nas edições anteriores
#235 | Viés geracional
#236 | O que é inteligência?
tempo de leitura: 5 minutos
para entender
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Essa edição teria outro título e outro tema, não fosse a chuva que não para de cair no sul do Brasil.
As imagens que chegam do Rio Grande do Sul são absolutamente surreais. Pontes caindo, casas inundadas até o telhado, estradas fechadas, supermercados lotados. Mensagens, Stories, tweets para lá e para cá, aquela pergunta difícil de fazer: “você tá bem?”.
Algumas respostas são tranquilizadoras. Muitas outras, angustiantes.
Acompanhar com atenção as informações leva até threads esclarecedoras e links de vaquinhas confiáveis. Mas também revela imagens dignas de filme distópico.
Conforme a realidade alcança a ficção, a vida segue.
Na agenda, lá estão as reuniões, os prazos, os projetos para entregar. Na timeline, especialistas discutem as novidades do algoritmo. Fora a vida social, o entretenimento, os planos para o final de semana.
Por mais que ninguém tenha culpa e que a nossa responsabilidade seja com o nosso dia a dia, o nosso trabalho e os nossos sonhos, talvez a gente precise parar um pouco. Nem que seja pelo tempo de leitura desta edição.
Essas chuvas são mais um sinal da imprevisibilidade do clima e do quão vulneráveis nós estamos a esses fenômenos naturais.
Agora (e ano passado) foi o Rio Grande do Sul, mas não faz muito tempo era o Rio de Janeiro e Santa Catarina. Fora as regiões onde há secas, queimadas, calor extremo.
Não parece haver hoje uma tendência maior.
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O efeito das mudanças climáticas sobre o nosso dia a dia e nossos hábitos de consumo tem nome: ansiedade climática.
“A Associação Americana de Psicologia (APA) descreve a ansiedade climática ou ecoansiedade como ‘o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras’.”
O estudo da Plataforma Gente ainda traz alguns dados:
79% dos brasileiros declaram que já sentem impactos severos de mudanças no clima onde vivem.
85% dos brasileiros acreditam que os impactos das mudanças climáticas no país serão ainda piores nos próximos 10 anos – sendo que a média global é de 71%.
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As imagens do Rio Grande do Sul não representam apenas uma tendência. Elas são retrato de urgência.
Urgência por formas diferentes de produzir e consumir, por políticas sérias e realistas de preservação do meio ambiente e prevenção a desastres naturais.
Urgência por debates, posicionamentos e ações das quais nenhuma marca deveria se isentar.
Urgência por encarar a realidade.
Sem deixar de arrastar pra cima, viver grandes momentos culturais, entregar nossos jobs, fazer nossos planos.
Mas sem fechar os olhos para o que está acontecendo.
Porque a maior tendência, hoje, é a de que fenômenos climáticos continuarão nos surpreendendo.
E a única alternativa é estarmos conscientes e preparados para eles.
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A seguir, tem a curadoria de sempre. Mas antes, o link mais importante dessa edição:
para inspirar
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A Suvinil lançou um novo tom e aproveitou para fazer uma homenagem a um grande ícone brasileiro. Batizada de “vira-lata caramelo” e divulgada com imagens de modelos muito adequados, a tinta é um case de como conectar um produto à cultura e às redes sociais.
para fazer parte da conversa
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A dominação publicitária das apostas
Mais de 500 milhões de reais investidos. 18 de 20 camisas de clubes da Série A. O nome do campeonato brasileiro. Inserções por todo o horário comercial, fora as plataformas digitais.
De uns tempos para cá, parece que as plataformas de apostas estão em todos os lugares. E adivinha se essa estratégia, aliada à promessa de dinheiro fácil e à gamificação programada para o vício, não tem influenciado milhões de pessoas?
14% da população brasileira apostou em 2023. Conforme esse número cresce, aumentam também as histórias de endividamento e descontrole.
Será que publicidade de “bets” em 2024 está para publicidade de cigarros nos anos 80?
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Ela veio
A gente já viu ela da janela do Copacabana Palace, o palco está montado, centenas de pessoas estão aguardando na porta do hotel, outras milhares imploram por ingressos para a área VIP nas redes sociais.
É impossível ignorar a presença de Madonna no Rio de Janeiro. Estima-se que o show vai gerar 300 milhões de reais em impacto econômico na cidade - e nenhuma marca quer ficar de fora.
Além do Itaú, como anfitrião do evento, a Carmed repetiu a fórmula das collabs para distribuir produtos especiais, e O Boticário vai tornar a casa da Narcisa o camarote extra-oficial.
Nas ruas de toda a cidade, todo mundo quer um pedaço do maior evento pop dos últimos tempos.
para ler com calma
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O que licença menstrual tem a ver com branding? [link]
Atributos relacionados à marca como um todo a partir de uma iniciativa interna, a mídia espontânea por fazer algo ainda pouco difundido no Brasil, o “walk the talk” de gerar impacto de dentro pra fora… Aprendi tudo isso lendo sobre o primeiro ano de experiência da Editora MOL com essa política.
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“Nostalgia por algo que eu nunca vivi” [link]
Um desabafo Gen Z sobre uma vida sem redes sociais, algo que a maioria dessa geração nunca sequer conheceu:
“A maioria de nós recebeu celulares e tablets tão cedo, que a gente mal lembra da vida antes deles. A gente não sabe o que é se apaixonar sem ‘arrastar pro lado’. Não sabe o que é flerte e romance sem mandar DMs ou reagir com emojis de foguinho. (…) A gente nunca conheceu uma infância perseguindo experiências, riscos e independência, ao invés de correr atrás de ‘likes’ em uma rede social”.
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A teoria da “internet morta” [link]
Parece que conteúdo (bizarro) gerado por inteligência artificial tem se proliferado no Facebook. Isso tem reacendido teorias antigas, que falam sobre uma internet feita por robôs, para robôs.
“Os anunciantes poderão acabar gastando sua verba para colocar anúncios ao lado de conteúdos gerados artificialmente e que recebem a maior parte do engajamento de outras contas controladas por IA”
para quem a gente é fora do trabalho :)
👩🏻💻
Talvez o melhor Tiny Desk dos últimos tempos?
Sim, se você gosta de R&B, de músicas que a gente sabe cantar a letra todinha, e daquela nostalgia boa do início dos anos 2000.
Tudo isso, com uma harpa no meio da sala. 😮💨
para mais conteúdo
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para dar um tchau
👋🏼
Na “vida que segue” mesmo em meio às questões climáticas, era para ter saído um texto sobre o quanto os nossos gostos movem as nossas decisões, as redes sociais e as marcas.
Ele foi guardado e logo vem aí. Mas nos cinco minutos semanais que a gente compartilha, não me pareceu haver outra pauta possível hoje.
O único texto que eu consegui escrever, foi esse.
Ajude, se puder e como puder, as pessoas que estão sofrendo as consequências das chuvas no Rio Grande do Sul.
- Bia
Essa edição é o Branding Puro, tal como deveria ser: Amor pela causa. Parabéns pra você, incontáveis pontos para a Bits. ♥️
Falando diretamente de Porto Alegre, onde a situação está pior do que parece. Não é mais uma enchente daquelas que sempre ocorrem, é algo sem precedentes, com o Guaíba subindo mais de 5 metros! Infelizmente, um recorde que ninguém gostaria de bater. Qualquer ajuda é bem-vinda, especialmente por pix para a conta oficial do governo do estado criada e auditada para esse fim, pois os itens materiais também geram complexidade em triagem e logística de entrega. A capital está isolada por terra, aeroporto fechado, também alagado. 😭 Obrigada por tocar nesse tema e ajudar a divulgar.