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Tempo de leitura: 5 minutos
Casa de Cartas
Em março de 2020, escrevi um artigo sobre as diferentes realidades em que estamos inseridos.
No mesmo tempo-espaço, com as mesmas leis, os mesmos fatos, vivenciando exatamente a mesma realidade fĂsica, somos capazes de ter como âmundo realâ unviersos completamente diferentes, com base no que acreditamos.
Isso, por si sĂł, jĂĄ Ă© um aspecto comportamental fascinante. E aĂ acrescentamos as redes sociais e a sua capacidade de transformar qualquer coisa em realidade compartilhada se tiver compartilhamentos suficientes nas redes sociais.
E a gente vai deixando, e vai atĂ© se divertindo, vai observando e tentando esclarecer aqui e ali aquele conhecido que acha que vai virar jacarĂ© se tomar vacina, ou que Ă© tudo uma grande conspiração. Porque Ă© inofensivo, nĂ©? Ă uma corrente de zap, ou um maluco no Twitter, a gente vĂȘ uns 10 por dia e nunca deu em nada..
Até que deu.
Nos Ășltimos dias, o mundo assistiu em choque Ă desinformação, o extremismo e o comportamento de manada que as redes sociais alimentaram por anos ganharem vida. Quase como naqueles filmes dos anos 90, em que o monstro saĂa da tela da TV e entrava na sala de casa.
Foram anos de artigos, documentĂĄrios, denĂșncias constantes sobre o impacto das plataformas na polĂtica e na sociedade, e mesmo assim chegamos nesse ponto.
Agora o foco Ă© evitar de todas as formas que novos episĂłdios de violĂȘncia e incivilidade aconteçam nos prĂłximos dias. E aĂ quem chegou pra salvar o dia? Ele mesmo, Mark Zuckerberg.
Tomando a medida que todos seguiram logo após, ele bloqueou a conta do presidente Trump do Facebook - que hoje não pode postar lå, nem no Twitter, nem no YouTube. (Só sobrou o TikTok, que de tanto que ele não quis agora não o quer também).
HĂĄ pouco a ser discutido pelas medidas em si, sendo uma questĂŁo de polĂtica das plataformas e seu direito banir usuĂĄrios que nĂŁo as respeitem. Mas hĂĄ muito a se refletir sobre o impacto dessas decisĂ”es.
1. Por que só agora? Não foi a primeira vez que o presidente fez esse tipo de publicação.
2. Who run the world? O fato de um conjunto de CEOs ter a capacidade de praticamente calar um presidente diz muito sobre a nossa sociedade, e o tamanho do poder concentrado em tĂŁo poucas mĂŁos.
3 Ă uma confissĂŁo de culpa? Se as suas plataformas sĂŁo apenas o meio, e nada tĂȘm a ver com o conteĂșdo e opiniĂ”es que circulam lĂĄ dentro, por que bloquear as pĂĄginas Ă© uma medida de segurança? Talvez porque aqueles posts e seus comentĂĄrios tenham impacto, sim, na vida real?
4. O que poderia ter sido feito antes? Atitudes foram tomadas aqui e ali, mas nunca nada tĂŁo drĂĄstico. Medidas como restringir a segmentação de conteĂșdo, por exemplo, jĂĄ eram levantadas desde a Ă©poca da Cambridge Analytica.
5. Que tipo de precedente isso deixa para os prĂłximos anos? Porque, ao que tudo indica, o extremismo nĂŁo vai diminuir. SerĂĄ esse apenas o primeiro caso de uma figura assim pĂșblica sendo bloqueada?
6. Vai chegar a hora do Brasil? O conteĂșdo publicado pela nossa grande autoridade nĂŁo difere muito do presidente americano (propositalmente, inclusive). SerĂĄ que corremos o mesmo risco?
E por Ășltimo e mais importante:
7. Existe saĂda? Ă possĂvel frear esse tipo de movimento antes que ele chegue ao ĂĄpice? Ă tarde demais para evitar que o Ăłdio exacerbado que circula nas redes sociais transborde para o mundo real?
Existe alguma forma de aproximar as realidades em que a gente vive - nĂŁo sĂł umas das outras, mas dos fatos em si? E qual o papel que as redes sociais tĂȘm a cumprir nisso de forma coerente e definitiva, e nĂŁo sĂł emergencial?

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O texto de hoje foi publicado em resumo no Instagram, e com esse botĂŁo vocĂȘ compartilha nas outras redes sociais:
Momento de Inspiração
Muita coisa legal jĂĄ aconteceu do fim do ano pra cĂĄ, mas o rebranding do Burger King foi o grande destaque. Deve ser bem difĂcil renovar uma marca tĂŁo conhecida e com tantos pontos de contato no mundo todo. Isso torna esse trabalho ainda mais brilhante. Uma aula de como entregar simplicidade sem perder personalidade e diferencial.
Caixa de Perguntas
Comecei essa seção ano passado e desde entĂŁo 14 perguntas jĂĄ foram respondidas - sobre estratĂ©gia, conteĂșdo, newsletter, branding.. Ă um espaço pra opinar e esclarecer mais livremente, falar mais da minha experiĂȘncia, o que tem por trĂĄs da Bits e, claro, como eu posso ajudar por aĂ.
Dito isso, agora Ă© com vocĂȘs: vamos encher essa caixinha com perguntas para 2021? :)
Deixe aqui neste link sua pergunta sobre construção de marca, uma tendĂȘncia recente, sobre newsletter ou estratĂ©gia de conteĂșdo, que toda semana uma delas serĂĄ respondida.
O que ler/assistir/conferir
Tem algo muito especial em construção por aqui. Em breve vamos lançar um Curso de Curadoria de ConteĂșdo para Marcas e Criadores. Ă para aprofundar em curadoria como tendĂȘncia, estratĂ©gia e ferramenta. De forma prĂĄtica, com base em mais de dois anos de newsletter e muita pesquisa. A turma Ă© pequena, por isso peço que se vocĂȘ tem interesse, deixe suas informaçÔes aqui neste link para saber de tudo antes e garantir vaga :)
O rebranding da Pfizer. Uma marca que estĂĄ deixando de ser reconhecida pelas suas pĂlulas (como Advil e Viagra), e migrando para o noticiĂĄrio e a vanguarda em pesquisa cientĂficas precisava de um novo visual para acompanhar a mudança.
Com a popularização das Alexas, histórias como essa se tornarão comuns:


Ă possĂvel construir marca fora do Instagram? Fiquem de olho na Bottega Veneta. A marca deletou a sua conta, disposta a provar o ponto de que luxo Ă© sobre desejo e exclusividade. Tem muitas tendĂȘncias amarradas nessa notĂcia - desde âoffscreen Ă© o novo luxoâ Ă âmercantilizaçãoâ de tudo no Instagram. Ressignificar a presença de marca Ă© preciso. E tal presença pode e deve estar muito alĂ©m das redes sociais.
O Notion viralizou no TikTok. Uma combinação surpreendente, pra mostrar que a rede nĂŁo Ă© feita sĂł de dancinhas. Um produto complexo, preto e branco e (em regra) B2B, caiu no gosto dos jovens e surpreendeu atĂ© o time de marketing. Mais um ponto para o engajamento que o conteĂșdo feito de pessoa pra pessoa e espontĂąneo que sĂł o TikTok Ă© capaz de proporcionar.
Eu vi Soul dias antes da virada do ano, e o filme me inspirou a nĂŁo listar metas para 2021. Quero seguir realizando, criando e produzindo, mas com foco na jornada e em inserir hĂĄbitos e rituais melhores na minha vida - e nĂŁo com metas a bater como se sĂł aquilo fosse a Ășnica validação. Meio anti-coach, mas bem como esse filme se propĂ”e a ser. Uma obra prima da Pixar que todo mundo deve assistir.
Final notes
2021 vai ser leve!, eles disseram. NĂŁo tem como piorar!, eles disseram. E cĂĄ estamos abrindo o ano com uma anĂĄlise dessas haha Mas nĂŁo vou perder a esperança de que vai melhorar. Por aqui, tem muitos projetos, muito conteĂșdo, muita coisa legal pra tirar do papel este ano. Vamos juntos pra mais um :)
-Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botĂŁo âresponderâ, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com
obrigada por ler até o final, e não esqueça de compartilhar :)
đ©đ»âđ» curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteĂșdo e escritora de e-mails.
đ© essa Ă© uma newsletter semanal sobre tendĂȘncias de tecnologia e comportamento para marcas. se vocĂȘ aproveitou essa edição e ainda nĂŁo assina, receba por e-mail: