Bits to Brands #238 | As marcas pelo Rio Grande do Sul
Três perguntas, e algumas inspirações, para os próximos tempos.
nas edições anteriores
#236 | O que é inteligência?
#237 | A única tendência possível
tempo de leitura: 6 minutos
para entender
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Se na nossa última edição o momento era de dar visibilidade para o desastre climático em curso no Rio Grande do Sul, já estamos em outra fase.
Não há quem não tenha acompanhado. Seja pela cobertura in loco do Jornal Nacional, pela movimentação dos maiores influenciadores do Brasil, pelos multirões de doações ou pelos surfistas de ondas gigantes resgatando pessoas.
O momento agora é de solidariedade e ação. Pessoas e animais são resgatados todos os dias, novos abrigos surgem e precisam de estrutura, cidades inteiras seguem em estado de alerta.
Toda ajuda não é apenas bem-vinda, é essencial. E as marcas precisam fazer a sua parte.
Marcas são agentes ativos na sociedade. Não só pela sua força econômica, mas também pela sua influência sobre os nossos hábitos e comportamento. Além do seu espaço na mídia e capacidade de pautar discussões.
Com isso, vem responsabilidade. Que vai muito além de uma frase de “propósito”, que precisa ser exercida em todas as decisões e que deve mover as ações neste momento e para além dele.
Mas é normal não saber como agir, enquanto pessoas por trás das marcas: com muitas boas intenções, mas encarando a tragédia e a imprevisibilidade como os humanos que somos - cheios de emoções.
Não há fórmula ou recomendação única. É cedo, também, para julgar uma ou outra forma de solidariedade como “certa” ou “errada”.
Num momento em que faltam certezas e transbordam perguntas, três delas podem guiar ações nos próximos tempos.
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1. Como a sua visibilidade pode inspirar outras ações e doações?
Doar dinheiro, doar tempo, doar espaço, criar conteúdo, postar, não postar, como postar… Tudo pode se resumir a essa única pergunta.
Você pode inspirar outras ações na praça pública das redes sociais, ou no grupo do Whatsapp do condomínio.
A qualidade do alcance, com uma mensagem engajadora e uma ajuda direcionada, pode ser preferível a um alcance imenso usado de forma genérica ou irresponsável.
A gente sabe que palavras importam, que referências importam, que criatividade importa. A gente pratica isso em tudo que faz. Agora não pode ser diferente.
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2. Como o seu negócio pode ser útil para as pessoas que estão reconstruindo as suas vidas?
Agora, talvez seja em formato de uma doação proporcional à sua capacidade. Mas estamos falando de um impacto imenso, e uma reconstrução no longo prazo.
O povo gaúcho vai precisar retomar sua economia e suas carreiras, enquanto reergue suas cidades e se recupera de um enorme trauma.
Nesse contexto, uma marca pode ter papel importante em restaurar o senso de normalidade de alguém.
Pense em pertences que parecem “pouco essenciais”, mas que são parte da rotina e da identidade das pessoas - os seus óculos de grau, a sua gaveta de maquiagens, a camisa do seu clube de futebol, um quadro cheio de significado na parede.
Ou em um profissional autônomo cuja agenda de projetos esvaziou de um dia para o outro.
Ou em planos que precisarão ser reagendados, o que não significa que não sejam momentos sonhados e importantes.
Como facilitar esses ajustes, sem dor de cabeça e com ressarcimento?
Como movimentar a economia local, desde lojas e serviços, até profissionais criativos?
Como ajudar alguém a recuperar sua rotina, através das marcas e objetos que fazem parte dela?
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3. Como trabalhar ativa e intencionalmente para que este tipo de tragédia não aconteça mais?
Se a primeira pergunta precisa inspirar o agora e a segunda o próximo ano, a terceira é um questionamento que vai nos acompanhar por muito tempo ainda.
“A mudança do clima global é o maior desafio à ação concertada da humanidade neste início de século (…) Há consenso em que, mesmo ante a incerteza relativa à dimensão e distribuição espacial dos fenômenos climáticos, é preciso avançar em ações que aumentem a resiliência das estruturas que balizam a vida e a economia”. (The Intercept)
Precisamos, individual e coletivamente, colocar o meio ambiente e as mudanças climáticas no topo da nossa lista de prioridades.
Isso passa pelo que você consome, em quem você vota, qual conteúdo você compartilha e engaja, como você se informa. Porque tudo isso vai impactar como você vive.
Em meio a tantos rebrandings recentes, talvez o mais necessário seja o reposicionamento das pautas ambientais.
De “se sobrar tempo” para “vamos começar por aqui”. De “eventualidades” para “cenário”. De “ninguém liga para isso” para “essencial para a nossa imagem e reputação”.
Porque não é mais sobre “o mundo que deixaremos para as próximas gerações”.
É sobre o mundo em que vivemos - e vendemos, e consumimos, e convivemos, e ajudamos uns aos outros - hoje.
para inspirar
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Entre esse post e os exemplos compartilhados via Stories, já são mais de 30 referências na @bitstobrands.
Marcas gaúchas, marcas nacionais, marcas de todo segmento, produtos físicos, produtos digitais, coletivos de marcas…
Marcas, inclusive, que foram diretamente afetadas pelas enchentes, mobilizadas para ajudar o seu entorno.
Uma lista de inspirações para a gente deixar o “pode copiar, só não faz igual” de lado. Copia mesmo. Faz igual.
(confira também a parte 2)
para fazer parte da conversa
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Mais algumas dicas
Outras agências e profissionais de comunicação reuniram dicas de como conduzir o posicionamento e as ações da sua marca neste momento. Recomendo a leitura:
Material da ARP, com participação de diversos profissionais: um guia colaborativo para auxiliar empresas na gestão de crises e catástrofes.
Guia da Agência ALL, diretamente do RS, com dicas sobre como abordar o assunto nas redes sociais e referências seguras para doação.
Material da DNA Brands, com o ótimo título de “Comunicação com empatia para momentos difíceis”.
5 dicas bem diretas do especialista Galileu Nogueira.
Conteúdo é também uma forma de colaboração. Seja ajudando profissionais e empresas a tomarem decisões, seja dando dimensão do que está acontecendo e todas as ações e reflexões a serem feitas.
O pessoal da Versa fez isso de forma visual, sobrepondo as áreas de inundamento sobre as capitais do Brasil:
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Enquanto isso, a Apple lançava um novo iPad
Cujo destaque foi a campanha de lançamento. Ao ressaltar que era o mais fino da história, eles foram para um lado de “compacto” que mirou nos vídeos virais de objetos sendo esmagados e acertou… bom, assista para conferir.
Os comentários no tweet do Tim Cook dão o tom da repercussão negativa, e muitos consideram este o pior anúncio que a Apple já fez. A marca, inclusive, já assumiu como um erro e cancelou sua exibição na TV.
Pessoalmente, achei que essa solução resolveu bem.
para ler com calma
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O caos também é virtual [link]
Em meio a pedidos de ajuda e compartilhamento de imagens, tem se espalhado pelas redes sociais todo tipo de fake news. Em sua maioria com viés político, elas atrapalham as operações de resgate, aborrecem os voluntários da linha de frente e desvirtuam o debate.
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Uma conversa sobre mudanças climáticas [link]
Diretamente da Revista Capricho (#sdds), na inauguração da sua coluna fixa sobre meio ambiente e justiça climática, uma explicação bem didática:
“Esses desastres não são naturais, mas sim condicionados pela ação humana e agravados pela inércia do poder público e privado; e, sim, é possível prever determinados acontecimentos e criar estratégias de mitigação e adaptação que protejam pessoas e ecossistemas.”
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“Notícias de um jornal submerso” [link]
Um relato da última semana, do ponto de vista de jornalistas do veículo gaúcho Correio do Povo. Do editor que precisa manter a publicação acontecendo enquanto cuida da equipe, ao fotógrafo que pegou a estrada para registrar o desastre.
“Eu quero que meu jornal tenha a melhor imagem, para informar melhor o meu leitor. (…) Num Grenal, eu, que torço para o Grêmio, sou profissional. Fotografo os dois times da mesma forma. Mas ali [na tragédia], não tinha como. Me emociono, não sou um robô. Nessa hora, todas as fotos têm sentimento”
para quem a gente é fora do trabalho :)
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Nunca uma edição desta newsletter chegou tão tarde na sua caixa de entrada. Quase mais no fim de semana, do que na semana em si. Das “dores” de uma publicação 100% livre de inteligência artificial.
Cada palavra, aqui, é humana. E como tal, sente, absorve, tenta, pausa… até que continua.
Continuemos, todos.
Ajude, se puder e como puder, as pessoas que estão sofrendo as consequências das chuvas no Rio Grande do Sul.
- Bia
Genial!
Bia, já faz muito tempo que sou fã da Bits, mas neste momento, mais do que nunca, estou aplaudindo de pé o teu trabalho. É um respiro no meio desse caos ♥️