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Sete perguntas
Mais de dois anos e 120 edições depois, tenho uma lista das editorias que cabem aqui e, recentemente, me comprometi a trazer uma tendência de forma mais clara em cada edição. É pra ser como se o conjunto das edições do ano formasse, por si só, um report de tendências (alguém já tinha sacado isso? :)).
Mas hoje eu vou pedir licença pra fugir um pouco do planejado.
Não que não haja coisas interessantes acontecendo. A Peloton fez uma parceria com a Adidas (depois de uma parceria com a Beyonce) e está ditando o ritmo do futuro do fitness; e a Paramount+ fez uma parceria com a Casas Bahia e está querendo entrar nas casas dos brasileiros através do “Casas Bahia Play”, o que agita a disputa por quem vai ser a Amazon brasileira.
Entre outros movimentos que a gente certamente vai comentar aqui ainda. Mas hoje não.
Recorde após recorde, notícia após notícia, em isolamento total, hoje eu peço licença pra gente ter outro tipo de troca.
Uma em que nós somos indivíduos, eu e você, no Brasil em 2021 e tudo que isso representa em termos de perspectivas de futuro, saúde mental e sociedade. Uma troca em que talvez a gente só queira chorar, gritar, jogar tudo pro alto e desistir. Mas não pode, porque tem gente que conta com a gente, tem trabalho, tem projetos, tem futuro - tem que ter futuro.
A coisa que mais me inspirou essa semana nada teve a ver com tendências, ou marcas, ou tecnologia. Foi um artigo sobre pessoas. Pessoas e como elas têm passado o último ano, com todas as expectativas frustradas e descobertas importantes. Com toda a turbulência, mudança e mesmice.
Pessoas presas nessa realidade em que a vida, num paradoxo louco de tempo e espaço, parou e seguiu ao mesmo tempo.
O New York Times fez 7 perguntas para 75 artistas diferentes. Aí o Austin Kleon, escritor e uma grande referência em criatividade, se perguntou as mesmas 7 coisas.
E agora cá estão elas, para que você as faça também.
1) Uma coisa que você criou no último ano?
2) Você teve alguma ideia ruim no último ano ano?
3) Qual momento do último ano você jamais vai esquecer?
4) A quais tipos de arte você recorreu?
5) Quais amizades te ajudaram a passar por esse período?
6) Se você soubesse que estaríamos isolados por tanto tempo, o que teria feito diferente?
7) O que você ainda quer conquistar antes de voltar à vida normal?
Das coisas mais triviais às mais profundas, cada uma dessas perguntas me levou para um lugar diferente.
Pensei no trabalho, nos projetos, nas palestras. Pensei também na mudança de casa e no retorno à terapia. Pensei nos diversos momentos de apreensão e uma angústia desconhecida até então. Pensei em companhia, física ou virtual. Pensei nos livros de ficção e romances que ocuparam meu Kindle e meus fins de semana para tentar escapar. Pensei nos grupos de Whatsapp e num vai e vem de memes como forma de “to aqui, tá difícil, mas estamos juntos”. Pensei em todas as possibilidades que se abrem agora que estar fisicamente não é mais uma obrigação.
Pensei no bom, no ruim, no novo, no triste. Li cada pergunta e senti um pouco de tudo que tem passado por aqui. Senti por mim, pelos meus e por gente que, assim como eu, assiste ao jornal todos os dias e sente por milhares de pessoas que nem conhece. Gente que, seja por que ou por quem, anda sentindo muito também.
Então, é esse o convite que eu quero te deixar hoje.
Porque se tem hora pra tudo na vida, talvez essa não seja a hora de consumir ou correr ou se cobrar ou render. Tá tudo bem só parar pra sentir.
Na verdade, tenho um outro convite para deixar hoje. Além das sete perguntas, dá uma olhada nessas sete iniciativas que estão ajudando as pessoas na pandemia e, se puder, contribua com alguma delas. E também com o restaurante na esquina perto de casa, com uma empresa de ovos de Páscoa artesanais, com o entregador de delivery.
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Momento de Inspiração
O Itaú chegou no TikTok. Uma das minhas coisas favoritas sobre a plataforma é que as marcas tem que pensar bem antes de chegar lá. A lógica do “recebidos”, do textão, da celebridade, não funciona. Lá dentro, tem que pertencer. E um dos melhores jeitos de fazer isso é com música. Nesse vídeo do Pedro Sampaio tem sound branding, conteúdo, comunicação e estratégia. Mérito da marca - e do TikTok, que é o lugar onde essas coisas se misturam muito bem.
Caixa de Perguntas
Um espaço pra opinar mais livremente, falar mais da minha experiência, o que tem por trás da Bits e, claro, como eu posso ajudar por aí. Deixe aqui neste link sua pergunta sobre construção de marca, uma tendência recente, sobre newsletter ou estratégia de conteúdo, que toda semana uma delas será respondida :)
Bia, tudo bem? Quem são os profissionais de Marketing que mais te inspiram, ou que você acompanha, que de certa forma influenciam no seu conteúdo aqui? Acho a sua Newsletter incrível! Beijos!
Eu AMEI essa pergunta, obrigada! :)
Quando o assunto são profissionais que eu admiro, é tanta gente que renderia uma edição inteira, mas vou mencionar alguns com base em influência direta no conteúdo por aqui - seja como inspiração, seja como fontes de curadoria.
Scott Galloway, cujo conteúdo motivou a criação da Bits e quem eu sigo de perto até hoje (curso, podcast, newsletter..)
Seth Godin, referência em marketing contemporâneo e autor de alguns dos melhores livros no assunto
Ann Handley, especialista em marketing, conteúdo e newsletters, e a palestrante carismática que eu espero ser um dia
André Carvalhal, pelo conteúdo que mistura branding e futurismo e me inspira muito nas redes sociais
Ana Andjelic, que escreve a newsletter Sociology of Business, uma das melhores leituras da minha semana
Liliane Ferrari, rainha dos palcos e especialista sem meias palavras, que em todas as suas plataformas contribui para marcas mais autênticas e humanas
O que ler/assistir/conferir
100 regras para uma vida melhor. Lições curtas, objetivas e muito úteis, por Ryan Holiday.
Novas categorias de influenciadores. Depois dos "skin-fluencers” (influenciadores de skin care), agora estão sendo rotulados e analisados os fin-fluencers (influenciadores de finanças) e as gran-fluencers (avós influenciadoras).
Novas fontes de renda para influenciadores. Algumas delas mais perto de um episódio de Black Mirror do que estratégia de negócios, como a plataforma que permite que a audiência pague para votar no que o influenciador deve fazer ou vestir. Ele cria uma enquete, as pessoas votam, ele obedece. É a The-Sims-zação da influência. ¯\_(ツ)_/¯
Lembram do tweet que o Jack colocou à venda via NFT? Foi vendido essa semana por 2,9 milhões de dólares. O que justifica esse valor eu ainda não entendi, mas pelo menos o dinheiro foi doado para um projeto social. E se você ainda está se perguntando o que são NFTs, explicamos tudo aqui.
Depois dos jovens TikTokers e a sua capacidade de edição que nos fez sentir obsoletos aos 20 e poucos, para acabar com a esperança de vez tem esse vídeo aqui:
Final notes
Essa foi a edição mais pessoal até aqui, mas pra mim o criar tem muito de sentir. Porque se não tiver, não resta muito que nos diferencie dos algoritmos. Espero que você não se importe com a fuga do tema, e espero que a edição de hoje ajude de alguma forma, por menor que seja. Espero também que semana que vem haja energia para continuar explorando padrões e trocando ideias. Tenho esperado bastante nos últimos tempos.
Fique bem e em casa, se puder.
-Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botão “responder”, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
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