Bits to Brands #81 | A aplicativização das pessoas - parte 3
Tempo de leitura: 5 minutos
Uma previsão que especialistas se arriscam fazer nesse momento em que não há muito como prever nada, é que o coronavírus é um grande acelerador de movimentos que já vinham acontecendo.
Ele forçou a digitalização das empresas e dos processos. Potencializou o efeito confortante das chamadas de vídeo com pessoas queridas. Fez com que todo mundo parasse para questionar seu estilo de vida e consumo, talvez de forma irreversível.
Mas encarando a realidade, boa parte dos efeitos não serão positivos. Especialmente para boa parte da população, vulnerável a essa instabilidade na saúde e na economia.
Refleti essa semana novamente sobre uma parcela específica: a dos entregadores, motoristas e prestadores de serviço via aplicativo em geral.
Os assinantes mais antigos da Bits já me acompanharam nessa reflexão duas vezes, nas edições (maio/2019) e #61 (out/2019). Ela começou assim:
"Muito se fala sobre a 'aplicativização' dos serviços e como ela revolucionou a forma com que nós vamos aos lugares e pedimos delivery, e como isso consequentemente mudou nossos hábitos alimentares e a frequencia com que saímos de casa... Mas não há discussão suficiente sobre a 'aplicativização' das pessoas.
As nossas relações com prestadores de serviço estão mudando muito, muito rápido. E eu me questiono se para melhor. A gente nunca teve tantas pessoas diferentes nos prestando serviços e nunca soube tão pouco (ou sequer se importou em saber) sobre elas."
E se há quase um ano isso era uma verdade, a pandemia do coronavírus tem escancarado a frieza dessas relações nos últimos tempos.
Porque enquanto muita gente coloca a sua vida, da sua família e da sua comunidade em risco para manter restaurantes operando e as nossas casas abastecidas, para muitos, segue sendo não mais do que "pede ali um iFood".
Por outro lado, vem surgindo movimentações interessantes nas redes sociais, incentivando as pessoas a pagarem um lanche para o entregador, como exercício de solidariedade nesse momento.
Mas passada a tempestade, e nessa lógica de que estamos acelerando o que vinha tomando forma na sociedade, o que nos espera no depois?
Será que estaremos de fato mais humanos, e mais conscientes de que a nossa saúde e bem estar depende tanto de nós quanto dos outros? Ou será que nos tornaremos definitivamente alheios à presença e história das pessoas por trás dos nossos pedidos e trajetos, pedindo entregas "sem contato" ao toque de um botão?
Para além da inevitável questão econômica, acredito que temos aqui também uma questão comportamental. Se tudo parece absolutamente incontrolável, nesta nós podemos escolher de que lado queremos estar.
E algo me diz que essas escolhas também são contagiosas.
A edição de hoje foi inspirada por essa imagem, da mais recente capa do New Yorker. E também pela informação, do Estadão: "O iFood recebeu em março 175 mil inscrições de candidatos interessados em atuar como entregadores da plataforma ante 85 mil em fevereiro".
Os dois são, por si só, fonte de imensa reflexão. As palavras foram só para complementar.
Fiquem bem, e em casa. E se possível, deixe uma boa gorjeta para esses profissionais.
- Beatriz
~ quase dois anos de conteúdo ~
e acho que logo logo vão faltar maneiras originais de eu pedir para que você compartilhe essa newsletter.
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A Netflix convidou todo mundo a assistir outros serviços de streaming
Ontem mesmo, no Twitter. Uma interação entre várias marcas que certamente vai ocupar slides em aulas de marketing em breve.
O coronavírus trouxe de volta tendências de 2012
Quando todo mundo estava apostando que impressoras 3D, entre outras tecnologias, iam mudar o mundo. Não mudaram na época, mas tem feito muita diferença nos últimos tempos.
Alguém ainda liga para detox digital?
Lembram quando uma das nossas principais pautas era reduzir o tempo na frente de telas? Passar menos tempo nas redes sociais e mais tempo socializando no mundo real? Bom, já que nas últimas semanas a gente não tem tido muita escolha, parece que quem venceu essa briga foram as telas.
Uma live que vale a pena assistir
Andrea Janer, da Oxygen, e Ana Couto, da Ana Couto, trocando ideias sobre o papel das marcas nesse momento de crise e instabilidade. Duas das minhas grandes referências profissionais, num papo de altíssimo nível.
E se as plataformas usassem suas táticas de growth hacking para combater a pandemia?
Personalização. Recompensas imediatas. Validação. Esse artigo sugere que as redes sociais usem táticas que funcionam tão bem para si mesmas, para disseminar informação e incentivar as pessoas a ficarem em casa. Com diversos exemplos e sugestões ilustradas, que essas marcas deveriam mesmo aproveitar. (como a imagem abaixo)
Aqui na Bits a gente gosta muito de livros. Ler sempre foi uma das minhas atividades favoritas, e tive a sorte de encontrar entre vocês muita gente como eu.
Despretenciosamente, há duas edições, ao invés de recomendar um livro, pedi recomendações. Foram tantas, e TÃO BOAS, que eu não pude deixá-las só na minha caixa de entrada. Tantas dicas atenciosas merecem ser registradas e divulgadas.
Não conhecia a maior parte desses livros, e já separei VÁRIOS para começar em breve. Tem para todos os gostos e todos os estilos, com recomendações pessoais dessa comunidade da qual eu tanto me orgulho. ♡
Espero que um desses 37 livros possa te fazer companhia nos próximos tempos.
Confira a estante coletiva da Bits to Brands aqui.
e todos os livros que já recomendamos até hoje estão aqui
O pessoal da Árvore de Livros resolveu desafiar todos os manuais de marketing digital e publicar UM LIVRO nos stories. Página por página, cada página em um story, o livro todo salvo nos destaques.
Eu amei tanto essa afronta, que não pude deixar de compartilhar.
Parece que a ação é inédita no Brasil, e é parte da proposta da marca de incentivar a leitura. A primeira obra é O Alienista, de Machado de Assis.
Segundo o Gabriel (assinante da Bits e analista de branding na Árvore de Livros), foi o maior alcance de stories e maior engajamento do ano no perfil.
Coisas legais acontecem quando marcas legais decidem desafiar os padrões e criar coisas diferentes :)
Confira a ação no perfil deles no Instagram.
se você tem um projeto de conteúdo e quer vê-lo por aqui, é só mandar um e-mail :)
A busca por conteúdo leve, que ajude a passar o tempo e segurar a ansiedade nesse período de isolamento não tem sido fácil.
Pra ajudar na sua, queria deixar uma das séries que cumpriu esse papel pra mim recentemente. The Good Place é uma série sobre a vida após a morte, onde através de um sistema de pontos alguns vão para o Good Place, outros para o Bad Place.
A narrativa fala de vida e morte com humor e delicadeza. Os episódios são curtos, divertidos e é aquelas séries em que a gente adora cada um dos personagens. Recentemente, seu último episódio foi ao ar, e é uma das melhores finales que eu já vi.
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