, e parece que toda esperança se perde quando se trata de dar sentido à internet.
Como isso aconteceu? Quando nossa comunicação digital se tornou tão difícil de decifrar?”- DAZED
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Duas palavras que abrem espaço para várias conversas: redes menos sociais, as bolhas que os algoritmos formam em volta das pessoas, o celular como extensão do corpo, a “memeficação” de tudo (tão forte na nossa cultura), o FOMO, sempre ele, regendo nosso comportamento e decisões…
Seja lá por onde ele começa ou onde termina, o “cronicamente online” deixou de ser uma característica, para se tornar uma premissa.
Um estado permanente, coletivo e necessário para navegar as redes sociais, o trabalho, os assuntos - o mundo.
Ou incorporamos ao nosso dia a dia, ou aceitamos que estaremos constantemente perdidos frente a uma conversa, interação ou notícia.
Mas aceitar a derrota não parece uma alternativa tão ruim, quando a competição envolve um infinito de assuntos, passando por referências e formatos que de um dia para o outro deixam de fazer sentido, cuja graça é também determinada pelo seu contexto e geração.
Ou seja: impossível de ser vencida.
O “cronicamente online” pode ser um destino inevitável ou um mal a ser combatido.
Ele é a diferença fundamental entre a pessoa que está sempre por dentro dos assuntos e aquela que precisa de uma longa explicação para entender um tweet.
E ele cumpre o seu papel quando vira, ele mesmo, um grande meme.
Que, aí sim, todo mundo é capaz de compartilhar e compreender.
para inspirar
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A última campanha do Google mostra as funcionalidades da busca, sempre no contexto de alguma situação cotidiana.
O que chama atenção aqui é a contradição entre momentos que não são necessariamente comuns, mas com os quais todo mundo consegue se identificar. Tipo esse, da pizza "de ontem”. E diversos outros como “lavar a louça sem congelar” ou “deixar o pet em casa sozinho”:
para fazer parte da conversa
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Uma nova Lu
Aos 20 anos de idade, a Lu do Magalu ganhou uma nova versão - mais moderna, mais tecnológica e muito mais realista.
Ela segue sendo influenciadora e ponto de conexão com as pessoas e com as marcas. Segundo a Forbes, ela “ganha condições de ser inserida mais rapidamente em propagandas de TV, apresentações ao vivo, fazer interações com áudio e até mesmo ser palestrante em eventos.”
Em 2020, na edição #105, a gente discutiu em detalhes a tendência das pessoas virtuais e deixou um questionamento que só fica mais importante: qual o limite entre a fantasia e a realidade?
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A marca dos fandoms
Dentro da estratégia de portfólio e de negócio da Cimed, Carmed deve ser a marca com a maior liberdade criativa. Desde o sucesso da parceria com Fini, o produto vem se adaptando de diversas formas para entrar nos fandoms e nas trends.
A última versão tem cor e sabor de brigadeiro, é assinada pela cantora Ana Castela e mira a Geração Z. Batizada de Carmed Boiadeira, a parceria testa mais uma vez o poder das estratégias de co-branding: trocar espaços, públicos e credibilidade, assim criando um todo mais valioso que a soma das suas partes.
para ler com calma
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Senão nas redes sociais, onde? [link]
Esse artigo explora o cansaço generalizado que estamos sentindo das redes sociais “de sempre” - mas a aparente paralisia ao pensarmos em migrar para outros espaços online.
“Nós (ainda) não estamos vendo uma adoção intencional de aplicativos mais saudáveis, com menos algoritmos, porque eles são feitos por adultos para adultos. E adultos não ‘adotam', pelo menos não em massa. Ao mesmo tempo, esses aplicativos têm pouco a oferecer em termos de fama e atenção para os mais jovens - de quem eles tanto precisam”.
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Como a marca é um acelerador de crescimento [link]
Segundo estudo da Kantar, são três tarefas que uma marca forte tem a cumprir: predispor mais pessoas, estar mais presente e encontrar novos espaços.
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A Stanley está virando uma marca de acessórios [link]
Após o hype dos seus copos Quencher, a marca percebeu que, uma vez que as pessoas têm o seu, elas carregam por aí. E criou bolsas próprias para isso.
para quem a gente é fora do trabalho :)
👩🏻💻
Nem precisa ser cronicamente online pra saber que Divertidamente 2 tomou as timelines desde que estreou. E os recordes de bilheteria talvez te digam que vale a pena assistir mais do que qualquer newsletter.
Mas, duas idas ao cinema depois, queria deixar o meu registro do quão brilhante é esse filme. Em cada uma das suas metáforas, ele ilustra perfeitamente as dinâmicas emocionais que nos definem (e aprisionam).
Jogar lembranças desagradáveis para o “fundo da mente”, desenhar cenários catastróficos noite adentro, perder de vista o seu “senso de si” quando a ansiedade toma conta…
Quando acaba, a sensação é de que tudo ficou um pouco mais nítido. Mais fácil de visualizar, de verbalizar, até de sentir.
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para dar um tchau
👋🏼
Eu costumo ser a pessoa cronicamente online das minhas rodas de amigos. Mas quando milhões de pessoas entenderam o post do Duolingo e eu não, entendi que havia algo de errado. Comigo, ou com elas?
A edição de hoje é uma tentativa de entender.
- Bia
Desculpe, mas achei um pouco engraçado o tom no qual o texto foi escrito (redes sociais, o novo terror do século!!). Certamente é estranho ver tantas pessoas cronicamente on-line, mas um dia foi estranho ter um telefone tijolão da Nokia, ou ter TV em casa. Os tempos mudam! Brincadeiras a parte, achei seu texto muito bem escrito, parabéns! Estou amando receber a Bits to Brands no meu e-mail. Abraços!
Na minha cabeça eu não sou cronicamente online, mas sempre sou entre as pessoas mais próximas. @_@