nas edições anteriores
#258 | Pocket
#259 | Rebranding: mitos e verdades
tempo de leitura: 4 minutos
para entender
💡
Escreve texto, faz slide, responde mensagem, entra rapidinho em uma reunião.
Abre uma rede social, abre outra, abre a primeira de novo esquecendo que tinha acabado de abrir.
Descobri que “brain rot” é a palavra do ano do dicionário de Oxford.
Anoto num post-it, preciso dar uma olhada nisso depois.
Talvez renda um post. Mas, hoje, não.
Hoje chega. Vou descansar a cabeça.
Desliga o computador, pega o celular.
Scroll, scroll, scroll.
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Fake news. Vida perfeita. Anúncio. Vídeo engraçado. Perrengue de viagem. Meme sobre o final do ano. Anúncio. “Nunca fui triste em 2024”. Análise sobre o rebranding da Jaguar. Anúncio. Tendências para 2025. Dump do último mês. Look do dia. Anúncio. Retrospectiva do Spotify. Anúncio. Anúncio.
Nada de útil. Vou assistir alguma coisa no YouTube.
Anúncio antes de começar o vídeo. Outro anúncio. Esse não dá pra pular.
Anúncio no meio do vídeo.
Anúncio antes do vídeo seguinte começar.
Não quero ter que pagar mais uma assinatura.
Vou lá onde eu já pago.
Uns 25 minutos passam escolhendo o que assistir.
Coloco a série conforto que eu já assisti infinitas vezes.
Antes dela começar, um anúncio.
Do próprio streaming.
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Talvez sair de casa?
Pra chamar um Uber, tem anúncio no aplicativo.
Pra ir de metrô, tem marca na estação, marca no vagão, marca no nome.
E se for a pé?
O ponto de ônibus tem anúncio, o relógio de rua tem anúncio, cada vitrine que passa tem alguma variação de Black Friday estendida ou fim de ano antecipado.
Posso ir rapidinho no restaurante aqui do lado.
Mas o cardápio é por QR Code - e tem que aceitar cookies.
Vou pedir delivery.
Dá vontade de rir só de pensar.
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Vamos com o que tem na geladeira.
Abro a geladeira pra pensar.
Tem vários rótulos, sim. Mas eu já sei que eles estão aqui.
Eles não estão invadindo o meu espaço, nem tentando atrair minha atenção. Nenhuma mensagem aqui é indesejada, fora talvez uma ou outra data de validade chegando. Não há variação de cores ou ingredientes com base no meu perfil de compra ou dos meus dados pessoais.
Nenhum anúncio pisca aqui.
E ainda tá fresquinho.
Talvez tenha relaxado pela primeira vez no dia.
Opa, uma notificação no celular.
É o banco.
Chegou um Pix de uma marca - junto com ele, uma mensagem promocional.
Desisto.
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Os fatos da última semana que inspiraram esse texto:
_ “Metrô de São Paulo venderá naming rights da estação Vergueiro” [link]
_ “Nubank inaugura árvore de Natal roxa no Parque Ibirapuera” [link]
_ “Burger King: ação de Black Friday com Pix de R$ 0,01 divide opiniões sobre uso de dados de clientes” [link]
_ “Netflix tira publicidade da série 'Senna' do Metrô de SP após tumulto” [link]
para inspirar
✨
O melhor branded content que você vai assistir hoje tem Porta dos Fundos, Dráuzio Varella e uma série de diálogos e comentários que poderiam ter saído de qualquer sala de reunião. E tem conscientização também.
para ler com calma
📄
Sem redes sociais até os 16 anos [link]
A Austrália aprovou uma das leis de regulamentação de uso da internet mais rigorosas do mundo, com o intuito de proteger crianças e adolescentes do impacto das redes sociais na sua saúde mental, física e emocional. Um próximo capítulo de uma das grandes pautas do ano de 2024, representada pelo livro A Geração Ansiosa, de Jonathan Haidt.
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Uma cápsula do tempo [link]
Segundo o criador dessa página, “entre 2009 e 2012, os iPhones tinham um botão “Enviar para o YouTube” integrado no aplicativo Fotos. Muitos desses uploads mantiveram seus nomes de arquivo padrão IMG_XXXX”.
Ele criou um bot que encontrou milhões desses vídeos, e um player que vai passando por momentos aleatórios e sem qualquer edição, de vidas comuns. E é tão nostálgico quanto hipnotizante.
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O novo jeito de ir ao cinema [link]
Tirar fotos da tela, vestir roupas temáticas, reagir de forma específica a cenas específicas… Parece que as pessoas não vão mais ao cinema como antigamente. Esse artigo da VOX explora os motivos e “o que acontece com um ambiente compartilhado quando tudo é sobre conteúdo”?
para quem a gente é fora do trabalho :)
👩🏻💻
A Cabeça do Santo é a melhor leitura de verão possível. É uma história fácil de ler, curta, mas descritiva o suficiente para te envolver totalmente na narrativa e na cidadezinha do interior do Ceará onde ela se passa.
Um homem vai parar acidentalmente dentro da cabeça de uma grande estátua de Santo Antônio (que nunca foi acoplada ao corpo), e lá ressoam pelas paredes as orações de mulheres de todo canto - em busca de um amor.
Sua conexão especial com o Santo e a capacidade de ouvir os desejos mais íntimos de toda a cidade viram pano de fundo para o resto da história, que é a companhia perfeita para um dia de praia ou uma tarde na rede.
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“Era tudo tão lindo que nem coube nos seus pequenos sonhos. Ela precisou aprender a sonhar mais”.
para mais conteúdo
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para dar um tchau
👋🏼
O texto de hoje é um jeito diferente de puxar uma conversa sobre limites. Será que já existiram e passamos por cima? Será que sempre foi assim e continuará sendo? Todo e qualquer espaço onde haja atenção e olhar, haverá marcas, e conteúdo, e algoritmo, e assim vamos todos “brain rotting”… até quando?
Existe vida sem anúncios?
Vou adorar trocar essa ideia aqui nos comentários ou nas redes sociais.
- Bia
Amei a bits de hoje! E aqui vai uma dica: poucas coisas me deram mais paz de espírito que a experiência do Youtube Premium. Sim, é mais uma assinatura pra conta, mas é libertador. Chego do trabalho, ligo a TV, e arrumo a casa toda ouvindo "tudo o que importa", ou um mix de músicas, uma live etc. Tudo isso sem nenhum anúncio. Muitas vezes nem me lembro de abrir o Instagram.
🙏🙏🙏 promete que vai comentar o filme “Como vender a lua” da Apple TV+ ? Comédia romântica da Scarlett Johansson como publicitária contratada para fazer um rebranding da NASA na missão para a lua?