Bits to Brands #2 | Apple e Google assumindo uma culpa que é deles. Ou será que é nossa?
Apple e Google assumindo uma culpa que é deles. Ou será que é nossa?
Para você que se perde nas siglas, WWDC e I/O são, respectivamente, as conferências anuais de Apple e Google, para apresentar as novidades em desenvolvimento de produtos.
Esse ano, tanto Apple quanto Google dedicaram boa parte do tempo das suas conferências a features feitas para facilitar que a gente passe menos tempo no celular.
São coisas que vão desde visualizações claras de quanto tempo passamos em cada aplicativo, até configurações para receber menos alertas. No Android, por exemplo, virar o celular de tela para baixo fará com que ele não sinalize nenhuma notificação. Para ver se quando estamos em uma reunião ou jantando com alguém, conseguimos realmente estar lá com aquelas pessoas.
Basicamente, é isso. Essas empresas passaram os últimos dez anos desenvolvendo todo tipo de botão, atalho e gatilho para que nós passássemos cada vez mais tempo grudados aos nossos celulares, e "simples assim", desistiram.
Ou não tão simples assim.
A gente sabe muito bem que passa mais tempo que devia com o celular na mão. E que isso leva alguns a trabalharem mais do que deveriam, outros a se comparar excessivamente, e tem muita gente vendo a vida passar enquanto joga Candy Crush.
Mesmo que os malefícios do vício em smartphones sejam particulares, eles são grandes o suficiente para serem um problema mundial. Agora, o foco está nas marcas responsáveis por esses devices - e o que elas decidiram fazer? Resolver. Ou pelo menos, tentar.
Diante desse cenário, trago três perspectivas.
1) É tudo jogada de marketing.
Essas empresas estão preocupadas com lucro. Se o que está "em alta" ultimamente é o estilo de vida mais saudável e o auto cuidado, elas vão abraçar essas causas na esperança de que isso faça com que você prefira uma em detrimento da outra. Elas estão criando features aqui e ali para desviar das acusações, mas na verdade querem mais é que passemos tempo nos nossos celulares consumindo conteúdo de anunciantes.
2) Vale terceirizar a responsabilidade sobre os nossos próprios hábitos?
It is what it is. Smartphones são ferramentas que nos trouxeram um universo de possibilidades, e cabe a cada um administrar o uso que se faz delas. O mesmo celular pode ser uma ferramenta de trabalho incrível, ou uma grande perda de tempo, dependendo de quem o utiliza, e como. As ferramentas que os fabricantes criam não devem ser consideradas soluções mágicas.
3) Google e Apple tem que dar o exemplo, sim.
Os esforços do Google e da Apple vão no mesmo sentido: responsabilização. Se o meu produto é capaz de causar esse tipo de dano, então é meu papel desenvolvê-lo para que ele não o faça. E como marca, eu torno a minha plataforma um espaço para essa discussão. Com mais pessoas falando sobre isso, talvez eu traga mais consciência para o problema. Quem sabe até, o início de uma solução.
Imaginem só, se outras empresas fizessem a mesma coisa. Como seria um mundo em que todas as marcas se responsabilizassem de alguma forma pelos danos que causam na sociedade?
Na dúvida, desativei várias notificações no meu celular. Qual a sua visão?
- Beatriz
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Dois dados diferentes reforçando o nosso uso de comunicação por voz, na mesma semana. Na próxima news, falo em mais detalhe sobre isso. The future is coming :)
O jeito Netflix de construir posicionamento
Esse artigo do Gibson Biddle, ex-VP da Netflix, tem sido uma das minhas grandes inspirações nos últimos tempos.
Ele procura conectar posicionamento de marca e desenvolvimento de produto, mostrando como um influencia o outro. O que o seu produto é e o que ele representa para as pessoas, tudo em uma única frase. Essa frase, por sua vez, é embasada por atributos racionais e práticos, e também emocionais e aspiracionais.
No exemplo da própria Netflix, a sua definição chave é "Movie enjoyment made easy". E é o que eles vem fazendo - desde quando distribuiam DVDs, em 2004, até hoje com produção e streaming de conteúdo em todo o mundo.
Desde que eu conheci essa ferramenta e essa definição, sempre que eu me deparo com uma marca eu tento decifrar qual o "movie enjoyment made easy" dela. Recomendo o exercício!
Aqui, eu compartilho os destaques da semana, mas no Twitter tem novas referências todo dia e no Medium reflexões em mais profundidade. O LinkedIn é para networking, se você for de networking :)
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