Bits to Brands #106 | Os cinco A's da desinformação online
Decifrando o que existe por trás de uma das maiores histórias de terror da vida real
Tempo de leitura: 6 minutos
"Como você escolhe o tema de cada newsletter?”, muita gente pergunta.
Hoje foi assim: o halloween está chegando, então pensei que podia ser algo ~temático.
Aí fiquei pensando sobre as coisas mais assustadoras da vida real. Aí me deparei com este infográfico do pessoal da Growth Design. E estamos em época de eleição.
Uma coisa mais a outra, e temos a edição de hoje. :)
-Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botão “responder”, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com :)
Os cinco A's da desinformação
A ficção do entretenimento tem muito que correr atrás da ficção que tomou lugar dos fatos na nossa vida e dominou o debate - das fofocas mais inofensivas ao controle de uma pandemia mundial.
Quem precisa de Black Mirror quando todos os dias a gente se depara com mentiras deslavadas ou, no mínimo, verdades duvidosas, circulando livremente por aí?
E o que é pior: movidas com a ajuda de muita gente que a gente conhece. Difícil que ninguém tenha um parente, ou vizinho, ou colega que é disseminador profissional de desinformação via ~ZAP. Ou Facebook. Ou Twitter.
Segundo o professor Scott Galloway, “o real catalisador da escalada massiva da ficção são as redes sociais, onde mentiras se espalham seis vezes mais rápido do que a verdade”.
Mas como é que isso acontece?
O pessoal da Growth Design elencou cinco fatores que levam as pessoas a espalharem desinformação. Com foco no Facebook, mas que certamente se aplicam a outros ambientes virtuais. São eles:
🤖 Algorithm (algoritmo)
A tal “fórmula mágica” que é ensinada a te mostrar cada vez mais daquilo que acredita que você gosta de ver. E como ela adivinha? Analisando o conteúdo com o qual você interage.
O plot twist aqui é que a gente tende a interagir mais com conteúdo que nos revolta. Ou seja: você pode estar involuntariamente ajudando a propagar as fake news que mais acha absurdas, justamente ao comentar ou compartilhar o quão fora da realidade elas são.
👁 Availability (disponibilidade)
Ah, o tal “feed infinito”. Não importa quanto tempo você passe scrollando, sempre vai ter mais algum conteúdo pra ver.
Assim as redes sociais vão passando pelos seus amigos e familiares, depois pelas páginas que você segue, e entre elas vão pincelando conteúdos patrocinados ou aquele famoso “fulano curtiu esse post aqui”.
E a gente, na preguiça do scroll, vai absorvendo esse monte de informação a ponto de perder o discernimento entre o que escolhemos e o que é escolhido para nós.
✋ Ability (habilidade)
Para garantir o “social” em “rede social”, as mentes mais brilhantes do mundo criaram uma série de features e botões para garantir que as pessoas interajam umas com as outras.
Assim, compartilhar um conteúdo é tão fácil quanto um ou dois toques. Inclusive, 59% dos links compartilhados nas redes sociais são compartilhados sem sequer serem lidos.
O importante é manter a informação circulando - faça ela sentido, ou não.
📣 Amplification (amplificação)
E aí a roda do algoritmo continua girando, e quanto mais um conteúdo é comentado ou compartilhado, maior a chance dele ser visto (e comentado, e compartilhado) por cada vez mais pessoas.
🔥 Ambiguity (ambiguidade)
Por fim, para combater a desinformação é preciso primeiro identificá-la como tal. Num sistema tão simples quanto: “Isso aqui é mentira” versus “Isso aqui é verdade”.
Antes fosse. Porque muita mentira vem vestida de opinião. Ou de meia verdade. Ou de “passível de interpretação”.
Mesmo quando não está disfarçada, ela precisa que alguém a categorize, e nenhuma plataforma quer ser a dona da verdade. E talvez nem nós queremos viver num mundo em que elas sejam. Imagina o Mark Zuckerberg como juiz de toda informação que circula? Ou o Jack Dorsey com carta branca para apagar qualquer publicação a qualquer momento?
Em resumo
Para mim, uma das maiores histórias de terror da vida contemporânea é o conto de como viramos reféns de mentiras que regem as nossas vidas em sociedade, com muito esforço das pessoas, uma forcinha de algoritmos e a conivência de anunciantes.
E assim como os monstros que nos assustavam na infância, não dá pra se esconder embaixo das cobertas e esperar passar. É preciso agir para enfrentar o medo.
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Para saber mais sobre o tema:
O infográfico completo da Growth Design, que embasou o texto.
Nesse vídeo, o professor Scott Galloway explora 3 tensões que movem a sociedade. Uma delas é o tema de hoje: fato versus ficção.
para seguirmos essa conversa, deixe um comentário na edição de hoje. você acha que é possível enfrentar o ~monstro da desinformação? ou é tarde demais?
eu sei, a gente anda meio afundado em conteúdo sobre marketing, branding, tecnologia etc.. mas eu aposto que metáforas de halloween pra falar de fake news você só encontra aqui. compartilhe para que mais gente possa nos encontrar também:
Momento de Inspiração
O TikTok lançou a sua primeira campanha na TV aberta, e o conteúdo que rola lá dentro é tão único e bem produzido, que foi só juntar alguns vídeos, colocar uma trilha sonora e pronto. “Começa no TikTok” também posiciona a marca como fonte de inspiração e conteúdo para todas as outras plataformas. O que ela é mesmo.
Caixa de Perguntas
(deixe aqui neste link sua pergunta sobre construção de marca, uma tendência recente, sobre newsletter ou estratégia de conteúdo, que toda semana uma delas será respondida)
Queria saber um pouco mais sobre como fazer o funil de vendas pro mkt de conteúdo (estágios da compra, como direcionar cada conteúdo pro estágio certo) bjs, amo seu conteúdo!
Posso responder com uma imagem? Essa semana mesmo esbarrei com esse infográfico da SEMRush no LinkedIn e sabia que ele tinha que estar na Bits. Ele traz sugestões detalhadas de formatos de conteúdo que podem funcionar bem em cada etapa do funil.
Eu gosto de pensar assim: conteúdo topo de funil é o que vai atrair a pessoa para a sua página. Conteúdo meio de funil é o que vai fazer com que ela fique. E conteúdo fundo de funil é o que vai apresentá-la aos seus produtos.
(clique na imagem para ver maior)
O que ler/assistir/conferir
Marvelous Mrs. Maisel. Eu comecei essa série semana passada, e não consegui mais parar. É a história de uma mulher nos anos 50 que, depois de um divórcio conturbado, esbarra no seu talento: o stand-up comedy. Roteiro, atuações, trilha sonora, figurinos.. É tudo maravilhoso. Não tem nenhuma lição de marketing aqui, é simplesmente um belíssimo jeito de passar o feriado. Disponível na Amazon Prime.
Os números do iFood na pandemia. Alguns dados sobre o comportamento do brasileiro em relação à delivery, como a pessoa que fez mais de cinco pedidos por dia todos os dias, e o aumento de 232% nas entregas de café da manhã.
Você tem se sentido velho nas redes sociais? Pois não está sozinho. Aparentemente, os memes sobre millenials se sentindo ultrapassados já são considerados tendência na internet. Essa análise da VOX sobre o tema indica, por exemplo, que esse fenômeno pode ser mais forte na geração atual porque antigamente as pessoas só tinham o seu círculo a quem se comparar. Hoje em dia, a gente constantemente se compara com todo mundo, no mundo todo.
Painel sobre slow content. Um dos meus eventos favoritos. Um dos meus temas favoritos. Alguns dos meus profissionais favoritos. Tudo isso num painel, e de graça. Eu vou mediar um papo no Festival Social Good Brasil, com o André Carvalhal, a Sue Coutinho e o MM Izidoro.
Vai ser no próximo dia 4 de novembro às 16:45. Inscreva-se aqui.
Manda jobs!
(se você tem vagas abertas e quer atrair gente boa e sempre ligada em novidades, pode mandar em beatriz@bitstobrands.com)
Todas as vagas que já chegaram até aqui estão reunidas neste link, e hoje recebemos vagas no mais recente unicórnio brasileiro - a VTEX (chiques!). Segue o recado:
A VTEX está com mais de 300 vagas abertas no mundo todo, incluindo trabalho remoto. Muitas dessas vagas ainda nem estão publicadas mas vão ser nos próximos dias/semanas.
Essa é a página de Carreiras e aqui a página de vagas. Onde o céu é o limite para contratarmos no momento é no time de Engenharia e Produto (são muitas vagas mesmo), porém, como imagino que os assinantes da Bits são em sua maioria de áreas de growth (Marketing, Vendas, CS, etc), trago algumas vagas de exemplo nesses times:
- Content Specialist - no time de Employer Branding e a vaga pode ser remota
- Content Specialist (time de Marketing) - São Paulo
- Performance Marketing Specialist - São Paulo
- Sales Analyst - Rio de Janeiro
- Sales Executive - Rio de Janeiro, São Paulo
- Customer Excellence Specialist - Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Buenos Aires, Santiago, Cidade do México, Romênia, etc
Partiu Romênia? ;)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
📩 essa é uma newsletter semanal sobre tendências de tecnologia e comportamento para marcas. se você aproveitou essa edição e ainda não assina, receba por e-mail:
Acredito que é possível enfrentar o monstro da desinformação mas o trabalho vai ser árduo! Acho que a melhor maneira neste momento é ampliar as ferramentas e meios de comunicação sobre o tema deixando claro que tal informação é fake. Seria interessante também um papel maior das redes sociais (alô Mark) para deixar mais claro o que é fake ou não, ter isso como um botão claro em todas as notícias (não sei direito) mas acredito muito que o papel das redes sociais pode ajudar muito e também das mídias tradicionais, como a TV.