Bits to Brands #49 | 2019: o ano do #throwback
2019: o ano do throwback
Quem estava aqui em janeiro acompanhou a curadoria de tendências que fizemos no início do ano.
Onze reports, cada um com pelo menos cinco previsões, mapeadas por instituições super renomadas.
Lá no meio dessas informações todas, uma: "retro trust". Ou seja, a volta ao passado, a busca por referências antigas para construir valor no hoje. Diretamente da curadoria da
Apesar do exercício de destacar as principais tendências ser voltado às que mais se repetiram, dediquei um espaço especial para essa que apareceu uma única vez, pensando "tem alguma coisa aí".
E agora, oficialmente mais perto de 2020 do que de 2019, fica claro que sim, sem dúvidas, com certeza - tem algo aí.
Algo motivado por:
- a geração dos anos 90, que em 2019 é oficialmente toda adulta, e está imersa no mundo digital mas mantém vivas as suas memórias de uma vida pré-internet;
- a "algoritmização" do consumo de conteúdo, que faz com que hoje em dia seja muito mais difícil que todos entendam as mesmas referências, já que timelines, "recomendados" e playlists estão cada vez mais individualizados;
- a desconfiança inicial em relação à novidades, causada pelo nosso tempo cada vez mais escasso - "será que essa série vale mesmo a pena?", e aí a gente passa uma eternidade procurando algo no Netflix só pra terminar a noite assistindo Friends de novo;
- a lógica de nichos que vem dominando a produção de conteúdo, de influenciadoras e grandes produções. ela é bem ilustrada por aquela sensação de "como assim eu nunca ouvi falar dessa pessoa que tem MILHÕES de seguidores?" que eu pelo menos vivo uma vez por semana, no mínimo.
Tudo isso fortalece as nossas bolhas, potencializa a nossa inércia e dificulta que a gente tenha referências compartilhadas recentes. O que nos é familiar (coletivamente) ficou lá no final dos anos 90, início dos anos 2000.
Parece que esse ano, marca após marca, indústria após indústria - todo mundo foi entendendo isso. E aí, é #tbt para todo lado, e nostalgia de sobra.
Agora, para a melhor parte dessa edição, um pouco de tudo que tem acontecido nos últimos tempos com base nessa tendência:
- O comeback de Sandy&Junior, que lotou os maiores estádios do país - duas vezes;
- A Stella Artois resgatando a Carrie Bradshaw;
- A série de remakes da Disney, que lança O Rei Leão e Alladin enquanto divulga o trailer de Mulan e anuncia a atriz que fará A Pequena Sereia;
- A Pizza Hut está trazendo de volta seu logo clássico;
- A Renault teve milhões de visualizações num comercial de carro que foi na verdade um remake da Caverna do Dragão;
- O anúncio de um remake de Gossip Girl, produzido pela HBO;
- A IKEA recriou ambientes como a sala da Monica e a sala dos Simpsons para vender móveis para millenials;
- Um show dos Backstreet Boys no Brasil (em 2020);
- Nos últimos dois anos, as vendas da Fila cresceram 205%;
- A proliferação de contas no Instagram dedicadas a repostar referências aos anos 90/00's
e por último mas não menos importante, o vídeo que inspirou toda essa edição:
- O reencontro de Xuxa, Angélica e Eliana para combater a rivalidade feminina e vender batom.
E a gente? A gente tá esgotando esses ingressos, lotando os cinemas e compartilhando muitos memes. No fim, a gente gosta de ser centro das atenções, e sente mesmo saudade da infância.
- Beatriz
~ friends que é bom, não volta ~
mas enquanto a esperança não morre, a gente vai acompanhando cada um desses comebacks com a certeza de que eles são parte de algo maior.
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Os melhores links da semana
Google no Brasil, parte 1, Assistente
Dados sobre o uso da voz pelos brasileiros, e as novidades do Google para que ele aumente através do Google Assistente. Destaque para a parceria com a Positivo, que vai lançar um celular de menos de 300 reais com Assistente, levando "a utilidade do Google para ainda mais pessoas pelo Brasil".
Google no Brasil, parte 2, Waze
Um infográfico melhor que o outro. São Paulo é a cidade que mais usa Waze NO MUNDO - mais que um terço dos motoristas da cidade navega pelo app. Não à toa, nas vezes em que ele deu bug a cidade inteira parou.
"Essas 17 imagens irão te ensinar mais sobre a vida do que ler 100 livros"
Não sei se concordo 100% com o título desse artigo, mas algumas das imagens e reflexões realmente valem a pena.
A Disney dos dados é a própria Disney
Enquanto todas as empresas de tecnologia tem sofrido com cobranças sobre a sua política de privacidade, a Disney está gerenciando a "operação de monitoramento mais feliz do mundo". Eles monitoram smartphones e as pulseiras que os visitantes dos parques usam, para entender quais são os brinquedos mais visitados, os personagens que mais atraem as crianças e quais merchandisings vendem mais. Tudo isso para, no fim do dia, medir a popularidade de cada uma das suas atrações. Fascinante.
Pra não dizer que não falei do fim dos likes
Falei um pouco na edição #40, quando ele era só um anúncio, que não tinha nada de 'pelo bem da sua saúde mental' nisso. Esse compilado de tweets do UOL traz esse mesmo ponto de vista, compartilhado por várias outras pessoas.
Títulos que você não deve usar para se descrever
Diretamente da excelente newsletter do Avinash, o momento de sabedoria da semana. Se puder evitar, nunca fale sobre você mesmo usando as palavras:
Guru
Gênio
Mago
Profeta
Autoridade
Influenciador
(e o meu favorito)
Thought Leader
Para além do ranço inicial que esses títulos causam em quem lê, esse conselho é muito bem embasado. Segue a íntegra.
"Cada um interpreta esses títulos através das lentes das suas próprias vidas. O maior gatilho é a falta de humildade em cada um deles.
Se você realmente fosse um guru, você teria percebido o quão verdadeira é a frase 'quanto mais eu sei, mais eu vejo o quanto eu não sei'. Você imediatamente não se chamaria de guru. Ou gênio, ou autoridade, ou influenciador, ou.."
Dessas lições pra levar pra vida, e pra repensar a descrição do LinkedIn.