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Homecoming
Substantivo em inglês;
“volta para casa depois de um tempo longe”;
celebração tradicional em escolas e universidades americanas;
o fenômeno que a maioria de nós viveu em 2020.
Todo ano a IKEA conversa com milhares de pessoas no mundo todo para entender a relação com as suas casas. O que mudou de um ano para o outro? O que faz de uma casa um lar? E quais tendências isso apresenta?
Como você pode imaginar, 2020 trouxe resultados totalmente fora do padrão dos anos anteriores.
O ano foi chamado de “o grande recomeço da casa”, marcando uma mudança definitiva no “morar” em todo o mundo e por várias gerações. Se antes a casa poderia ser um mero detalhe num dia a dia em que se passava a maior parte do tempo fora, de repente ela se tornou tudo - escritório, bar, restaurante, academia, spa.. E mais importante: refúgio.
E aí entra uma comparação bem interessante.
O mesmo estudo, em 2018, destacou que uma em cada três pessoas se sentia mais em casa em outros lugares do que a sua própria casa. Isso porque as casas estavam se tornando menores, mais barulhentas e com menos conexão emocional (pense em apartamentos alugados ou compartilhados nas grandes cidades, ou pessoas que viajavam muito a trabalho, ou que se mudavam com frequência..).
Segundo a IKEA, “quando não conseguimos encontrar o que precisamos em casa, buscamos do lado de fora. A vida em casa está se tornando uma rede de lugares e espaços, e o sentir-se em casa pode ser encontrado em mais de um”.
Tudo caminhava nessa direção, até que veio a pandemia - o grande acelerador de tendências de 2020. Mas nesse caso, foi o oposto.
A tendência, que era de desconexão, fez uma curva brusca conforme nós começamos a encher nossas casas de plantas, cores na parede e velas, na busca por despertar ali um lar.
78% das pessoas afirmaram que suas casas foram santuários durante a quarentena.
A casa nunca foi tão importante, e ganha três grandes prioridades a partir de agora: tempo, espaço e natureza - além dos fatores que nos fazem sentir em casa (também segundo estudos da IKEA): privacidade, segurança, conforto, ownership (senso de dono) e pertencimento.
Há menos de um ano, “casa” tinha um significado totalmente diferente para muita gente.
Se antes a casa poderia fazer vezes de depósito, aquele lugar só para dormir, que nem era o que a gente queria mas era perto do trabalho ou do metrô, nos últimos tempos precisamos encará-la de frente.
E com ela, muitas escolhas de vida também. Companhia (ou falta de), localização (ou distância), espaço para hobbies (antigos ou novos), conforto. A casa virou manifestação física das tantas transformações que ocorreram e, assim, mudou também.
Seja pela busca por uma cozinha grande. Ou uma cadeira confortável. Um sofá para acomodar os animais de estimação. Uma pequena floresta para encher de vida. Uma rede no canto onde pega sol. Uma parede colorida para trazer aconchego. Uma vida perto do mar.
No último ano, fomos convidados (ou seria convocados?) de volta às nossas casas. Que de canto em canto, a cada escolha escolha, tornam-se cada vez mais lares. E quanto mais confortáveis nos tornamos, melhor parece esse improvável aspecto do tal novo normal.
[Confira aqui os estudos completos da IKEA: de 2018, de 2020 e todo o histórico.]
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Momento de Inspiração
A Barilla criou playlists no Spotify que duram o tempo ideal de cozimento das suas massas. A marca transformou tempo em música para destacar praticidade e portfólio - e garantir que ninguém mais erre o ponto de uma massa perfeitamente al dente. Para quem gosta de cozinhar, aqui tem mais detalhes da ação e links para ouvir.
Caixa de Perguntas
Um espaço pra opinar mais livremente, falar mais da minha experiência, o que tem por trás da Bits e, claro, como eu posso ajudar por aí. Deixe aqui neste link sua pergunta sobre construção de marca, uma tendência recente, sobre newsletter ou estratégia de conteúdo, que toda semana uma delas será respondida :)
O que não pode faltar no brandbook de uma marca que está começando?
Eis, na minha opinião, o que não pode faltar em nenhum brandbook:
Utilidade e acessibilidade. Um bom brandbook é um documento que circula, que esclarece dúvidas e que se faz presente no dia a dia. Se ele é um PDF guardado em uma pasta escondida em algum lugar, algo não está certo.
Contemplar todos os ambientes onde a marca existe e interage. Em 2021, não dá mais para ter brandbook apenas com aplicações em papelaria, cartão de visitas e caneca. É preciso que ele inclua exemplos dos principais ambientes por onde a marca circula.
Equilíbrio entre consistência e adaptabilidade. O principal papel do brandbook é garantir a consistência da marca, mas quanto mais “engessado” ele for, maior é a chance das pessoas darem um ~jeitinho. Então é importante considerar as nuances de cada canal e área, e tentar prever diferentes situações.
Estratégia e personalidade. Muitos trazem diretrizes somente de design e consistência visual, mas a mesma atenção deve ser colocada em garantir que a marca se expresse da forma correta e construa uma mensagem única. O brandbook pode ser aliado nisso também.
O que ler/assistir/conferir
Como 2020 mudou o nosso jeito de assistir TV. Falamos aqui na época sobre como o final de Game of Thrones (gatilho) seria também o final da experiência coletiva e compartilhada de entretenimento, conforme mais plataformas de streaming descentralizavam o horário nobre. Mas aí veio a pandemia e, com todo mundo em casa, cada mês teve o seu programa “coletivo”. Esse artigo é escrito por um americano, por isso não contempla o fenômeno do BBB - que cabe perfeitamente aqui também.
FDS pode significar coisas bem diferentes. Aparentemente, os ~jovens estão ressignificando algumas siglas e criando a sua própria linguagem na internet. Quer um belo teste de idade? Veja quantos termos você entende na frase: 'acho que esse streamer vai levar um strike de dmca por causa de tos da Twitch, mas o chat todo tá spammando catJAM'. (eu entendi quatro)
Pela primeira vez desde 1983, não vai ter anúncio da Budweiser no Superbowl. A marca trocou a presença praticamente garantida nos rankings de publicidade por uma doação de aproximadamente 5 milhões de dólares para a vacinação contra a Covid-19, e se explicou no vídeo abaixo. Imaginem se essa moda pega?
O mercado das newsletters está aquecidíssimo. Em uma semana, dois anúncios: o Twitter comprou a Revue, plataforma de newsletters similar ao Substack, e já começou cortando a taxa pela metade para incentivar jornalistas e criadores a monetizar seu conteúdo. Além disso, a Forbes criou a própria plataforma de newsletters pagas. Um caso clássico de se não pode vencê-los, junte-se a eles. Será que 2021 é o ano da newsletter?
E falando em mercado, aparentemente tem algo muito estranho acontecendo em Wall Street, graças à uma movimentação no Reddit. Tá explicado aqui nessa thread, e também na EXAME.
Final notes
O tema da edição de hoje já era uma tendência que eu vinha acompanhando há um tempo, mas se consolidou essa semana depois de um “extreme makeover” aqui em casa. Sou parte da estatística dos que perceberam que “não cabiam” na sua casa, e depois de me mudar tenho vivido intensamente a experiência de tornar a casa nova um lar. Um caminho sem volta, com muitas paradas no Pinterest e na TokStok.
-Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botão “responder”, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
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