Bits to Brands #46 | Uma newsletter sobre newsletters 📩
Sobre newsletters
Essa semana faz um ano que a primeira edição da Bits to Brands chegou à caixa de entrada de aproximadamente 100 pessoas.
Desde então, quase 50 edições foram enviadas, o número de destinatários cresceu mais de dez vezes (organicamente, graças a todos e cada um de vocês <3), compartilhamos centenas de links, e esse formato ganhou cada vez mais visibilidade.
Quando decidi começar um projeto de conteúdo, não tive dúvidas de que ele seria uma newsletter semanal porque esse sempre foi o meu canal favorito como leitora. Uma mistura de FOMO e a confiança nas fontes que eu deixava entrar na minha caixa de entrada me dava a sensação de estar sempre bem informada.
Desde que me coloquei do outro lado dessa relação e me tornei também remetente, pude ver que, além da informação, esse é um canal com muito potencial de construção de relacionamento e que, junto com os podcasts, está mudando a lógica do consumo de conteúdo.
Não sou só eu que acho isso. Da FastCompany, "E-mail - sim, e-mail - é a próxima grande plataforma de mídia". Do New York Times, "A nova rede social que não é nem um pouco nova". Tem também o crescimento de plataformas dedicadas a newsletters editoriais e de curadoria, como TinyLetter, Revue e Refind. E a quantidade de novas newsletters pipocando por aí, vindas de jornalistas, publicitários e profissionais dos mais diversos segmentos, querendo compartilhar suas referências.
Isso vem impulsionado por um momento de excesso de conteúdo, que faz com que a curadoria ganhe cada vez mais relevância para as pessoas; e excesso de interrupções nas redes sociais, que faz da fluidez de um e-mail com início, meio e fim um oásis. Além disso, uma newsletter é algo que você escolhe quando quer ler, ao invés de ficar refém dos algoritmos e do imediatismo do conteúdo em timelines.
O mesmo vale para os podcasts. Você sabe que vai receber conteúdo bem curado, elaborado e relevante sobre um assunto, em geral vindo de um especialista ou alguém em quem você confia, e vai aproveitar aquilo no seu tempo, no momento da rotina em que aquilo se encaixa melhor.
Como resultado, vai se construindo uma relação mais próxima e mais íntima - somos eu e você na sua caixa de entrada, como somos eu e Scott Galloway ou Gwyneth Paltrow nos meus fones de ouvido. Mesmo que aqui sejamos mais de mil pessoas, e o goop podcast tenha milhões de ouvintes.
O usuário dá permissão direta para aquele conteúdo entrar - seja abrindo o e-mail ou dando play, e o creator recompensa essa confiança com a atenção ao detalhe e a exploração profunda do assunto.
Aí a lógica convencional da influência, o "1 para n", onde quanto maior o "n", melhor para o influenciador, para as marcas envolvidas e para o seguidor que está ali pelo hype, vai aos poucos fazendo menos sentido.
Ela vai sendo substituída pelo "1 para 1 para n" - ou seja, é o relacionamento em larga escala. É a gente sentir que aquele creator está falando diretamente com a gente, que aquele conteúdo foi curado e produzido especialmente para nos informar.
E assim, a lógica da busca pelo "n" muda junto. Porque vale mais um grupo menor de pessoas que tenha todo o valor do conteúdo do que uma mega influência que não faz refletir, não estimula a troca, não inspira intimidade.
Se 2019 é o ano do podcast, estou cada vez mais certa que o momento do e-mail está chegando.
Desde que ele seja respeitado em todas as suas particularidades, e não invadido pelas métricas convencionais ou pela necessidade (cada vez mais ultrapassada) do mega alcance. Que a gente atinja o ponto ótimo do escrever com atenção e cuidado, de marcas que queiram participar de conversas de qualidade e como resultado tenha pessoas se sentindo sempre atualizadas.
A gente tem uma mídia sensacional nas mãos. A primeira de todas, que sobreviveu até aqui, e não deixa dúvidas de que vai seguir se reinventando nas nossas caixas de entrada.
Prometo continuar fazendo a minha parte para isso.
PS: Para quem quiser se aprofundar nesse formato, segue duas listas com recomendações de newsletters incríveis, uma do iDexo e outra do Érick Coelho.
Feliz aniversário para nós. Obrigada a todos que seguem confiando e acompanhando e fazendo esse projeto crescer a cada semana. <3
- Beatriz
~ de aniversário eu queria ganhar ~
uma passagem para Paris, três meses de férias e um vale-livros infinitos para o meu Kindle.
mas só recomendar essa newsletter pra um amigo já vai ser um baita presente :)
Os melhores links da semana
As marcas e a menstruação
Um panorama completo do Propmark de como o ciclo feminino era retratado pelas marcas, e o que vem mudando nos últimos tempos. Sangue não tem nada de azul e outras verdades, cases e vídeos.
Cookies out, emoções in
É a nova norma dos anúncios do New York Times. Ao invés de buscarem dados sobre você no seu histórico de navegação, eles desenvolveram um método de análise capaz de mostrar um anúncio baseado no sentimento evocado por aquele artigo. Welcome to the future.
Você tem um minuto para ouvir a palavra de Mary Meeker?
A rainha dos reports chegou com o seu relatório de 'internet trends', versão 2019. Todo mundo parou pra ler. Alguns pararam também para resumir. Recomendo: os 39 slides mais importantes, e a análise do Youpix.
Falando em internet..
Saiu também o infográfico dos aplicativos mais presentes na primeira tela dos celulares brasileiros. Spoiler: os três principais pertencem ao Zuckerberg. Dados de comportamento, anyone?
A nova marca (e arquitetura) do Firefox
Para além do navegador, o Firefox deu uma cara para sua marca corporativa, compondo uma arquitetura de marcas baseada no modelo de submarcas, e abrindo espaço para novas iniciativas. Olha a ref!
Quem lembra do filtro de bebê?
Como imaginávamos, ele causou um boom nos downloads do Snapchat. A One Zero fez uma análise muito boa com base nessa informação, e na perspectiva que ela traz sobre o modelo de negócios e o futuro da plataforma.
Marcas flexíveis e o futuro do branding
Quando o assunto é marca, a personalização está ganhando da consistência. E a tendência é que isso só se intensifique, puxada pelas marcas de tecnologia.
Na Netflix, a mesma série pode aparecer com diferentes imagens de divulgação conforme o usuário, para aumentar as chances de que ele interaja com o conteúdo. E aí temos Uber, Google, Spotify e Airbnb adotando logos bem mais simples, com pouca diferenciação entre si, mostrando que a presença das suas marcas está muito mais na experiência.
É baseado nesses exemplos que esse artigo publicado no UX Collective constrói seu argumento, indo longe a ponto de afirmar que "o logo como o conhecemos está morto". Eu não concordo 100%, mas deixo a reflexão como (mais uma) forma com que as empresas de tecnologia estão mudando a lógica de construção de marca para todos. Afinal, é por isso que estamos aqui :)
"Em um mundo digital, onde cada um de nós tem os nossos devices pessoais, o reconhecimento pelas massas fica menos importante [do que a consistência no mundo físico]. Uma marca só precisa ser reconhecível para mim. [...] Uma marca é simplesmente a percepção de um indivíduo sobre um produto, uma organização ou uma pessoa. É diferente para pessoas diferentes, então certamente deve ser apresentada diferente."
"As gigantes de tecnologia já estão muito cientes disso. A Amazon usa seus dados para enviar uma mensagem diferente, para um segmento diferente, sobre um produto diferente, usando um tom de voz diferente. Google e Facebook estão construindo feeds de conteúdo pessoais há anos. O 'logo' é quase irrelevante. Os grandes caras tem mil outros assets de marca muito mais poderosos, flexíveis, pessoais, que se comunicam com segmentos precisos de uma audiência enorme. [...] Logos homogêneos e conteúdo personalizado são só o começo. Eles são os primeiros sinais de uma nova geração de marcas 'camaleão'."