
Bits to Brands #11 | A MoviePass bateu num iceberg

A MoviePass bateu num iceberg
Essa é uma história cheia de altos, baixos e ironias do destino. Seria um material ótimo para aulas de estratégia - se não fosse verdade.
Tudo começa com Mitch Lowe, um dos fundadores da Netflix. Depois de ter facilitado que as pessoas assistissem filmes no conforto do lar, agora ele decidiu facilitar que elas vão até ao cinema (eu falei que tinha ironia). Para isso, nasceu a MoviePass.
A MoviePass é um serviço de assinatura, onde com 10 dólares por mês você pode retirar um ingresso em 91% dos cinemas dos EUA, uma vez por dia. Ou seja, se as pessoas forem ao cinema só uma vez no mês, a conta fica no zero a zero. Se alguém for todos os dias, o prejuízo para a MoviePass é grande.
Em fevereiro, o Mitch (íntimos nós) acreditava que seria capaz de dobrar a média de filmes que os americanos viam por ano - de 5, para 10. O que seria muito bom para os cinemas, e ainda geraria um pouco de lucro para ele.
Win-win, certo? Errado. No final de julho, uma instabilidade no aplicativo fez com que muitas pessoas fossem ao cinema à toa. Para depois descobrirmos que a MoviePass estava sem dinheiro para processar ingressos. Sem. Nenhum. Dinheiro.
Em maio o modelo de negócios já estava sendo questionado, por causa de um déficit de mais de 21 milhões de dólares. Aí há algumas semanas atrás, o caos se instalou, no valor das ações, customer service e nas redes sociais.
O comentário geral, dos usuários e da mídia especializada, é que era questão de tempo. O clima de desconfiança, misturado com "bom demais para ser verdade" era constante. E o uso do aplicativo não era exatamente bem regulado.. Esse baque só fez confirmar as apostas.
Mas ao contrário do que se esperava, a MoviePass não afundou - pelo menos ainda. A empresa conseguiu um empréstimo de 5 milhões de dólares para continuar operando, e anunciou mudanças no modelo de negócios, que incluem aumento de preços, e uma "espera" de duas semanas até liberar novos lançamentos.
Já que a metáfora do dia eu peguei emprestada do Titanic, isso representa os botes salva-vidas chegando para resgatar as pessoas, naquele momento em que a gente não sabe ainda qual o desfecho da história.
Além disso, em meio ao caos financeiro e de imagem, a MoviePass anunciou também que vai começar a produzir filmes (?), e o primeiro será estrelado pelo Bruce Willis (??). Isso, claro, é o equivalente aos músicos tocando violino enquanto o navio afunda.

O futuro é muito, mas muito incerto. Só posso afirmar que a MoviePass virará case de estratégia. A dica é (ironicamente) pegar uma pipoca e acompanhar se será uma volta por cima, ou um erro de rota irrecuperável.
- Beatriz
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"If you as a customer know that there’s a different way, don’t take for granted that the way it’s been done in the past is the best way.
Keep your eyes open to what consumers really want. Focus on the consumer. Focus on what the customer wants."
- Mitch Lowe, em fevereiro, quando as coisas estavam mais tranquilas
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