Bits to Brands #31 | Ética e percepção de marca em um mundo "autônomo"
Ética e percepção de marca em um mundo 'autônomo'
Uma pesquisa com 40 milhões de pessoas em 200+ países pediu para que elas escolhessem a consequência "menos pior" para um acidente inevitável com um carro autônomo. São atingidos os pedestres ou os passageiros? Mais jovens ou mais velhos? Homens ou mulheres?
Segue um resumo do panorama global, por comparação e por perfil de pessoa (ou pet).
De forma geral, as pessoas ""preferem"" seres humanos a animais, bebês a idosos, e procuram poupar o máximo de pessoas possível. As nuances da pesquisa e as variações regionais valem a leitura, tanto no report original quanto nesses infográficos da Folha.
A ideia do estudo era influenciar o desenvolvimento de carros autônomos, e ajudá-los a tomar decisões como humanos fariam, em caso de acidentes. Mas, será que esse tipo de decisão é possível de se programar? Porque uma coisa é analisar essa escolha calmamente em um questionário, outra é a adrenalina e a impulsividade envolvidas em uma situação real.
O que me traz ao ponto desse artigo da FastCompany: se não há 100% de previsibilidade de seres humanos em uma situação como essa, será que faz sentido que haja em carros autônomos?
E ainda, será que queremos viver em um mundo em que máquinas possuem medidas estatísticas de quem merece viver mais, às vezes com décimos de diferença entre um e outro? "O valor da vida não deveria ser determinado pelas preferências identificadas em uma pesquisa, independentemente do tamanho da amostra".
Maaas, adicionando ainda mais complexidade à questão, o fato é que carros autônomos são um futuro real, e próximo. E esses carros todos terão marcas. Desde as tradicionais Ford e Volvo, à Tesla, Waymo e diversas startups.
Essas marcas estarão circulando seus automóveis pelas ruas, e por mais que se evite, acidentes acontecem. Nesse caso, quaisquer fatalidades não serão culpa de 'uma inteligência artificial' sem nome ou identificação. Uma empresa será diretamente responsável por aquele acontecimento, aos olhos do público.
O que começa com uma questão tecnológica rapidamente se torna ética, e impacta também o posicionamento de uma marca, quando por exemplo, ela declara que seus carros priorizarão sempre o passageiro.
Então, a 'ultimate question' é: se essas marcas serão responsabilizadas por quaisquer fatalidades, elas devem definir previamente a dimensão do impacto que estão dispostas a causar - em qualquer nível? Se sim, baseadas em quê?
E nós, ao escolhermos a marca de tecnologia para confiar os nossos deslocamentos diários e a nossa integridade, decidiremos como?
E aí, o que vocês acham? O futuro, gente. Ele é tão complexo quanto fascinante. <3
- Beatriz
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"Instagrammability" se tornou critério para decidir o próximo destino - para mais de 40% das pessoas até 33 anos, segundo essa pesquisa. E uma vez definido, o Instagram influencia também quais lugares são visitados, e como eles são vivenciados.
O que poderia ser apenas uma tendência de comportamento, mas o assunto fica sério quando isso começa a afetar a qualidade de vida e a natureza em diferentes lugares do mundo. :(
[ Para ilustrar, essa sou eu durante as férias, no Chile. Quase chegando na represa Embalse El Yeso - induzida, como não poderia deixar de ser, pelas fotos que tinha visto -, a recomendação do guia foi: "Ficaremos só um pouco aqui, porque é só tirar foto e voltar, não tem muito mais o que fazer".
O lugar era tão incrível quanto prometido, mas mais incrível ainda era a quantidade de turistas (maioria brasileiros) que estava DE COSTAS para a paisagem na maior parte do tempo. Para tirar fotos, e depois voltar. Quando foi que a gente se deixou parar de ver de fato, para ver por fotos? ]