Bits to Brands #102 | O que é que o TikTok tem
O que explica o vício recente de tanta gente na rede social dos ~jovens e das dancinhas
Tempo de leitura: 7 minutos
Há tempos eu venho tentado colocar em palavras a mágica por trás do TikTok - e hoje consegui. Com direito a curadoria de TikToks, para você que quer entender na prática como o conteúdo por lá é diferente de tudo.
Quarta edição nesta nova plataforma, com as novas seções e novo formato. Me conta o que tá achando? :)
-de uma millenial convertida ao TikTok, Beatriz
PS: para falar direto comigo, use o botão “responder”, ou escreva para beatriz@bitstobrands.com :)
O que é que o TikTok tem
Sejam bem-vindos à “Tiktok-ficação” do conteúdo. Não reparou ainda?
Vídeos curtos, com cortes secos ou transições rápidas, trilha sonora forte ou dublagens exageradas e, claro, as dancinhas. Eles já estão por toda parte.
O TikTok costumava ser o lugar seguro e quase exclusivo dos adolescentes na internet. Mas, especialmente desde o início da pandemia, o TikTok foi invadido por millenials, marcas e celebridades de todo tipo.
Eu fui um desses millenials. Inicialmente, por curiosidade. Eu queria entender o que tinha nesse aplicativo que o tornava parte de tantas análises e tendências.
Mas, se eu cheguei profissionalmente, foi por genuíno interesse que eu fiquei.
O TikTok é simplesmente fascinante. É uma lógica completamente nova de produção de conteúdo, em que a espontaneidade e a super produção se encontram de maneira inesperada. E onde 40 minutos passam como se fossem 10.
Nos últimos meses, tenho passado pelo menos 20 minutos arrastando pra cima por vídeos tão maravilhosos quanto completamente aleatórios. E é com esse olhar metade investigativo, metade rendido pela plataforma, que eu divido hoje os 5 aspectos que fazem do TikTok a sensação que ele é.
1) Mais imersão
É a única rede social em que só é possível consumir o conteúdo com volume ligado. Isso faz com que a atenção seja dedicada - não tem disputa com a Netflix, ou Spotify ou televisão. A atenção é completa.
2) Menos “celebrity culture”
Outro diferencial do TikTok é que o conteúdo mais relevante acaba vindo de pessoas que você não faz a menor ideia de quem sejam. Claro, já existem influenciadores nativos, e muitas celebridades têm migrado para lá vindos de outras redes sociais. Mas de forma geral é muito fácil ser surpreendido por conteúdos incríveis feitos por desconhecidos.
3) Algoritmo sem cronologia
É através do tal “For You” que tais desconhecidos chegam até você muito facilmente. O algoritmo é o grande “elemento X” do TikTok. Ele categoriza e recomenda vídeos levando em conta suas legendas, hashtags e trilhas sonoras. Quanto mais você interage, mais bem ele te conhece e segue recomendando conteúdo infinitamente, sem nenhuma atenção para o fato de um vídeo ser de ontem ou de 3 semanas atrás.
4) Equilíbrio entre espontâneo e denso
O TikTok é um lugar onde as pessoas se permitem ser mais espontâneas e até ridículas do que nas outras redes sociais. Mas o fato de serem espontâneos não torna os conteúdos menos densos - os cortes, legendas, dublagens, trilhas sonoras e composições não são nada casuais. Há TikToks de 15 segundos que levam horas para ser feitos, e isso é parte do que engaja as pessoas com o conteúdo.
5) Aleatoriedade fascinante
Mesmo um algoritmo que se destaca por ser muito bom em filtrar o que vai te interessar deixa espaço para coisas surpreendentes e completamente aleatórias chegarem até você. Isso é responsável pela sensação de “novidade” que se tem ao passar tempo no TikTok (versus outras redes sociais em que você navega numa timeline que construiu, com algoritmos que essencialmente te mantêm dentro da bolha).
Só no TikTok em 20 minutos dá pra ir de lhamas dançando ao som de um jingle russo ao diário de uma adolescente que nasceu no circo, passando pelas aulas de inglês de uma senhora simpática e os tantos “Amazon must-haves” que eu queria poder comprar.
Não é à toa que a plataforma tem sido centro de tantos debates e uma ameaça tão grande ao monopólio do Facebook. Basta passar alguns dias por lá para perceber que talvez ela seja, sim, o futuro do conteúdo.
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Para você que ainda não frequenta o TikTok mas quer entender um pouco do que se trata, eis uma breve curadoria:
1. o perfil do Washington Post é um exemplo claro do quanto a linguagem por lá é diferente;
2. esse tipo de dica rápida e útil sobre gadgets é algo bem particular do TikTok também;
3. essa menina narrando o corte da própria franja, que é basicamente metade do mundo na quarentena;
4. o diário virtual da menina que nasceu e vive no circo com a família;
5. esse vídeo que é o exemplo perfeito de algo que deve ter levado horas pra gravar e montar (ele sobe no telhado, sabe?);
6. essa família que vive de vídeos curtos de dancinha, mas com coreografias que devem levar dias para ficar perfeitas;
7. essa senhora que desmistifica palavras e expressões em inglês do jeito mais querido do mundo;
8. a Netflix chegando na plataforma do único jeito possível: uma dancinha;
9. essa representação perfeita de como funcionam os anúncios na Internet, que certamente inspirou o pessoal de O Dilema das Redes;
10. e pra fechar, uma canção que representa a maioria de nós.
compartilhe esta edição com aquele amigo que também não entende exatamente o que se passa no TikTok mas tem ouvido tanto falar que sabe que deve ficar por dentro.
(se você não tem um amigo assim, talvez o amigo seja você)
Momento de Inspiração
Uma das coisas mais bonitas que eu vi nos últimos tempos foi essa arte (da @stacyinnerst) acompanhada dessa frase:
“Ler é a chave que abre portas para muitas coisas boas na vida. Ler formou os meus sonhos, e ler mais um pouco me ajudou a torná-los realidade” - RGB
Caixa de Perguntas
(deixe aqui neste link sua pergunta sobre construção de marca, uma tendência recente, sobre newsletter ou estratégia de conteúdo, que toda semana uma delas será respondida)
Como você organiza a frequência dos e-mails?
Acredito que, para uma newsletter (ou qualquer tipo de conteúdo que você quer criar com consistência), frequência deve ser a relação ideal entre o que você é capaz de produzir no longo prazo e o que o seu público espera de valor do conteúdo.
Vou dar o meu exemplo para ilustrar: com um emprego full-time e outros projetos, eu não tenho tempo para ir além de uma frequência semanal. Inclusive, idealmente eu deveria ter uma frequência quinzenal.
Mas aí entra a relação com o público: a Bits to Brands ajuda as pessoas a se sentirem atualizadas, então uma newsletter quinzenal não proporcionaria a mesma experiência.
Assim, o equilíbrio entre a minha capacidade e o valor que eu quero entregar foi a frequência semanal.
Frequência = capacidade de produção no longo prazo / valor esperado pela audiência. :)
O que ler/assistir/conferir
O Dilema das Redes: assistir ou não assistir? Para mim: assistir. Neste tweet, falei um pouco do que são as principais ideias levantadas pelo documentário. Tem que ter filtro e um pouco de paciência, mas a reflexão é válida.
Manual de sobrevivência ao cancelamento para marcas. Caso você tenha perdido a edição de semana passada, lançamos esse artigo sobre cancelamento - por que as pessoas cancelam marcas, como e quais os principais aprendizados. Tudo baseado numa pesquisa inédita com 1000 brasileiros.
Quer se posicionar sem risco de cancelamento? Tem que conquistar. Análise da Fast Company sobre como a Ben&Jerry’s ganhou o direito de se posicionar sobre inúmeras causas nos últimos anos é um ótimo começo. “São princípios simples, mas acertar não é fácil. Requer a disciplina de se manter focado, a abertura para aceitar que não tem vitórias rápidas e a coragem de jogar pelo longo prazo.”
Um Messenger só. A partir de agora, o Facebook vai unir os contatos e conversas do Messenger e do Instagram. Entre outras features, você vai poder falar com contatos em uma rede usando a outra. Esse foi um movimento praticamente anunciado em 2019, quando Instagram e Whatsapp ganharam a assinatura “From Facebook”.
Na época, analisamos de uma perspectiva de arquitetura de marcas o que isso indicava para o negócio - e acertamos! Leia a análise completa aqui.
“Esse movimento do Facebook coincide com diversas ameaças externas: ao seu tamanho, sua principal fonte de receita (anúncios segmentados), e a sua responsabilidade sobre o que é publicado na plataforma. Tudo isso faz com que esse seja um momento sem precedentes na empresa e - falando em Facebook - na sociedade como um todo.” (FastCompany)
Manda jobs!
(se você tem vagas abertas e quer atrair gente boa e sempre ligada em novidades, pode mandar em beatriz@bitstobrands.com)
Todas as vagas que já chegaram até aqui estão reunidas neste link, que foi atualizado com mais vagas na Promobit e na querida Resultados Digitais :)
obrigada por ler até o final!
deixa um comentário me conta o que mais gostou na edição de hoje? :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Beatriz Guarezi. estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails.
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