Bits to Brands #257 | Para todos os conteúdos que eu só visualizei
Principalmente os da Camila Coutinho.
nas edições anteriores
#255 | Voltar no tempo
#256 | A fórmula da collab
tempo de leitura: 6 minutos
para entender
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Antes de seguirmos, tem algo que você precisa saber sobre mim: eu sou fã da Camila Coutinho.
Eu admiro a sua trajetória e a evolução da sua marca pessoal, enquanto ela constrói uma marca de conteúdo e outra de beleza, todas em um ecossistema que só se fortalece, e como ela se renova sem deixar de amadurecer.
Mas esse não é um texto sobre a Camila Coutinho.
Esse é um texto sobre a nossa experiência geral criando conteúdo e construindo marcas na internet, além da nossa relação com as redes sociais.
Ele só começa no dia em que eu a conheci, na área de palestrantes do YOUPIX Summit.
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Uma amiga nos apresentou com toda a gentileza, destacando que eu sou fã dela e, no nervosismo de estar na presença de quem se admira, eu só lembro dela me perguntar simpática: “a gente é amigas de DM?”
Porque presumiu-se, na conversa, que eu já teria interagido com ela nas redes sociais.
E com a honestidade que eu levo pra todo lugar, eu respondi que não. Que eu nunca interagi com ela diretamente por ali, mas que eu acompanho o seu trabalho, que eu levo como exemplo para o meu planejamento, e até pra palestras.
Tudo muito breve, tiramos uma foto, e ela foi para o painel.
Desde então, eu fiquei pensando no fato de que tem poucas pessoas na internet que eu acompanho de forma tão assídua, e de quem eu sou tão publicamente fã quanto Camila Coutinho.
Por que será que as minhas interações não refletem isso?
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Talvez a gente esteja interagindo diferente mesmo. Algo que não é individual, e não é de hoje.
A primeira vez que Mark Zuckerberg falou em “um futuro privado” foi em abril de 2019. Ele acreditava que “com o tempo, uma rede social privada vai ser mais importante nas nossas vidas do que praças públicas digitais”.
Por um lado, é fácil para alguém como ele ter suas profecias cumpridas porque, um botão de cada vez, ele comanda a forma com que as pessoas publicam e interagem.
Porém, nem ele poderia prever o impacto de uma pandemia global na nossa relação com a internet, e do algoritmo do TikTok na criação e distribuição de conteúdo.
Planejados ou não, todos os movimentos do Instagram desde então foram nessas direções: a distribuição de conteúdo com base em entretenimento e interesses, e a interação via compartilhamentos.
Em 2022, o Adam Mosseri explicou que:
“Conectar as pessoas com seus amigos e família não é menos importante para nós hoje do que há dois, ou cinco, ou oito anos atrás. Mas como isso funciona, e como a gente tenta atingir esse objetivo, mudou conforme a maneira de se comunicar muda.
Em um mundo em que mais do conteúdo dos amigos foi do feed para os Stories e as DMs, o feed vai ganhar uma natureza mais pública. (…) Mas o conteúdo público também te conecta com os amigos. O feed é um lugar para descobrir assuntos para compartilhar.”
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Acho que isso explica a minha relação com o conteúdo da Camila. Eu assisto com atenção, chego a analisar comparando com outras referências e compartilho com as amigas.
Mas reparem que eu acompanho nas redes sociais, e elaboro em conversas.
Eu posso ser invisível para ela, mas ela é parte do meu repertório. E talvez seja assim para muita gente.
Para outras fãs da Camila Coutinho, para fãs de outras pessoas, até para você que está lendo essa newsletter. São milhares de leitores toda semana, enquanto comentários e respostas são algumas dezenas.
Tanto somos consumidores cada vez mais passivos de conteúdo, que as métricas começaram a se ajustar.
Há dois meses, Adam Mosseri anunciou em um Reels que o Instagram vai mudar suas métricas principais para focar em visualizações.
Porque quando o presente é privado, a relevância não é mais determinada pelas interações que as pessoas deixam públicas e visíveis - curtidas e comentários.
Ela está nas visualizações e nos compartilhamentos.
O que nos orienta a criar conteúdo que represente as pessoas e que entregue o tipo de valor que faz com que alguém compartilhe, para que outras pessoas vejam.
Seja nos seus Stories, ou em uma relação de amizade baseada em mandar Reels de “muito eu” o dia todo.
“As pessoas não estão ali para mim, elas estão ali para elas mesmas. Eu sou um condutor daquele sentimento”, disse o Tiago Iorc, falando sobre shows mas em uma conclusão que cabe aqui também. E ele disse, aliás, em uma entrevista para a Camila Coutinho (essa eu curti!).
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Este não é um manifesto pelo fim das interações.
As coisas nunca são simples e diretas quando o assunto é Instagram. A relevância está em views, mas ainda é importante que algo seja curtido e comentado, justamente para que seja visto por mais pessoas.
Engajamento é ótimo, não tem quem não goste.
Interaja publicamente com os criadores, com as marcas, com as pessoas que você gosta. A internet era um lugar mais legal quando a gente fazia isso.
Mas o fato é que hoje ela é diferente.
E a gente não pode cair na armadilha de criar conteúdo mirando em um tipo de comportamento que a gente mesmo não tem.
Talvez a gente tenha que pensar menos no CTA que vai fazer as pessoas comentarem, e mais no valor que fica para quem passar por ali.
É algo em que eu acredito? É algo que representa a minha marca? É algo que constrói para uma narrativa maior, no longo prazo?
Quando likes perdem importância, por que alguém deveria se importar?
Quando as métricas de curto prazo não contam a história toda, aí mesmo é que a gente precisa escrever conforme o que é consistente com a nossa marca e coerente com quem a gente é.
Porque as regras podem mudar, mas a credibilidade, a qualidade nas trocas e a confiança, estas permanecem.
Os fãs, também.
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Para saber mais:
_ Em 2022, duas edições foram dedicadas à história e evolução do Instagram - e referenciadas aqui hoje. São elas:
_ Recomendo também o livro Sem Filtro, de Sarah Frier. [link]
para inspirar
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É recebido pra cá, unboxing pra lá, mas quando foi a última vez que uma marca colocou tempo, investimento e recursos em algo que não passa despercebido? E que, além de chamar atenção, materializa o universo do produto despertando emoção e curiosidade? Porque é isso que um press kit deve ser.
A inspiração de hoje é a ação de lançamento do filme Todo Tempo Que Temos.
para fazer parte da conversa
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O Nubank quer ser seu chip
Com o lançamento da NuCel, o Nubank quer fazer com a burocracia e a má qualidade dos serviços de telefonia a mesma coisa que fez com o mercado financeiro: simplificar.
Uma proposta de valor assim clara garante a elasticidade que a marca precisa para abraçar todo tipo de serviço.
Mas será que ele tem relevância para os seus clientes? E será que esse movimento traz riscos à confiança na marca como um todo, ao entrar em um dos segmentos que mais trazem dor de cabeça para as pessoas?
Vamos ter chip do Nubank, ou a próxima versão da Judite vai ser em tons de roxo?
para ler com calma
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Um raio-x do fã brasileiro [link]
Uma pesquisa recente falou com 600 pessoas para entender o que ser fã representa no seu comportamento e consumo.
“Na era da internet, os fandoms se tornaram grupos com relevância cultural, potencial de consumo e poder de engajamento -- para o bem e para o mal”.
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Como a produtora do MrBeast funciona [link]
Aparentemente, este é um documento interno, redigido pelo maior youtuber do mundo para as pessoas que trabalham com ele. Contém a sua visão detalhada sobre trabalho, internet e criação de conteúdo, e é uma leitura essencial para todo mundo que se interessa sobre qualquer um desses temas.
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Por que o Duolingo é como é [link]
A head de marketing do Duolingo no Brasil contou para o Meio&Mensagem o que a trouxe até aqui, e o que motiva as ações da marca nas redes sociais.
“Tudo que fazemos no marketing do Duolingo tem esse propósito: mais brasileiros baixarem, usarem o app e realmente aprenderem um idioma e fazerem os cursos de matemática e música, que agora temos”.
para contar uma novidade :)
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Vem aí a primeira temporada de Tudo que Importa, um podcast Bits to Brands.
Serão seis episódios, cada um com um convidado e com um assunto como ponto de partida. Mas já adianto que as conversas vão em muitas direções.
Será mais um espaço na internet pra gente se conhecer, pra conhecer outras pessoas incríveis, pra conversar, pra trocar, pra aprender.
Pra ouvir de quem faz com coração e intenção, e se inspirar pra colocar mais de quem nós somos nas marcas e no mundo.
Os episódios vão ao ar toda segunda-feira a partir de 4 de novembro, e estarão disponíveis nas plataformas de áudio, no YouTube e aqui na caixa de entrada.
Isso significa que, nas próximas seis semanas, você vai receber dois e-mails.
A newsletter que já conhece, e um novo episódio do podcast toda segunda.
Tudo feito para, como sempre, valorizar o seu tempo e atenção e espalhar boas conversas. Nos vemos já já :)
para mais conteúdo
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Para quem vai ao RD Summit, queria contar que estarei lá no dia 6 de novembro, às 10h20 da manhã, logo após o CMO do Itaú abrir o evento.
Ou seja: em uma manhã você vai poder ouvir o case do maior rebranding do Brasil e responder comigo a pergunta do ano: será que toda marca precisa ser cronicamente online?
É só favoritar no app pra colocar na sua agenda, e nos vemos lá :)
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para dar um tchau
👋🏼
Eu tenho muito respeito pela permissão que você me dá, de te entregar uma newsletter toda semana. Há seis anos, é apenas isso que eu faço. Mas agora, nesse momento de entregar algo tão especial, eu acredito mesmo que merece um espacinho na caixa de entrada para apresentar o convidado, organizar as referências e te convidar para ouvir cada episódio do podcast.
A gente faz esse teste até o final do ano e depois você me conta o que achou, combinado? :)
- Bia
Nós somos amigas de Substack?
caraca, que reflexão bacana!