Bits to Brands #154 | O poder da nostalgia
Por que tantas marcas têm apostado em referências do passado para construir valor no presente
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Tempo de leitura: 4 minutos
A edição de hoje tem Xuxa e Amazon, pipoca e Guaraná, Netflix e Casimiro, metaverso e até Termo, o jogo de palavras que dominou a timeline do Twitter. Vai ser impossível ficar sem assunto com os colegas depois de ler. Arrasa nas referências ✨
- Beatriz
Ocupar um espaço nas nossas memórias e coração é a melhor estratégia para ter lugar garantido no orçamento. Por isso, toda marca busca construir conexão emocional.
O que, por sua vez, não acontece da noite pro dia. É preciso clareza da proposta de valor, diferenciais relevantes, uma comunicação engajadora.. É um objetivo que demanda tempo, energia, equipe.
Mas e se eu disser que existe um atalho possível?
Que não dá para usar sempre, e não dá para ser a única carta no baralho, mas que pode ser um baita coringa? E que você já viu várias ações desse tipo nos últimos anos?
E se eu te disser que a Amazon usou essa semana mesmo - e vai ser difícil você não querer compartilhar?
Assista (fique de olho nos easter eggs), e aí volte aqui para o restante:
Um grande atalho para conexão emocional, ilustrado brilhantemente pelo “ABC da Amazon”, é o poder da nostalgia.
É quando marcas se associam a referências da nossa infância ou adolescência em produtos ou campanhas, buscando conexão emocional imediata (e, claro, vendas).
E o uso da nostalgia funciona não só porque tudo fica mais criativo e interessante, mas porque é reflexo do momento em que vivemos.
Esse em que:
Agora adultos, a geração que foi criança nos anos 90 e 2000 traz consigo a nostalgia por tempos menos digitais, pelos seus ídolos da época e pelas marcas que fizeram parte da sua infância. Com mais independência, fácil acesso e orçamento;
Com infinitas opções disponíveis, a ansiedade da escolha acaba nos levando a buscar produtos que possuem um legado, ou com quem nós temos lembranças ou associações;
A pandemia fez os últimos anos passarem de um jeito muito esquisito, com menos experiências positivas ou grandes descobertas. Em contrapartida, as décadas anteriores estão repletos deles;
A Gen Z, que já está ditando o rumo das conversas nas redes sociais, tem dado vida nova à inúmeras referências do nosso passado conforme as descobrem (mesmo que tratando como vintage).
Em tempos incertos e de excesso de informação, a segurança das memórias tem cada vez mais valor para nós. E, consequentemente, para as marcas.
O resultado são referências ao passado por todo lugar. De trends no TikTok ao horário comercial do BBB, passando por memes de “saudades Orkut”.
É por essas e outras que O Boticário criou uma linha de produtos com cheiro do nosso chiclete favorito da infância.
Que a Motorola fez um celular dobrável que lembra o clássico V3.
Que vai ter Avril Lavigne no próximo Rock in Rio.
Que a Amazon recriou o ABC da Xuxa.
E que estamos aqui hoje refletindo sobre tudo isso.
⭐ Momento de Inspiração
O Guaraná traduziu a sua marca em artigos de decoração, que estão à venda na Camicado. Tem balde de pipoca pra acompanhar o copo de Guaraná, mas também tem prato pra pizza e outros itens. Exemplo ótimo de como dominar o momento de consumo como um todo, de um jeito criativo (e bonito).
⌛ #tbt
Ritualização
A linha para casa de Guaraná remete também à tendência de marcas criarem ou participarem de rituais na vida das pessoas. Se todo domingo pede pizza, a pizza além de vir com um Guaraná passa a ser servida em um prato especial da marca.
Para entender mais sobre a importância de rituais e por que deixar de ser apenas um hábito, tem esse artigo que traduzimos em 2020:
Troca de abas
O homem disparou. Essa semana, Casimiro bateu o recorde brasileiro da Twitch na live de lançamento do documentário sobre Neymar, em parceria com a Netflix. Foram mais de 500 mil pessoas (incluindo o Neymar) assistindo ao vivo ao Cazeflix.
Metaverso é a nova buzzword do momento. Duvida? Então dá uma olhada nessa thread com 15 registros da palavra “metaverso” sendo usada sem qualquer contexto no CES. Qualquer semelhança com a série Silicon Valley é uma feliz coincidência.
O texto que você precisa ler nesse início de ano. Startupdareal escreveu sobre os desafios de desenvolver disciplina, e é indispensável para quem está tentando criar novos hábitos.
A UX por trás do jogo do momento. Se você não está jogando Wordle (ou Termo ou similares), como é ter esse nível de desprendimento? Porque quando eu vi os quadradinhos na timeline do Twitter, tive que descobrir o que era. E desde então, jogo todos os dias. Esse artigo explica por que o jogo encantou (e viciou) tanta gente.
👩🏻💻 Dica da Bia
After Life
Essa série conta a história de um homem tentando reconstruir a vida depois da perda da sua esposa. É melancólica e engraçada e irônica e sensível tudo ao mesmo tempo. Eu vi apenas a primeira temporada que, com episódios de meia hora e personagens caricatos, é dessas de assistir em uma tarde.
Está disponível na Netflix.
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
📚 se você está em busca da próxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicações de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.
Vale dar uma revisitada nas obras do Jenkins que trataram do culto ao objeto nostálgico e fandoms. Dá uma boa leitura do fenômeno, por que acontece, como se fortalece etc.
catar as referências da Xuxa da minha infância (ela passando Monange na cara) foi um grande momento da minha semana!