Bits to Brands #175 | O Instagram acabou (parte 2)
Novas reflexões que surgiram depois da última edição.
Previously on..
#173 | Me diz aonde buscas…
#174 | O Instagram acabou
Tempo de leitura: 6 minutos
Se você chegou agora, pode estar pensando que essa é uma newsletter sobre redes sociais. Ela não é. Mas não dá para falar de marcas, tecnologia ou comportamento sem olhar para mudanças tão intensas na maior rede social do mundo. Por isso, vamos de mais uma edição sobre esse assunto, antes de partir para os próximos :)
- Beatriz
(para falar comigo ou anunciar na Bits, responda esse e-mail ou escreva para beatriz@bitstobrands.com)
“Fup” é uma expressão que a gente usa no marketing, que vem de “follow up”: dar continuidade a um assunto, retomar um papo, fazer acompanhamento de um projeto.
Hoje a gente vai fazer um “fup” da edição passada. Porque ela foi a mais compartilhada da história da Bits (obrigada! <3), e também porque há um adendo importante a fazer.
Se antes falamos da história do Instagram e do que trouxe a rede social até aqui, hoje vamos olhar para o futuro. O que restou do que era, e o que vem por aí.
Algumas horas depois da última newsletter chegar no seu e-mail, chegou também uma entrevista do Head do Instagram, Adam Mosseri, com o jornalista Casey Newton. O que muita gente interpretou (e compartilhou) como “o Instagram vai voltar atrás”, era sobre muito mais sobre isso.
Os testes de feed imersivo e publicações recomendadas foram imediatamente tirados do ar. Não porque eles não vão mais acontecer, e sim porque eles ainda não acertaram o melhor formato.
E na leitura de Adam Mosseri, as reclamações generalizadas se devem a quatro fatores:
a nova versão, mais imersiva, do feed;
o crescimento de vídeos em relação a fotos;
o conteúdo recomendado no feed, de pessoas que você não segue;
a frustração com o alcance das publicações.
Ele fala sobre cada um deles num tom apaziguador, mas que em nenhum momento coloca essas estratégias como equívocos por parte do Instagram ou da Meta. E também não se refere a elas como inovações da empresa - tudo é encarado como movimentos maiores, aos quais eles estão apenas se adaptando.
Sobre fotos versus vídeos, por exemplo:
“Eu quero seguir fazendo um ótimo trabalho no mundo das fotos. Mas a gente foi ótimo com fotos historicamente. A gente não tem feito um bom trabalho com vídeo. Então precisamos nos atualizar ali. (…) A gente poderia não tentar fazer nossa oferta de vídeos tão boa quanto a de fotos, ou tão boa quanto a da concorrência. Mas eu acho que isso seria um erro, e que com o tempo as pessoas usariam menos o Instagram”.
Além dos fatores listados acima, o elefante em provavelmente todas as salas que Mosseri frequenta é o fato de o Instagram estar se tornando cada vez menos uma rede social para seguir seus amigos e conhecidos, e cada vez mais um lugar de “descoberta”.
Sobre isso, ele faz o que eu acho que é a principal afirmação sobre o futuro do aplicativo, e que conecta diretamente com o que falamos semana passada:
As pessoas pensam na gente como um aplicativo de feed, porque a gente começou como um aplicativo de feed. Quando a gente lançou o Instagram, não tinha Stories ou DMs. E na última década as pessoas mudaram a forma de interagir com os amigos. Elas estão nas DMs, nos Stories e nos grupos de mensagem.
Mais fotos e vídeos são compartilhados nas DMs do que nos Stories, por dia. E mais nos Stories do que no feed.
Conectar as pessoas com seus amigos e família não é menos importante para nós hoje do que há dois, ou cinco, ou oito anos atrás. Mas como isso funciona, e como a gente tenta atingir esse objetivo, mudou conforme a maneira de se comunicar com os amigos muda.
Em um mundo em que mais do conteúdo dos amigos foi do feed para os Stories e as DMs, o feed vai ganhar uma natureza mais pública. (…) Mas o conteúdo público também te conecta com os amigos. O feed é um lugar para descobrir assuntos para compartilhar com os seus amigos.
Quando a gente fala em “Make Instagram Instagram Again” e se sente nostálgico pelo que esse aplicativo foi um dia, a gente esquece que não é de hoje que ele não é o mesmo.
Houve um tempo em que a gente postava fotos filtradas de sushi e copos do Starbucks, escrevia frases inteiras em hashtags e fazia Stories de toda a rotina.
Hoje, são poucos os amigos que compartilham seu dia a dia nos Stories, e menos ainda os que postam fotos de comida e selfies no feed. Enquanto isso, estamos o dia inteiro mandando memes uns para os outros via DM. A forma de interagir mudou.
Esse tweet elucida bem a reflexão, ao questionar se o Instagram está tentando se tornar o TikTok porque a gente prefere mandar memes por DM e assistir vídeos virais do que ver selfies.
O que veio primeiro? A nossa falta de interesse em fotos e registros banais, ou o movimento da plataforma em direção a conteúdos que prendem a atenção por mais tempo?
Seja como for, o que se apresenta é um futuro com conteúdo baseado em vídeo e recomendado por algoritmo.
Nos próximos tempos, ou nos fecharemos nas nossas bolhas via DM e Stories, ou veremos nossos conhecidos virarem creators através de vídeo, das mais variadas formas.
Ou nos tornaremos mais passivos, já que o “seguir” perde a importância, ou daremos valor a cada segundo e cada like que ajudam a educar o algoritmo.
Ou nos adaptaremos aos poucos a plataformas já conhecidas, ou nos distribuiremos por aí e reuniremos nossas referências em grupos com interesses compartilhados.
Mas não ouso fazer apostas. Vai que uma rede social pautada por fotos e textos chega revolucionando tudo, e o Instagram se adapta novamente…
⭐ Momento de Inspiração
Às vésperas do lançamento do primeiro spinoff de Game of Thrones, a HBO Max e o Duolingo se uniram para lançar um curso atualizado de alto valiriano - idioma antigo no qual Daenerys Targaryen é fluente, e que a gente consegue reconhecer em expressões como Dracarys e Valar Morghulis.
São mais de 150 palavras e 700 frases para quem quiser assistir a série sem precisar de legenda. E uma ação que reúne co-branding e cultura pop de um jeito tão inusitado que faz total sentido.
patrocinada por DocuSign
Presencial ou remoto?
Dois anos depois da dinâmica de trabalho ter mudado bruscamente, estamos de novo em fase de adaptação. Enquanto alguns estão retornando ao presencial, outros defendem o remoto com unhas e dentes, e todos estão tendo que aprender o significado de híbrido.
O nosso jeito de trabalhar ainda vai evoluir muito. Isso vai exigir novos acordos, novas rotinas e uma nova cultura, compartilhada por empresas e colaboradores.
A DocuSign, que oferece assinatura eletrônica de documentos para mais de 1 milhão de empresas em todo o mundo, facilitou muito a vida das pessoas nos últimos anos e quer seguir parte do dia a dia - seja ele remoto, presencial ou híbrido.
Ela preparou um webinar sobre trabalho híbrido e volta ao escritório, para falar de flexibilidade, segurança, benefícios desse modelo e como tornar o processo mais tranquilo para gerentes e colaboradores.
Vai ser um encontro gratuito, no próximo dia 10 de agosto, às 10h da manhã.
Para participar, inscreva-se no link:
Troca de abas
Leituras complementares à edição de hoje:
Esse artigo, que diferencia "social media” de um futuro pautado por “recommendation media”, onde nossos círculos sociais terão menos importância do que os interesses mapeados por algoritmos.
Essa análise, enfática em afirmar que o “Tiktokstagram” está fadado ao fracasso, já que as estratégias recentes mostram que a Meta “não acha que consegue lançar um novo aplicativo de vídeo porque a sua marca é tóxica demais e irrelevante para os jovens, ou eles simplesmente não sabem fazer um aplicativo novo do zero”. Ouch.
A nova campanha do Google quer fazer o seu “feed” acontecer. Pelo que o vídeo cheio de celebridades ilustra, feed é aquele apanhado de notícias que aparece no aplicativo, abaixo da barra de busca. Será que com Facebook e Instagram pautados por vídeos, sobra espaço para um lugar para ver links de notícias?
Arrependimento de compra. Essa é mais uma sequela da COVID com que muitos estão tendo que lidar. No início do lockdown, muita gente resolveu investir em hobbies ou confortos que faziam total sentido naquele momento, mas agora.. não mais. Pense em máquinas de fazer pão, bicicletas ergométricas, redes, jogos de tabuleiro, conjuntos de moletom.. Esse artigo da VOX tem até um depoimento de uma pessoa que odeia a sua airfryer. Mas eu não ouso falar mal de airfryer senão acabo cancelada no Twitter.
👩🏻💻 Dica da Bia
A bolha da newsletter
Na sua última edição, a Gaía Passarelli descreveu (e ilustrou) perfeitamente o universo das newsletters:
A nova bolha de newsletter é uma mistura de prazer de leitura com falência de algoritmo. Tem a ver com a insatisfação com redes sociais, mas não só: existe uma necessidade genuína de se expressar de outra forma. De forma escrita (às vezes narrada). Pelo menos por aqui as newsletters são, ainda baseadas em palavras.
Eu amo a internet baseada em palavras, da qual sempre fiz parte (desde a época dos blogs e fanfics) e que hoje ajudo a construir através desse espaço.
Aproveitando, recomendo algumas das newsletters mais aguardadas da minha caixa de entrada, para quem quiser vir para “esse lado” da internet também. E já aviso: vai ser impossível sair :)
Tá Todo Mundo Tentando, crônicas sensíveis e inteligentes sobre o cotidiano;
New Plan Journal, textos, ilustrações e sempre uma boa reflexão;
Letters from Esther, uma sessão de terapia mensal direto na sua caixa de entrada;
Digital Native, análises sobre a intersecção de tecnologia e cultura (tudo a ver com a Bits!).
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
📚 se você está em busca da próxima leitura, confira a Biblioteca Bits to Brands, com indicações de livros em desenvolvimento pessoal, ficção, marketing e tecnologia.
Ótimas reflexões, obrigada! Estou adorando receber conteúdo por newsletter e sinto que é bem isso, cansaço do algoritmo e foco no que me interessa. Já pegarei as dicas pras minhas novas assinaturas. 😘
"Mas não ouso fazer apostas. Vai que uma rede social pautada por fotos e textos chega revolucionando tudo" Pode ser por aí... A gente sabe, por experiência, que essas ferramentas tem tempo de vida e penso que tem menos a ver com a habilidade da empresa em se reinventar, tem a ver com a geração, seus valores, seus gostos. Muitas pessoas "mais velhas" que eu conheço reclamam do Instagram estar mudando tanto, têm a mesma sensação saudosista - pode ser só a minha bolha também - e eu fico pensando se não seria melhor colocar outro app no ar e integrar tudo, como foi feito com o Facebook, deixar o Instagram como era antes. Na prática, me parece que o Instagram está correndo para alcançar um público que já tem uma marca preferida, e perdendo o público que já havia conquistado pois o app não é mais interessante para ele.