Bits to Brands #248 | Uma cobertura Olímpica
Os bastidores e aprendizados do Time Brasil nas redes sociais
nas edições anteriores
#246 | Rock in Rio: a marca
#247 | Pocket
tempo de leitura: 6 minutos
para entender
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Estranha uma semana em que o cheiro de café não está acompanhado de uma torcida fervorosa por alguém remando, correndo, lutando, ou um time inteiro em quadra.
Depois de 20 dias ininterruptos ligados nos Jogos Olímpicos, parece que falta alguma coisa.
Seja como informação, entretenimento, distração, torcida ou até companhia, todo mundo estava acompanhando as Olimpíadas.
Teve quem acompanhou pela TV aberta, pelos canais especializados em esporte ou pelo YouTube. E estamos analisando o estilo, impacto e contrastes entre essas transmissões desde então.
Mas seja com a Globo ou com a CazéTV, todo mundo acompanhou pelas redes sociais.
Este é o tipo de evento que resgata uma das melhores funções da internet: a vivência coletiva de alguma experiência.
Assistir junto, comentar com desconhecidos, rir na sua casa de uma piada que alguém fez do outro lado do mundo, porque vocês estavam olhando para a mesma cena, ao mesmo tempo.
Assistir coletivamente pode ser imediato - postar um Stories da TV no momento decisivo, ou rolar a timeline do X durante todo o jogo.
Mas pode esperar um pouco também. Pelos edits da "geração TikTok”, que tem a capacidade única de romantizar momentos através de filtros, cortes e trilhas sonoras.
Ou pela voz millennial e experiência de Fernanda Gentil, que fechava cada dia com as suas crônicas imperdíveis, pensadas em cada detalhe.
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E aí teve o perfil com o desafio de falar com todas essas gerações, em todos os canais, em todos os formatos.
O Time Brasil, perfil oficial do Comitê Olímpico Brasileiro, fez a cobertura completa da participação dos nossos atletas em todas as plataformas.
Seus canais cresceram mais de 42%. Foram mais de 1 bilhão de impressões. Viramos o comitê com mais seguidores no Instagram.
Porque o assunto estava em alta, certamente. Mas também por causa de mais de 4 mil posts em todas as redes sociais, em um trabalho do COB em parceria com a agência End to End, com um time de mais de 20 pessoas divididas entre o Brasil e Paris, em turnos que começavam às 2h da manhã.
Essa é a história que os números contam. Mas, por mais que no esporte uma fração seja a diferença entre a vitória e a derrota, em uma estratégia como essa o diferencial vai além do que se mede.
Uma das grandes disputas dessas Olimpíadas foi “informação versus entretenimento”. Narrar o que estava acontecendo, mas também torcer e participar de forma espontânea.
Houve quem optou por um, ou por outro. O Time Brasil conseguiu equilibrar os dois.
E o tom que informava, mas também conquistava e engajava as pessoas, foi transmitido em todas as redes sociais respeitando o seu tempo e as suas particularidades. A nota de dificuldade de uma estratégia como essa? Altíssima. A execução? Impecável.
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A partir de agora, quem conta detalhes sobre esse trabalho é Wagner Leitzke, head de digital da E2E e uma das pessoas por trás do Time Brasil nas redes sociais - em entrevista exclusiva para a Bits to Brands. :)
_ Quanto ao tom de voz, o equilíbrio entre informar e entreter foi planejado ou era espontâneo?
Isso estava definido na nossa estratégia desde o início. As informações estão nos canais de imprensa, que já fazem esse trabalho muito bem. Como conta oficial, podemos estar mais próximos do seguidor, trazer bastidores, fazer uma pessoa se apaixonar pelo esporte olímpico. O objetivo é de longo prazo, é de captar apoio ao esporte brasileiro, de desenvolver essa paixão desde a base. A informação crua não traz essa proximidade, não apaixona. Ao fim do dia, a informação precisa estar lá, mas no tom de voz adequado.
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_ Quanto aos diferentes canais, como foi o desafio de adaptar os mesmos eventos à linguagem de cada um?
O X/Threads precisa ser imediato, precisa trazer a reação, o momento. Por isso os “surtos” ao ganhar uma medalha, por refletir como o torcedor se encontra no momento. Ao mesmo tempo, é a rede que mais te permite ir além na informalidade. No Instagram, o apelo visual é muito maior, apenas o copy não basta, precisa ser bonito. Cada rede precisa ser pensada dentro de um macro, mas precisa ser trabalhada individualmente.
_ Quanto à estratégia de conteúdo, o que uma marca pode aprender com o trabalho do Time Brasil nas redes sociais?
Não adianta estar presente nas redes sociais. Precisa estar presente com o público das redes sociais, entender o tom de voz dele. A sua marca engaja ao receber um bom comentário? Ela cria discussões? Ela reflete o sentimento do seguidor naquele instante? Um exemplo disso, foi quando perdemos no vôlei. Um dos nossos criadores de conteúdo (Eduardo Madruga), simplesmente tweetou: “escuridão e trevas”. Isso resume o que o torcedor estava sentindo naquele momento. Informar, naquela altura, era inútil. Entenda sua audiência e converse, converse, converse com ela.
_ Quanto à capacidade de entender o público, o que vocês aprenderam sobre o público brasileiro?
O brasileiro quer estar ao lado e acompanhando os grandes eventos, quer estar e ser envolvido. O feedback do público, principalmente mais novo, foi extremamente positivo e deixa uma forte esperança de que houve uma aproximação com os esportes olímpicos. O idioma do brasileiro nas redes sociais, não importa qual seja a plataforma, é traçado através da proximidade e informalidade.
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para inspirar
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Para fechar o ciclo de inspirações olímpicas, um #tbt especial para quem sentiu saudades do nosso mascote das Olimpíadas do Rio, Vinicius.
Além de dono e proprietário do carisma e do gingado, ele é também fruto de um trabalho de design de personagens muito rico em detalhes.
Vinicius e Tom tinham histórias e universo, personalidades e poderes, 64 poses esportivas orientadas por especialistas em cada modalidade, material para licenciamento e manuais de aplicação de marca. E dá para conferir e admirar aqui.
para fazer parte da conversa
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E a Nike - acertou ou errou?
Lançada logo antes das Olimpíadas, a campanha da Nike buscava representar o lado real, humano e até “feio” da personalidade de um atleta de alto nível. Obstinação, determinação, ambição, competitividade.
Muitos apontaram que era um mau exemplo, e ia contra o espírito esportivo de verdade - de superação e colaboração. E as imagens icônicas desses Jogos comprovaram isso.
Mas talvez seja justamente esse contraste que faz da campanha um acerto. Porque é ponto e contraponto, é conversa, é trazer nuance e contradição para a narrativa.
A cada cena que mostrava o verdadeiro espírito olímpico, muitos apontavam “viram como a Nike estava errada?”, de forma que talvez não fizessem caso a marca tivesse ido numa direção oposta. Será que apontaríamos com tanta energia para momentos bonitos, dizendo “igualzinho à campanha da Nike”?
E talvez os momentos bonitos tenham ficado ainda maiores frente ao questionamento que a marca propôs.
O filme encerra com uma pergunta: “tudo isso me torna uma pessoa ruim?”. Que legal, depois deste ciclo olímpico, perceber que atletas talvez sejam aquilo tudo. Mas não - isso não os torna pessoas ruins.
para ler com calma
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Encontrar um esporte, encontrar um amor, ou ambos? [link]
De um lado, uma exaustão generalizada de aplicativos de relacionamento. Do outro, o pertencimento e identificação que os esportes proporcionam. No encontro, pessoas solteiras se encontrando como nos velhos tempos. E marcas cada vez mais atentas a isso.
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É possível trabalhar apenas quatro dias na semana? [link]
Os experimentos comprovam que: sim. 20 empresas no Brasil toparam o desafio de manter 100% da produtividade e dos salários, mas reduzir para 80% o tempo de expediente. Alguns resultados iniciais apontam aumento na produtividade e criatividade, além de horas de sono e saúde mental.
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O que é uma marca? [link]
Seth Godin deu uma das melhores respostas, acompanhada de uma série de outras perguntas a serem feitas para pensar na sua. Destacamos o trecho:
para quem a gente é fora do trabalho :)
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Desde sempre é um dos meus perfis favoritos no Instagram, mas de uns tempos pra cá a Contente.vc tem elevado o nível das discussões e reflexões. Vale o follow e a leitura atenta dos conteúdos recentes sobre saúde pública e a relação dos jovens com a internet.
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para dar um tchau
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A edição de hoje começou semanas atrás, com um post despretencioso no LinkedIn. Eu estava muito admirada pelo trabalho do Time Brasil nas redes sociais - e logo ficou claro que não era a única.
Os elogios começaram a circular, e chegaram até as pessoas por trás desse trabalho. Assim, pra seguir exaltando e também seguir aprendendo, cá estamos.
A internet pode ser um lugar bem legal :)
- Bia
Adorei a entrevista! Time Brasil deu um ótimo exemplo do poder de traçar uma estratégia e executá-la com maestria clap clap clap!