Bits to Brands #70 | Resoluções de Ano Novo para 2020 e além
Adeus ano velho. Feliz ano novo.
Feliz e intenso. Feliz e movimentado. Feliz e extremamente complexo.
2020 chega com a bagagem de 2019 e sem prometer menos.
Traz a pressão de inaugurar não só mais um ano, mas uma nova década. Traz também comparações com os últimos dez e os próximos dez anos.
Com um futuro tão incerto adiante e em clima de início de ano, compartilho algumas das minhas resoluções.
Seja quais forem os produtos que surgirem ou as mudanças na nossa relação com marcas, eis alguns princípios que eu quero levar comigo em 2020 - e algo me diz que eles ainda serão válidos em 2030.
1. Não vou trocar meus valores por likes
Na última década as redes sociais se consolidaram como o lugar onde nós interagimos, construímos a nossa imagem e avaliamos o nosso próprio valor. Eu sou tão interessante quanto meu número de interações, ou tão bonito quanto meu número de likes, ou tão popular quanto meu número de seguidores.
Por mais que as plataformas escondam esse número, a pressão e ansiedade formadas por um hábito de tantos anos não parecem estar prestes a desaparecer.
Assim, é um esforço diário lembrar de quem você é, do que você gosta, o que você viveu de fato, o que você estaria fazendo se não precisasse mostrar uma vida perfeita para ninguém.
Um esforço diário e necessário. Quanto antes começarmos, melhor.
2. Não vou trocar meus dados por besteira
Informação é coisa séria. Num dos maiores escândalos da década passada, milhões de pessoas tiveram seus dados expostos a pesquisadores mal intencionados em troca de um jogo de fazendinha.
Enquanto a gente não tiver clareza de para onde e como os nossos dados estão sendo utiliados (spoiler: dificilmente teremos), o mínimo que podemos controlar é para quem e A TROCO DE QUE estaremos disponibilizando acesso a nossa localização, contatos e nossa vida como um todo.
Cuidado com testes de "escolha uma cor e vamos dizer qual combinação de sabores de sorvete você gosta". Com "qual o seu CPF?" em qualquer lugar. Ou com "baixe esse aplicativo e veja como você seria com 70 anos". Tome cuidado com os seus dados.
3. Não vou acreditar em tudo que eu vejo na internet
Esse é um dos aspectos mais preocupantes em relação aos próximos tempos. Se hoje a desinformação já é institucionalizada no formato de anúncios segmentados recheados de fake news, um futuro de deepfakes pode tornar tudo ainda pior.
Além disso, algorítimos e o "efeito bolha" das redes sociais já faz com que a gente considere muitas vezes o mensageiro antes da mensagem.
Com a mídia mainstream perdendo espaço, as redes sociais ficando mais fechadas em grupos e os deepfakes ganhando acesso e popularidade, a perspectiva é de que a linha entre o que é fato e o que é manipulação fique ainda mais tênue.
A gente vai precisar olhar atentamente para tudo. Muitas vezes até para fontes confiáveis. Formar opiniões será cada vez mais desafiador.
4. Não vou deixar negócios (ou pessoas) do mundo real para trás
A tentação de automatizar em nome da conveniência também vai ficar cada vez maior. Restaurantes de delivery não precisam ter salão; então de repente temos cozinhas espalhadas pela cidade. Motorista de Uber não precisa ter voz; então temos um botão "silenciar" caso não queremos que ele fale. Uma compra em loja já pode ser feita sem ninguém no caixa.
Nesse ritmo, não precisaremos de pessoas para grande parte das nossas atividades do dia-a-dia. Mas em um país tão desigual quanto o nosso, em que convivem pequenas mercearias de bairro em cidades do interior e lojas sem caixa nas capitais, não podemos perder de vista as pessoas.
Valorizar os prestadores de serviço e o varejo local vai ser responsabilidade nossa.
Não adianta esperar que a Amazon segure um pouco o seu crescimento para garantir que livrarias de bairro não fechem as portas. Nós vamos ter que frequentar, também, essas livrarias.
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É improvável que alguém consiga visualizar com exatidão os próximos dez anos, a julgar que dez anos atrás a gente não estava se preparando para questões como as relações de trabalho em tempos on demand, a tecnologia como extensão do nosso corpo e a quantidade de dados pessoais que disponibilizamos todos os dias (muitas vezes para fontes nada confiáveis).
O futuro certamente guarda muita inovação e muitos desafios.
Que a gente saiba passar por eles com segurança nos nossos valores, privacidade nas nossas informações, confiança no conteúdo que consumimos e com clareza de que todos tem o seu lugar a ocupar.
Boa sorte para nós.
Espero que esses princípios ajudem a encarar os tempos incertos por vir. No que depender de mim, falaremos dessas mudanças uma por uma, conforme elas acontecem, nesse espaço aqui.
Que eu espero que, em um formato ou outro, dure até 2030. :)
Feliz ano novo!
- Beatriz
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Esse foi o primeiro livro que eu terminei em 2020, depois de sublinhar muitos parágrafos e marcar muitas páginas.
Em ˜Isso é Marketing˜, Seth Godin descreve exatamente o tipo de marketing que eu acredito. Um que tem objetivo de crescimento e conversão, sim, mas também de construir relacionamentos e a imagem da marca no longo prazo.
Todo profissional de marketing deveria ler esse livro. Vale mais que muitos cursos e palestras por aí.
"Esqueça os influenciadores: o futuro é curadoria. E a diferença entre eles é a autenticidade."
Foi assim que o pessoal da Agência Gorilla começou seu último post no Instagram, e eu não poderia concordar mais.
Além de assinantes assíduos por aqui, eles produzem um conteúdo bem legal. :)
Essa série é zero tecnológica. Zero sobre branding, também. Mas eu acredito em conteúdo que forma como profissional, tanto quanto em conteúdo pra desligar a cabeça.
Pra nos tirar do dia a dia, trazer leveza e nos fazer refletir. Essa série tem feito isso por mim há duas temporadas, e agora está indo para a terceira (e última).
"Anne with an E" é sobre uma menina adotada, que é apaixonada por palavras, seja lendo ou escrevendo, e sente que não se encaixa na pequena comunidade onde foi morar. Spoiler: a comunidade sente o mesmo.
A imagem que ilustra essa recomendação é um dos meus quotes favoritos dessa personagem que vai fazer muita falta, e que eu espero que ajude vocês a encarar a dureza do dia a dia.
- Anne with an E tem 3 temporadas, e está disponível na Netfix.
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