Bits to Brands #32 | Menos tempo e mais qualidade nas redes sociais
Menos tempo e mais qualidade nas redes sociais
É preciso ter cuidado com discursos de "saia do Facebook e vá ler um livro", "aumente o seu tempo produtivo saindo das redes sociais".. Porque é difícil. E não só para você.
Em pleno 2019, nesse mundo em que estamos carecas de saber que os aplicativos que sugam todo o nosso tempo são FEITOS PARA ISSO, não é justo culpar ninguém por se deixar levar pelas redes sociais.
Tem times de produto, design, negócios, desenvolvimento, os best and brightest do mundo inteiro, fazendo estratégias, testes A/B, focus groups (fazendo de um tudo!) para garantir que tenhamos os gatilhos e recompensas EXATOS para passar o máximo do tempo num scrolling sem fim.
Dito isso, se conformar também não é a solução. Especialmente quando é tão importante quebrar esses ciclos de vício e voltar a atenção para hábitos mais saudáveis (física e mentalmente).
Então, com calma e sem culpa, é importante controlarmos o que somos capazes nesse processo: tempo e conteúdo.
Na edição de hoje, quero dividir alguns insights que tive sobre isso recentemente e hábitos que tem funcionado.
Quanto ao tempo:
- Perceber os momentos que cada rede social ocupa
Vi que usava muito o Facebook pelo celular, em deslocamentos de carro ou ônibus. Apaguei o aplicativo há mais de um ano, e desde então sinto zero falta do conteúdo que consumia por lá. Usar o tempo para ler livros é um ótimo plus!
- Evitar pegar o celular na mão
Pegar o celular para pagar um boleto, e aí se passaram 20 minutos e você está numa foto de 2014 de uma pessoa aleatória: story. of. my. life. Só o ato de pegar o celular desencadeia uma série de comportamentos automáticos. Então, para que ele me atraia menos, desativei as notificações de todas as redes sociais, e da maioria dos aplicativos. (Aliás, notificações são pauta para outra edição, já que iFood, 99 e Rappi estão se tornando os reis delas, e quem foi que deu essa liberdade??)
Quanto ao conteúdo:
- Você tem zero obrigação de seguir alguém
Parece óbvio, né? Mas não é nem um pouco. Li semana passada em um artigo que "Facebook is the place friendships go to never die". Virou normal manter conexões com pessoas com quem não temos mais qualquer relação, contato ou interesse em comum. E para que, senão para ter milhares de stories e publicações irrelevantes ocupando o tempo? Tá tudo bem dar unfollow. Tá tudo bem receber um unfollow. Qualidade é melhor que quantidade, tanto no conteúdo, quanto nas amizades.
- Cada rede social tem um papel
E é você que determina como vai usar cada uma. Ter essa divisão clara ajuda a não ter conteúdo repetitivo e irrelevante em todos os lugares. Por aqui, o Twitter é para notícias, memes e distração. O Instagram para pessoas com quem eu quero manter contato e conteúdo visual que me coloque para cima. E o Facebook é para interagir em grupos (alô Minas de Estratégia <3).
- Um follow vale muito
Veja quantas lojas você segue, e se isso não te leva a consumir mais. Quantas páginas de fofocas você segue, e se elas não te levam a viver a vida dos outros. Quantas pessoas com realidades muito distantes das suas, e se isso não te causa ansiedade. 'Follow' não é pra sair dando de graça, não. É preciso ter cuidado com o que estamos deixando entrar nas nossas vidas, tantas horas por dia, o tempo todo.
Não quero parecer hipócrita, porque redes sociais são parte do meu trabalho e do meu dia a dia, e não vejo (pelo menos hoje) como ser diferente. Mas o pouco de controle que resolvi exercer sobre elas tem feito muita diferença.
Essa edição não foi tanto sobre marcas ou tendências, mas acredito que analisar comportamentos - começando por nós mesmos - é parte essencial disso tudo. Especialmente quando o assunto é o impacto da tecnologia no nosso dia a dia.
Quero seguir trocando e adoraria tornar esse assunto uma seção periódica! Se você quer ler mais sobre, ou tem uma tática que ajudou a reduzir o tempo nas redes, me avisa? A gente se ajuda a cumprir essa meta que tanta gente listou pra 2019. :)
- Beatriz
~ tá todo mundo precisando de menos redes sociais ~
compartilhe a edição dessa semana com alguém que está precisando de umas dicas para aproveitar melhor o tempo que passa online.
e aproveita e diz que da onde vieram essas, tem mais. toda semana. é só assinar no botão lá embaixo :)
Os melhores links da semana
Realidade aumentada no Google Maps
Um vídeo do WSJ mostrando como será a experiência de navegação do Google Maps quando ela incorporar as direções diretamente à paisagem através da tela do celular. Spoiler: andar na rua com o celular apontado para frente não vai mais ser sinônimo de estar jogando Pokemon Go.
A lógica atual dos nomes de startups
Depois de passar um bom tempo se nomeando baseadas em animais, palavras inventadas, letras aleatórias e nomes próprios, parece que as startups estão adotando uma lógica mais "normal" agora.
Mais Yellow
A Yellow anunciou uma parceria com redes de farmácia, que estão se tornando hubs de bicicletas e patinetes para facilitar o acesso e os hábitos saudáveis para as pessoas. Bom e velho marketing, ou querem que a gente compre menos remédio?
Storytelling like the pros
Segundo esse artigo, "product managers and user experience designers are storytellers". E ele foi atrás das melhores práticas da melhor storyteller do mundo: a Pixar.
O impacto do Tinder
Eu li esse questionamento em um artigo há umas semanas, e desde então ele vem me inspirando muito no trabalho com marcas, especialmente de tecnologia:
"Se o seu produto for utilizado por um bilhão de pessoas, qual será o impacto no mundo?"
Esse artigo da Mashable tenta responder essa pergunta em relação ao Tinder, agora que, cinco anos depois:
- O número de "swipes" chegou a 2 bilhões por dia (era 1 bilhão em 2014)
- 800 milhões de usuários do Facebook se cadastraram no aplicativo
- No total, são 3 vezes mais matches no Tinder do que habitantes no planeta (!!!!)
- Mais de um milhão de "Tinder dates" ocorrem toda semana, no mundo
Além de ter aumentado muito a proporção de casais que se conheceram online, o artigo ousa afirmar que o Tinder pode impactar até a configuração das famílias daqui pra frente.
Isso porque as pessoas estão mais abertas a se conectarem com outras de fora do seu círculo social e do seu bairro. O que aumenta as chances de ultrapassarem barreiras culturais, sociais e raciais.
"We're keeping ourselves open to more random love connections that cut across lines of race and class and everything else that divides us. We're doing our part to keep society more open, more diverse, less stratified."